terça-feira, 31 de março de 2015
segunda-feira, 30 de março de 2015
Passagem do testemunho. Manchete do Diário de Notícias de Lisboa de hoje
Com a devida vénia do DN/Lisboa
Resultados eleitorais das eleições Regionais da Madeira de 2015
Foto do Estadão (S. Paulo Brasil)
sábado, 28 de março de 2015
A propósito da mudança da Hora marcada para hoje à meia-noite
"A ideia da mudança da hora é atribuída a Benjamin Franklin, inventor das lentes bifocais e do para- raios, e tinha como objetivo poupar cera de velas. Mas a proposta “Daylight savings time” ( DST), lançada em 1784, terá caído no esquecimento, tendo sido recuperada aquando da Primeira Guerra Mundial para economizar energia. Depois da Alemanha, foi a vez de os Estados Unidos e da Rússia aderirem ao novo horário. Com a crise energética de 1973, a medida começou a generalizar- se. Em 1981, foi criada uma diretiva sobre a medida na União Europeia." (fonte DN/Lisboa)
Mau tempo no Chile
Mau tempo no Chile
Veja mais Fotos no site do Estadão
quinta-feira, 26 de março de 2015
Arnaldo Matos educador da classe operária diz verdades
Escritor Luís Miguel Rocha morre aos 39 anos
PÚBLICO
Autor do best seller O Último Papa, início de uma tetralogia centrada no Vaticano, Luís Miguel Rocha morreu esta manhã em Mazarefes, Viana do Castelo, vítima de cancro
O escritor Luís Miguel Rocha, de 39 anos, autor do best seller O Último Papa(2006), morreu esta manhã, vítima de cancro, em Mazarefes, Viana do Castelo, em casa de familiares, informou a Porto Editora.
Natural do Porto, onde nasceu em Fevereiro de 1976, Luís Miguel Rocha foi repórter de imagem, tradutor e guionista, tendo começado a sua vida profissional enquanto técnico da produtora responsável pelas missas exibidas na TVI. E seria justamente a Igreja Católica, e em particular o Vaticano, com os seus alegados segredos e conspirações, que serviria de tópico ao romance que o celebrizou.
O autor, que viveu dois anos em Londres, estreara-se na ficção em 2005 com um romance centrado no Portugal do Estado Novo, Um País Encantado, quando, segundo afirmaria em diversas entrevistas, recebeu documentos inéditos, de uma fonte nunca identificada, que trariam uma nova luz sobre a morte, em 1978, do para João Paulo I, Albino Luciani, que teria sido assassinado no contexto de uma conspiração que envolvia a loja maçónica italiana P2 e cujas ramificações chegavam ao alegado atentado que vitimou Francisco Sá-Carneiro.
Luís Miguel Rocha manteve sempre a versão de que optara por escrever um romance por imposição da sua misteriosa fonte, que lhe pedira que misturasse verdade e ficção. Um dos documentos que lhe teria chegado às mãos era o diário do próprio Albino Luciani, que teria sabido pela irmã Lúcia (seria esse o verdadeiro terceiro segredo de Fátima), que viveria como papa tantos dias quantos os anos que Jesus Cristo tivera de vida terrena.
O Último Papa foi traduzido em diversas línguas, vendeu meio milhão de exemplares em todo o mundo e terá sido o primeiro romance português a chegar, nos Estados Unidos, ao top dos livros mais vendidos do jornal New York Times.
Um sucesso que levou Luís Miguel Rocha a explorar o filão do Vaticano, como Dan Brown fizera antes dele, e a publicar mais três romances relacionados com os bastidores da Cúria. Em 2007 sai A Bala Santa, que propõe uma nova tese para o atentado que João Paulo II sofreu em 1981, e ao qual sobreviveu. Segue-se A Mentira Sagrada (2011), centrado num documento que abalaria os fundamentos da fé cristã e que Bento XVI lê e oculta, como todos os papas que o antecederam, e o recente A Filha do Papa (2013), que sugere que a verdadeira razão para Pio XII não ter sido beatificado não foi o anti-semitismo, mas o (alegado) facto de ter uma filha.
Em algumas entrevistas, o escritor diz que os documentos confidenciais que recebeu, e que incluiriam uma longa lista de membros da P2, estariam hoje na posse de dois jornalistas italianos e de um inglês, que os revelariam quando achassem que o deviam fazer. Algo que até agora nenhum deles fez. (público)
A menina queque do CDS Assunção Cristas
quarta-feira, 25 de março de 2015
segunda-feira, 23 de março de 2015
AGIR faz partido mas sem precisar de assinaturas
DECISÃO Recorrendo ao já existente Partido Trabalhista Português ( PTP), com o qual já tem um acordo, o AGIR vai- se transformar em partido, aparecendo nos boletins de voto como AGIR- PTP ( ou vice- versa, não está decidido) e tendo como cabeça de lista em Lisboa a psicóloga Joana Amaral Dias, ex- dirigente e ex- deputada do BE. Ontem, em Lisboa, ativistas do AGIR aprovaram um manifesto em que se enfatiza que “as divisões entre esquerda e direita apenas nos enfraquecem”. “Agir é essa proposta: não interessa se és de esquerda, de direita, de centro, ou não te reconheces em lugar nenhum, o que interessa é a tua vontade de participar nesta rutura popular e construir uma verdadeira democracia”, lê- se no documento. O essencial do programa está centrado numa reforma do sistema político.
