«Contra esta morte suspensa tivemos um punhado de homens e mulheres que gritaram não! Que souberam urdir, no silêncio das noites e dos dias, a argamassa da esperança. Foram eles que sonharam Abril, lhe deram fulgor e abriram estradas largas de futuro. Sonho fecundo mas breve, escasso para tanto sonho adiado. Mas o Portugal velho, das leiras da fome e das cepas cansadas, dos interesses, do compadrio, do latifúndio, das sotainas, do ranço caserneiro; o país moribundo das sombras rapaces do bolor salazarento, ressurgiu num cinzento Novembro. Os ex de todos os matizes reorganizaram, no lixo, as sobras putrefactas da ditadura. E veio o bloco central e o cavaquismo e o silêncio foi ganhando terreno, a tristeza voltou a toldar o rosto da multidão – a praça ficou de novo desprotegida, aberta ao saque, à vil cobiça; vieram os tecnocratas sem memória, sem cultura, grunhos serviçais às ordens do capital com sede em Berlim, Bona, Bruxelas e adjacências; vieram as golpadas, os grupos que na sombra manobram povos, sistemas e governos submissos. ...
...Destruíram os baluartes da nossa cintura industrial, a muralha de aço do nosso canto maior: Lisnave, Quimigal, Siderurgia, Sorefame, Parry & Sons, Mague, e outras, tantas outras. ..». (fonte)
Dn/Lisboa de hoje recorda o funeral do Poeta Fernando Pessoa em 1935