Fonte DN/Lisboa
Fonte DN/Lisboa
Tem nome de princesa da mitologia grega, anda de moto e conquistou Yanis Varoufakis
A artista plástica conheceu o ministro- estrela do Syriza em 2005 quando este vivia uma crise pessoal. Nunca mais se separaram. De volta a Atenas, Danae quer ter “uma vida normal”
Os que traíram o general Humberto Delgado
A "verdade" sobre Humberto Delgado tem sido "escondida" do povo "por décadas de mentira", afirmou Joe Weil, nova-iorquino de 26 anos com raízes portuguesas que escreveu e editou o livro Portugal Livre, lançado na quinta-feira, em Lisboa.
O autor considera que o Golpe de Beja, em 1 de Janeiro de 1962, teria acabado com o salazarismo e evitado a guerra colonial se os camaradas de Delgado não tivessem "conspirado" para o afastar da cidade, quando entrou clandestinamente em Portugal e andou "às voltas pelas estradas, incapaz de encontrar a base e comandar os amedrontados soldados da sua revolução". Weil é sobrinho-neto do anónimo motorista de um dos envolvidos. As conclusões a que chegou, consultando documentos e entrevistando figuras envolvidas, não poupam ninguém nesta obra polémica os velhos republicanos e o PC, a oposição do interior e a exilada, Soares e Alegre, Piteira Santos e Varela Gomes. Partindo do princípio de que a verdadeira revolução foi a campanha eleitoral de Delgado, quando o medo generalizado se "volatilizou" e, apesar de Salazar e da PIDE, as pessoas vieram para a rua manifestar-se a seu favor - "a população estava mais politizada durante a campanha de 58 do que antes do golpe de 74" -, Weil interroga-se sobre o motivo pelo qual as outras correntes oposicionistas não apoiaram posteriormente o líder mais popular da luta contra o fascismo.(fonte)http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=635100
Rosa Casaco, o chefe da brigada da PIDE que assassinou Humberto Delgado, quebrou o silêncio de uma vida em 1998: depois de dois anos de diligências do Expresso, contou a sua versão da morte do "general sem medo", numa fase em que era procurado em todo o mundo pela polícia. Rosa Casaco morreu em 2006, aos 91 anos. No dia em que passam 50 anos desde a morte de Humberto Delgado, o site do Expresso recupera uma entrevista histórica publicada originalmente a 21 de fevereiro de 1998.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/como-matamos-humberto-delgado=f910084#ixzz3VFvxUhDu
Portugal - Biógrafo: Julgamento da PIDE foi a "segunda morte" de Humberto Delgado
Rosa Casaco, o chefe da brigada da PIDE que assassinou Humberto Delgado, quebrou o silêncio de uma vida em 1998: depois de dois anos de diligências do Expresso, contou a sua versão da morte do "general sem medo", numa fase em que era procurado em todo o mundo pela polícia. Rosa Casaco morreu em 2006, aos 91 anos. No dia em que passam 50 anos desde a morte de Humberto Delgado, o site do Expresso recupera uma entrevista histórica publicada originalmente a 21 de fevereiro de 1998.
Jornal da Madeira edição 03/22/2015
Portugal - Biógrafo: Julgamento da PIDE foi a "segunda morte" de Humberto Delgado
Cinquenta anos após o assassinato de Humberto Delgado, em Espanha, o seu biógrafo e neto defende que o opositor a Salazar teve uma segunda morte, em 1981, quando foi proferido o acórdão que ilibou as chefias do Estado Novo.
"Não se fez justiça. Humberto Delgado, quando foi proferido o acórdão do Tribunal de Santa Clara [Tribunal Militar], em plena democracia, teve a sua segunda morte, foi a segunda morte de Humberto Delgado", afirmou à agência Lusa Frederico Delgado Rosa, biógrafo, historiador e neto de Humberto Delgado.
A 13 de fevereiro de 1965, Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos foram assassinados perto de Badajoz, por uma brigada da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) chefiada por Rosa Casaco, que o atraiu a este local convencido de que se ia encontrar com militares oposicionistas.
Contudo, perante a Justiça, "o verdadeiro objetivo da Operação Outono [nome de código da armadilha da PIDE] era apenas o rapto e prisão do general" e o seu homicídio, às mãos de Casimiro Monteiro (elemento da brigada de Rosa Casaco), foi uma derrapagem aos planos estabelecidos.
"Há mais de 25 anos [desde 1981] que vivemos uma mentira (...) sobre o assassinato do 'general sem medo'. Os juízes do Tribunal de Santa Clara conseguiram impregnar a opinião pública portuguesa (...) no sentido de que Humberto Delgado teria sido morto a tiro [mas] isso é mentira", disse Frederico Rosa.
Referindo que o processo judicial inocentou a hierarquia superior da PIDE, com a exceção do autor material do crime, Casimiro Monteiro, o biógrafo considerou que houve uma "distorção da verdade material do crime, porque Humberto Delgado não foi morto a tiro mas sim brutalmente espancado até à morte".
"É importante que as pessoas se compenetrem que isto não é apenas um pormenor, é uma questão de fundo porque tem implicações ao nível da ilibação da própria figura de [António Oliveira] Salazar", sustentou em declarações à Lusa.
Para Frederico Rosa, está em causa o assassinato "não ter sido um impulso homicida repentino" associado a um disparo, e em que "os outros elementos da brigada já não podiam fazer nada, ou uma morte que não foi imediata nem repentina mas que foi um processo muito violento, com uma extensão no tempo, em que os outros elementos da brigada não fizeram nada para o impedir".
"Todos estavam implicados, nomeadamente o famigerado Rosa Casaco, que foi ilibado pela Justiça, e por aí subindo na hierarquia toda até chegar à figura de Salazar", assinalou.
Oliveira Salazar instaurou um regime ditatorial em Portugal que durou 48 anos do século XX, sendo derrubado em 1974.
Humberto Delgado estudou aeronáutica, foi adido militar de Portugal, em Washington, além de membro do comité dos representantes da Associação do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês). Em 1958, ao aceitar o convite da oposição para ser candidato presidencial desafia o regime e recolhe apoios em todo o país através de manifestações, seguidas de perto e reprimidas pela PIDE.
Na biografia do general, Frederico Rosa realça que "nenhum candidato presidencial da oposição foi às urnas antes de Humberto Delgado -- e depois dele o regime aboliu o sufrágio direto para a chefia do Estado".
"Em 48 anos de ditadura, o seu nome sobressai não apenas como líder da oposição, mas como líder plebiscitado nas ruas de Portugal e até mesmo nos números oficiais da fraude eleitoral, que lhe atribuíram, apesar de tudo, um resultado de 23,5%", lê-se no livro.
Na biografia de mais de mil páginas, que será agora reeditada, Frederico Delgado escreve: "Como é evidente, há uma leitura política a fazer do acórdão de Santa Clara, porquanto essa desresponsabilização subia forçosamente de grau em grau, na hierarquia da PIDE, começando em Rosa Casaco , logo seguido do seu superior, Álvaro Pereira de Carvalho, depois Barbieri Cardoso e finalmente Fernando Silva Pais, até chegar ao próprio Salazar e sem esquecer o ministro do Interior, Alfredo Santos Júnior". (fonte)
domingo, 22 de março de 2015
Colombo, um D. Quixote que chegou à América desafiando a Geografia e a História.
Independentemente da ignorância da geografia e da ciência náutica e da sua teimosa insistência em invocar a Bíblia e Ptolomeu em defesa de um projecto irresponsável, a chegada de Colombo a um Novo Mundo foi um acontecimento que alterou profundamente a História da Humanidade.
Li alguns livros dedicados a Cristóvão Colombo. Sobre ele autores de muitas nacionalidades, historiadores, ensaístas, romancistas, cineastas, jornalistas e aventureiros das letras escreveram obras de valor muito desigual. A minoria sérias, a maioria textos sensacionalistas.
Está hoje provado que Cristóforo Colombo, seu nome de batismo, nasceu em Génova em 1451. Mas se há certeza quanto ao ano há dúvidas sobre o dia e o mês. Adolescente, foi tecelão como o avô e o pai.
A polémica envolve também a própria nacionalidade. Autores em busca de notoriedade afirmam que nasceu em Portugal; para outros era catalão, corso, inglês, suíço, ou, pasme-se, polaco. Um escritor português, de escasso talento, mas traduzido em mais de uma dezena de línguas, retomou num romance (que inspirou um filme) a tese da origem lusitana.
Meio milénio transcorrido desde a sua morte, os atos e a personalidade de Colombo, longe de gerar consensos, desencadeiam polémicas.
Fases da sua vida estão bem iluminadas, alternando com outras envolvidas em densa neblina.
Sabe-se pela sua correspondência e por textos de Fernando - seu filho e biógrafo- que aos 22 anos optou por ser marinheiro. Primeiro no Mediterrâneo, depois no Atlântico. A paixão pela aventura nasceu da paixão pela História e pela Geografia, deformando-as. A Bíblia era a sua referência, e o fascínio que sentia pelos Profetas do antigo testamento acompanhá-lo-ia pela vida adiante.
As conceções geográficas de Ptolomeu tinham já perdido credibilidade, desmentidas pelos cartógrafos italianos e portugueses, mas não para Colombo. Uma estranha fusão de profecias hebraicas e de opiniões disparatadas de Ptolomeu contribuiu para dar gradualmente forma a uma ideia absurda. Acreditou que, navegando para Ocidente, era possível atingir Catay (a China) e Cipango (o Japão). Essa convicção adquiriu caracter obsessivo nos anos em que residiu em Portugal, sobretudo em Porto Santo e na Madeira. Foi fonte de um projeto tresloucado.
Um dos biógrafos sérios de Colombo, o historiador soviético Iakov Svet, dedica atenção a um tema que tem gerado controvérsia: o seu saber náutico.
Colombo aprendeu muito com os portugueses. Viajou até à Guiné, à Inglaterra e à Irlanda. Mas não há provas de que tenha visitado a Islândia e navegado no Oceano Ártico. O que escreveu a esse respeito carece de credibilidade.
Registe-se que os vikings tinham chegado ao Continente Americano no século X. Dessa aventura restam vestígios de um povoado em L’Anse aux Meadows, na Terra Nova, património da Humanidade.
Como marinheiro, Colombo tinha intuição. Conhecia o regime dos ventos atlânticos e as correntes oceânicas. Mas manejava mal os instrumentos náuticos da época; não tinha a noção das distâncias. Pinzon, o imediato na primeira viagem, comandante da Pinta, navegador veterano, chamou-lhe desencaminhador de longitudes e latitudes.
Grande leitor de obras pseudocientíficas, o seu livro de cabeceira foi o Imago Mundi,de Petros de Aliaco, um geógrafo italiano que sustentava como Ptolomeu que a superfície dos mares do planeta era muito inferior à das terrestres, a massa continental Euroasiática e africana.
Extraía daí a conclusão de que a distância a percorrer para se atingir a China e a Índia – conhecia o Livro de Marco Polo – seria muitíssimo menor do que afirmavam os cartógrafos portugueses.
Os cálculos que submeteu a D Joao II, na esperança de que o monarca português financiasse o seu projeto, estavam obviamente errados. Um erro de muitos milhares de milhas marítimas, como a viagem de circunavegação de Fernão de Magalhães (1519/1522) demonstraria. A Junta de Matemáticos do rei concluiu que o projeto carecia de base cientifica; foi rejeitado.
Tentou então obter em Espanha o que não conseguira em Portugal.
Durante sete anos de peregrinação por Castela acompanhou a corte itinerante dos reis Católicos. Tenaz, acabou por ser recebido em audiência pela rainha Isabel após a conquista de Granada. E a sorte, finalmente, favoreceu-o.
Apresentou o seu projeto e a rainha, após alguma hesitação, aprovou-o. Saiu de Palos, na Andaluzia, com duas caravelas e uma nau, rumo ao Ocidente.
Talvez por ser cética quanto ao êxito de Colombo, Isabel aceitou as suas enormes exigências: nomeou-o Almirante do Mar Oceano e vice-rei das terras a descobrir, com direito a colossais recompensas futuras.
Isabel era tão ignorante em História quanto o audaz genovês. Atendendo a uma sugestão de Colombo, escreveu uma carta ao Grão Khan. Ambos desconheciam que o império edificado por Gengis Khan se desmoronara há mais de um século e que o ultimo imperador mongol fora derrubado na China em 1368.
Sobre a primeira viagem de Colombo foram escritas milhares de páginas. O original do seu Diário de Bordo perdeu-se assim como eventuais cópias. Frei Bartolomé de las Casas editou uma versão, décadas após a sua morte, mas introduziu no texto alterações.
A travessia do Atlântico foi rápida. Saiu de Espanha a 3 de agosto de 1492, das Canárias a 6 de Setembro, e chegou a Guanahin, nas Bahamas, a 12 de Outubro. A brevidade da viagem contribuiu para que Colombo insistisse numa visão do mundo nascida de tremendos erros geográficos. Acreditou que aquelas ilhas estavam muito próximas da India e da China.
Não hesitou em chamar índios aos indígenas nus que encontrou nas Bahamas, e depois em Cuba e na Espanhola (hoje Haiti e Republica Dominicana). E a palavra ficou.
Mas as terras que descobrira do outro lado do Atlântico em vez de proporcionarem à Coroa espanhola ouro e outras riquezas foram para ela um sorvedouro de dinheiro, túmulo de soldados e marinheiros.
A glória do Almirante do Mar Oceano durou pouco. O balanço da segunda viagem foi pior do que o da primeira. Não encontrou minas de ouro e dos 39 companheiros que deixara no forte erguido na Espanhola não encontrou um só vivo no regresso.
A rainha recebeu-o com frieza.
A terceira viagem foi desastrosa. Principiou bem. Ancorou os navios no estuário do Orenoco, na atual Venezuela, sem se aperceber de que chegara a terras de um continente.
A água trazida pelo rio era ali doce em pleno mar pelo que concluiu ter chegado ao Paraíso, berço, segundo a Bíblia, dos grandes rios. Em carta aos Reis Católicos evocou mais uma vez Ptolomeu segundo o qual o Hemisfério Ocidental podia ter a forma do pedúnculo de uma pera.
Ao chegar à Espanhola, Bobadilla, um juiz enviado por Isabel, acusou-o de corrupção e responsabilizou-o por escravizar índios; foi um percursor do genocídio dos ameríndios. Voltou a Espanha em 1500, preso, com cadeias nos pés.
Na Europa sabia-se que Vasco da Gama, pela rota do Índico tinha chegado a Calicut. As armadas portuguesas regressavam da India carregadas de especiarias. Pedro Alvares Cabral atingira o Brasil em l500 e, pelo disposto no Tratado de Tordesilhas, uma parte do continente sul-americano pertencia a Portugal.
O rumo da Historia desmentira e ridicularizara as conceções geográficas de Colombo.
Mas, caído em desgraça, revogados os seus títulos- exceto o de almirante- e privilégios, continuava a sustentar, desafiando a ciência, que as terras por ele descobertas no Atlântico Ocidental eram vizinhas da China e da India.
Viveu em Castela modestamente durante quase dois anos. Foi então que escreveu o Livro das Profecias O original dessa obra inacabada perdeu-se, tal como Diário. Sabe-se que resvalara para um misticismo atípico. Recorria sempre aos profetas bíblicos e a Ptolomeu numa tentativa de justificar as suas teses sobre o Novo Mundo. Inspirado pela Santíssima Trindade, Colombo atribuía aos reis Católicos a missão divina de libertar Jerusalém.
Sonhava com uma nova viagem para chegar, afirma, ao Quersoneso Áureo (antiga colónia grega na Crimeia), a Calecut na India, e à Arábia Feliz (o Iémen). Esse desabafo é, como outros, revelador da sua ignorância da História e da Geografia.
Perguntam os historiadores o que terá levado Isabel a confiar a Colombo quatro navios para uma quarta viagem?
Milhares de espanhóis haviam emigrado na época para a Espanhola e para a grande ilha de Cuba. Trocavam a Espanha empobrecida por um futuro de aventura incerto. A rainha terá talvez admitido que nas terras de além Atlântico que pertenciam à coroa de Castela as riquezas acabariam por aparecer.
Mas a tarefa de Colombo, desta vez, era muito modesta. Cabia-lhe somente realizar novos descobrimentos. Estava expressamente proibido de entrar em águas da Espanhola, salvo em caso de força maior.
Ao Papa Alexandre VI dirigiu, antes de partir, uma carta que, pela insensatez, trás à memoria discursos do Quixote dirigindo-se a Sancho.
«Ganhei – escreveu - mil e quatrocentas ilhas e trezentas e trinta léguas de terra firme na Ásia (referia-se a Cuba), sem contar outras ilhas famosíssimas, grandes e numerosas, situadas a leste da Espanhola. Estas ilhas são Társis, Cethia, Ofir, Onofray e Cipango».
Espantosa confusão. Colocava ao lado da Espanhola quatro lendários países bíblicos e o Japão de Marco Polo.
Na quarta e última viagem, Colombo estava persuadido de que iria navegar por mares que banhavam a India e a Etiópia, regiões que, aliás, se situavam na zona de expansão atribuída pelo Vaticano a Portugal. Mitómano, esperava regressar a Espanha pelo Índico, dando a volta ao mundo.
A travessia foi rápida. O irmão Bartolomeu e o filho bastardo, Fernando, integravam a expedição. Dois meses depois de zarpar de Sevilha, a frota chegou à Martinica. E, desobedecendo às instruções recebidas, pediu licença a Ovando, então governador da Espanhola para entrar na cidade de Santo Domingo, a nova capital. O pedido foi recusado, mas, apesar disso fundeou próximo da cidade para evitar um furacão.
Navegou depois pelo litoral sul de Cuba e inflectiu para sudoeste. A 30 de Julho os navios ancoraram em frente a uma serrania, numa terra desconhecida. Estava nas atuais Honduras, mas não percebeu que aquela terra era parte de um continente. Conduziu os navios até um golfo a sul da Peninsula do Yucatan.
A sorte foi lhe adversa. Se tivesse prosseguido viagem para o Norte teria chegado a áreas habitadas pelos maias e entrado em contato com uma das grandes civilizações do Continente, quase um quarto de século antes de Grijalbo e Hernan Cortés.
Mas inverteu o rumo e navegou ao longo das costas da Nicarágua, da Costa Rica e do Panamá.
Numa carta aos reis declarou que, segundo os índios de Ciguare (Panamá) esse lugar distava «dez jornadas do rio Ganges».
O enorme disparate tem uma explicação. O intérprete hondurenho abandonara a expedição e Colombo entendia-se por gestos com os índios, inventando o que não compreendia.
Após alguns dias de descanso na baia da atual Nombre de Dios, a expedição assumiu contornos de pesadelo. As caravelas estavam em péssimo estado; as tripulações (quase 150 homens) sofriam de muitas doenças. A fome era tamanha que chegaram a comer as larvas que infestavam o biscoito apodrecido. Os navios permaneceram no estuário do rio Belén durante cem dias.
Colombo, muito debilitado pela gota e pelas febres, tinha estanhas visões. Num texto que lhe sobreviveu relata os seus monólogos com Deus, cita Moisés, David, a fuga do Egipto, Abrão e Isaac.
Um dos navios foi desmantelado. O almirante seguiu com os outros três para a Jamaica em meados de Abril de 1503. Não acabaram ai as suas desditas. As caravelas, podres, não estavam em condições de percorrer as 108 milhas que separavam a frota da Espanhola. A tripulação dividiu-se. Uma fação liderada por Diego Porras amotinou-se e atacou Colombo e os marinheiros que o apoiavam.
Um amigo do genovês enviado a Santo Domingo num escaler voltou numa caravela onde embarcaram o almirante e os seus companheiros, incluindo os homens de Porras. A travessia, devido a tempestades, durou seis semanas.
Colombo foi mal recebido pelo governador Ovando que libertou os promotores do motim.
Negou ao almirante mantimentos e navios para regressar a Castela. Após negociações morosas, Colombo conseguiu alugar à sua custa uma pequena caravela mas nela couberam apenas, para a larga viagem, 20 homens. Os restantes ficaram em Santo Domingo. O barco chegou a San Lucar de Barrameda a 7 de novembro de 1504. Dois anos, cinco meses e vinte e oito dias durou a expedição que teve facetas de tragédia grega.
A rainha Isabel faleceu duas semanas após o seu regresso a Espanha. Fernando, que assumiu a regência de Castela, desprezava o almirante. Concedeu-lhe uma pensão humilhante, mas ignorou as suas reivindicações sobre dívidas da Coroa relativas aos seus serviços.
Morreu em Valladolid, em maio de 1506, amargurado, mas convicto de que tinha chegado muito próximo da China e da India.
O rei não se fez representar no seu discreto funeral.
A polémica envolve também a própria nacionalidade. Autores em busca de notoriedade afirmam que nasceu em Portugal; para outros era catalão, corso, inglês, suíço, ou, pasme-se, polaco. Um escritor português, de escasso talento, mas traduzido em mais de uma dezena de línguas, retomou num romance (que inspirou um filme) a tese da origem lusitana.
Meio milénio transcorrido desde a sua morte, os atos e a personalidade de Colombo, longe de gerar consensos, desencadeiam polémicas.
Fases da sua vida estão bem iluminadas, alternando com outras envolvidas em densa neblina.
Sabe-se pela sua correspondência e por textos de Fernando - seu filho e biógrafo- que aos 22 anos optou por ser marinheiro. Primeiro no Mediterrâneo, depois no Atlântico. A paixão pela aventura nasceu da paixão pela História e pela Geografia, deformando-as. A Bíblia era a sua referência, e o fascínio que sentia pelos Profetas do antigo testamento acompanhá-lo-ia pela vida adiante.
As conceções geográficas de Ptolomeu tinham já perdido credibilidade, desmentidas pelos cartógrafos italianos e portugueses, mas não para Colombo. Uma estranha fusão de profecias hebraicas e de opiniões disparatadas de Ptolomeu contribuiu para dar gradualmente forma a uma ideia absurda. Acreditou que, navegando para Ocidente, era possível atingir Catay (a China) e Cipango (o Japão). Essa convicção adquiriu caracter obsessivo nos anos em que residiu em Portugal, sobretudo em Porto Santo e na Madeira. Foi fonte de um projeto tresloucado.
Um dos biógrafos sérios de Colombo, o historiador soviético Iakov Svet, dedica atenção a um tema que tem gerado controvérsia: o seu saber náutico.
Colombo aprendeu muito com os portugueses. Viajou até à Guiné, à Inglaterra e à Irlanda. Mas não há provas de que tenha visitado a Islândia e navegado no Oceano Ártico. O que escreveu a esse respeito carece de credibilidade.
Registe-se que os vikings tinham chegado ao Continente Americano no século X. Dessa aventura restam vestígios de um povoado em L’Anse aux Meadows, na Terra Nova, património da Humanidade.
Como marinheiro, Colombo tinha intuição. Conhecia o regime dos ventos atlânticos e as correntes oceânicas. Mas manejava mal os instrumentos náuticos da época; não tinha a noção das distâncias. Pinzon, o imediato na primeira viagem, comandante da Pinta, navegador veterano, chamou-lhe desencaminhador de longitudes e latitudes.
Grande leitor de obras pseudocientíficas, o seu livro de cabeceira foi o Imago Mundi,de Petros de Aliaco, um geógrafo italiano que sustentava como Ptolomeu que a superfície dos mares do planeta era muito inferior à das terrestres, a massa continental Euroasiática e africana.
Extraía daí a conclusão de que a distância a percorrer para se atingir a China e a Índia – conhecia o Livro de Marco Polo – seria muitíssimo menor do que afirmavam os cartógrafos portugueses.
Os cálculos que submeteu a D Joao II, na esperança de que o monarca português financiasse o seu projeto, estavam obviamente errados. Um erro de muitos milhares de milhas marítimas, como a viagem de circunavegação de Fernão de Magalhães (1519/1522) demonstraria. A Junta de Matemáticos do rei concluiu que o projeto carecia de base cientifica; foi rejeitado.
Tentou então obter em Espanha o que não conseguira em Portugal.
Durante sete anos de peregrinação por Castela acompanhou a corte itinerante dos reis Católicos. Tenaz, acabou por ser recebido em audiência pela rainha Isabel após a conquista de Granada. E a sorte, finalmente, favoreceu-o.
Apresentou o seu projeto e a rainha, após alguma hesitação, aprovou-o. Saiu de Palos, na Andaluzia, com duas caravelas e uma nau, rumo ao Ocidente.
Talvez por ser cética quanto ao êxito de Colombo, Isabel aceitou as suas enormes exigências: nomeou-o Almirante do Mar Oceano e vice-rei das terras a descobrir, com direito a colossais recompensas futuras.
Isabel era tão ignorante em História quanto o audaz genovês. Atendendo a uma sugestão de Colombo, escreveu uma carta ao Grão Khan. Ambos desconheciam que o império edificado por Gengis Khan se desmoronara há mais de um século e que o ultimo imperador mongol fora derrubado na China em 1368.
Sobre a primeira viagem de Colombo foram escritas milhares de páginas. O original do seu Diário de Bordo perdeu-se assim como eventuais cópias. Frei Bartolomé de las Casas editou uma versão, décadas após a sua morte, mas introduziu no texto alterações.
A travessia do Atlântico foi rápida. Saiu de Espanha a 3 de agosto de 1492, das Canárias a 6 de Setembro, e chegou a Guanahin, nas Bahamas, a 12 de Outubro. A brevidade da viagem contribuiu para que Colombo insistisse numa visão do mundo nascida de tremendos erros geográficos. Acreditou que aquelas ilhas estavam muito próximas da India e da China.
Não hesitou em chamar índios aos indígenas nus que encontrou nas Bahamas, e depois em Cuba e na Espanhola (hoje Haiti e Republica Dominicana). E a palavra ficou.
Mas as terras que descobrira do outro lado do Atlântico em vez de proporcionarem à Coroa espanhola ouro e outras riquezas foram para ela um sorvedouro de dinheiro, túmulo de soldados e marinheiros.
A glória do Almirante do Mar Oceano durou pouco. O balanço da segunda viagem foi pior do que o da primeira. Não encontrou minas de ouro e dos 39 companheiros que deixara no forte erguido na Espanhola não encontrou um só vivo no regresso.
A rainha recebeu-o com frieza.
A terceira viagem foi desastrosa. Principiou bem. Ancorou os navios no estuário do Orenoco, na atual Venezuela, sem se aperceber de que chegara a terras de um continente.
A água trazida pelo rio era ali doce em pleno mar pelo que concluiu ter chegado ao Paraíso, berço, segundo a Bíblia, dos grandes rios. Em carta aos Reis Católicos evocou mais uma vez Ptolomeu segundo o qual o Hemisfério Ocidental podia ter a forma do pedúnculo de uma pera.
Ao chegar à Espanhola, Bobadilla, um juiz enviado por Isabel, acusou-o de corrupção e responsabilizou-o por escravizar índios; foi um percursor do genocídio dos ameríndios. Voltou a Espanha em 1500, preso, com cadeias nos pés.
Na Europa sabia-se que Vasco da Gama, pela rota do Índico tinha chegado a Calicut. As armadas portuguesas regressavam da India carregadas de especiarias. Pedro Alvares Cabral atingira o Brasil em l500 e, pelo disposto no Tratado de Tordesilhas, uma parte do continente sul-americano pertencia a Portugal.
O rumo da Historia desmentira e ridicularizara as conceções geográficas de Colombo.
Mas, caído em desgraça, revogados os seus títulos- exceto o de almirante- e privilégios, continuava a sustentar, desafiando a ciência, que as terras por ele descobertas no Atlântico Ocidental eram vizinhas da China e da India.
Viveu em Castela modestamente durante quase dois anos. Foi então que escreveu o Livro das Profecias O original dessa obra inacabada perdeu-se, tal como Diário. Sabe-se que resvalara para um misticismo atípico. Recorria sempre aos profetas bíblicos e a Ptolomeu numa tentativa de justificar as suas teses sobre o Novo Mundo. Inspirado pela Santíssima Trindade, Colombo atribuía aos reis Católicos a missão divina de libertar Jerusalém.
Sonhava com uma nova viagem para chegar, afirma, ao Quersoneso Áureo (antiga colónia grega na Crimeia), a Calecut na India, e à Arábia Feliz (o Iémen). Esse desabafo é, como outros, revelador da sua ignorância da História e da Geografia.
Perguntam os historiadores o que terá levado Isabel a confiar a Colombo quatro navios para uma quarta viagem?
Milhares de espanhóis haviam emigrado na época para a Espanhola e para a grande ilha de Cuba. Trocavam a Espanha empobrecida por um futuro de aventura incerto. A rainha terá talvez admitido que nas terras de além Atlântico que pertenciam à coroa de Castela as riquezas acabariam por aparecer.
Mas a tarefa de Colombo, desta vez, era muito modesta. Cabia-lhe somente realizar novos descobrimentos. Estava expressamente proibido de entrar em águas da Espanhola, salvo em caso de força maior.
Ao Papa Alexandre VI dirigiu, antes de partir, uma carta que, pela insensatez, trás à memoria discursos do Quixote dirigindo-se a Sancho.
«Ganhei – escreveu - mil e quatrocentas ilhas e trezentas e trinta léguas de terra firme na Ásia (referia-se a Cuba), sem contar outras ilhas famosíssimas, grandes e numerosas, situadas a leste da Espanhola. Estas ilhas são Társis, Cethia, Ofir, Onofray e Cipango».
Espantosa confusão. Colocava ao lado da Espanhola quatro lendários países bíblicos e o Japão de Marco Polo.
Na quarta e última viagem, Colombo estava persuadido de que iria navegar por mares que banhavam a India e a Etiópia, regiões que, aliás, se situavam na zona de expansão atribuída pelo Vaticano a Portugal. Mitómano, esperava regressar a Espanha pelo Índico, dando a volta ao mundo.
A travessia foi rápida. O irmão Bartolomeu e o filho bastardo, Fernando, integravam a expedição. Dois meses depois de zarpar de Sevilha, a frota chegou à Martinica. E, desobedecendo às instruções recebidas, pediu licença a Ovando, então governador da Espanhola para entrar na cidade de Santo Domingo, a nova capital. O pedido foi recusado, mas, apesar disso fundeou próximo da cidade para evitar um furacão.
Navegou depois pelo litoral sul de Cuba e inflectiu para sudoeste. A 30 de Julho os navios ancoraram em frente a uma serrania, numa terra desconhecida. Estava nas atuais Honduras, mas não percebeu que aquela terra era parte de um continente. Conduziu os navios até um golfo a sul da Peninsula do Yucatan.
A sorte foi lhe adversa. Se tivesse prosseguido viagem para o Norte teria chegado a áreas habitadas pelos maias e entrado em contato com uma das grandes civilizações do Continente, quase um quarto de século antes de Grijalbo e Hernan Cortés.
Mas inverteu o rumo e navegou ao longo das costas da Nicarágua, da Costa Rica e do Panamá.
Numa carta aos reis declarou que, segundo os índios de Ciguare (Panamá) esse lugar distava «dez jornadas do rio Ganges».
O enorme disparate tem uma explicação. O intérprete hondurenho abandonara a expedição e Colombo entendia-se por gestos com os índios, inventando o que não compreendia.
Após alguns dias de descanso na baia da atual Nombre de Dios, a expedição assumiu contornos de pesadelo. As caravelas estavam em péssimo estado; as tripulações (quase 150 homens) sofriam de muitas doenças. A fome era tamanha que chegaram a comer as larvas que infestavam o biscoito apodrecido. Os navios permaneceram no estuário do rio Belén durante cem dias.
Colombo, muito debilitado pela gota e pelas febres, tinha estanhas visões. Num texto que lhe sobreviveu relata os seus monólogos com Deus, cita Moisés, David, a fuga do Egipto, Abrão e Isaac.
Um dos navios foi desmantelado. O almirante seguiu com os outros três para a Jamaica em meados de Abril de 1503. Não acabaram ai as suas desditas. As caravelas, podres, não estavam em condições de percorrer as 108 milhas que separavam a frota da Espanhola. A tripulação dividiu-se. Uma fação liderada por Diego Porras amotinou-se e atacou Colombo e os marinheiros que o apoiavam.
Um amigo do genovês enviado a Santo Domingo num escaler voltou numa caravela onde embarcaram o almirante e os seus companheiros, incluindo os homens de Porras. A travessia, devido a tempestades, durou seis semanas.
Colombo foi mal recebido pelo governador Ovando que libertou os promotores do motim.
Negou ao almirante mantimentos e navios para regressar a Castela. Após negociações morosas, Colombo conseguiu alugar à sua custa uma pequena caravela mas nela couberam apenas, para a larga viagem, 20 homens. Os restantes ficaram em Santo Domingo. O barco chegou a San Lucar de Barrameda a 7 de novembro de 1504. Dois anos, cinco meses e vinte e oito dias durou a expedição que teve facetas de tragédia grega.
A rainha Isabel faleceu duas semanas após o seu regresso a Espanha. Fernando, que assumiu a regência de Castela, desprezava o almirante. Concedeu-lhe uma pensão humilhante, mas ignorou as suas reivindicações sobre dívidas da Coroa relativas aos seus serviços.
Morreu em Valladolid, em maio de 1506, amargurado, mas convicto de que tinha chegado muito próximo da China e da India.
O rei não se fez representar no seu discreto funeral.
***
Transcorridos cinco séculos, a celebridade que lhe negaram na sua época envolve o nome de Cristóvão Colombo.
Sobre o Almirante do Mar Oceano foram escritos centenas de livros. Mas o julgamento do homem e do navegador pelos historiadores não é consensual. Para uns foi um génio merecedor da gratidão da Humanidade; para outros um aventureiro ambicioso bafejado pela sorte.
Independentemente da ignorância da geografia e da ciência náutica e da sua teimosa insistência em invocar a Bíblia e Ptolomeu em defesa de um projeto irresponsável, a sua chegada a um Novo Mundo foi um acontecimento que alterou profundamente a História da Humanidade.
Mas o nome pelo qual ficou conhecido o Continente fronteiro à Europa não é o seu. Foi um escritor da Lorena, Martin Waldseemuller, que ao ler uma carta de Américo Vespúcio lhe deu o nome de América «em honra do sábio que a descobriu». Duplo e lamentável engano. O navegador florentino não foi um sábio e limitou-se percorrer áreas do litoral do continente; a carta era, aliás, uma falsificação.
Mas a palavra América passou a correr mundo e ficou.
O de Colombo é hoje apenas o de um país da América do Sul, o de uma província do Canadá e da capital do Sri Lanka.
Não é fácil qualificar o homem Cristóvão Colombo.
Vejo nesse cavaleiro da utopia um ser fascinante e contraditório que me faz recordar Don Quijote de la Mancha, o herói de Cervantes.
Transcorridos cinco séculos, a celebridade que lhe negaram na sua época envolve o nome de Cristóvão Colombo.
Sobre o Almirante do Mar Oceano foram escritos centenas de livros. Mas o julgamento do homem e do navegador pelos historiadores não é consensual. Para uns foi um génio merecedor da gratidão da Humanidade; para outros um aventureiro ambicioso bafejado pela sorte.
Independentemente da ignorância da geografia e da ciência náutica e da sua teimosa insistência em invocar a Bíblia e Ptolomeu em defesa de um projeto irresponsável, a sua chegada a um Novo Mundo foi um acontecimento que alterou profundamente a História da Humanidade.
Mas o nome pelo qual ficou conhecido o Continente fronteiro à Europa não é o seu. Foi um escritor da Lorena, Martin Waldseemuller, que ao ler uma carta de Américo Vespúcio lhe deu o nome de América «em honra do sábio que a descobriu». Duplo e lamentável engano. O navegador florentino não foi um sábio e limitou-se percorrer áreas do litoral do continente; a carta era, aliás, uma falsificação.
Mas a palavra América passou a correr mundo e ficou.
O de Colombo é hoje apenas o de um país da América do Sul, o de uma província do Canadá e da capital do Sri Lanka.
Não é fácil qualificar o homem Cristóvão Colombo.
Vejo nesse cavaleiro da utopia um ser fascinante e contraditório que me faz recordar Don Quijote de la Mancha, o herói de Cervantes.
Serpa e Vila Nova de Gaia, Fevereiro de 2015 (fonte)
Coelho com Quim Barreiros na vila de Machico
sábado, 21 de março de 2015
Faleceu o grande maritimista e Homem de esquerda Isaque Ladeira
Faleceu Isaque Ladeira
Isaque Ladeira faleceu este sábado. O desporto madeirense perde uma das suas grandes referências, homem que se destacou ao serviço do Marítimo, embora tenha passado também por outros clubes, como o Nacional, Sporting da Madeira e Portosantense, cotando-se como um dos melhores futebolistas da sua geração, nos anos 60/70. Esteve ainda em relevo no papel de treinador durante vários anos.
Isaque Ladeira continuava ligado à família verde-rubra, nomeadamente em convívios com os veteranos da colectividade, clube do qual era adepto incondicional. (diário)
Grande choque para a família maritimista: Isaque Ladeira, que começou a sua brilhantíssima carreira de futebolista nas camadas jovens do Marítimo, acaba de nos deixar.
De polivalência notável, Isaque vestiu a camisola do Marítimo 307 vezes, como defesa, médio e atacante - com 115 golos marcados para as suas cores, o último dos quais em Março de 1973, para o Campeonato da Madeira, contra o Nacional.
De polivalência notável, Isaque vestiu a camisola do Marítimo 307 vezes, como defesa, médio e atacante - com 115 golos marcados para as suas cores, o último dos quais em Março de 1973, para o Campeonato da Madeira, contra o Nacional.
Isaque continuava ligado ao seu clube de sempre participando no almoço mensal de antigos jogadores e dirigentes.
Ficámos sem palavras e em choque ao sabermos da triste notícia, há instantes. Isaque faria 68 anos no próximo dia 26 de Abril.
Os nossos sentimentos à família do nosso eterno companheiro de equipa e grande Amigo das boas e más horas. (ver Fénix do atlantico)
quinta-feira, 19 de março de 2015
BALLET ROSE (Escândalo que abalou o Estado Novo). Conheça a História...
No final dos anos 60 rebentou em Portugal um escândalo sexual, envolvendo políticos poderosos do Regime do Estado Novo, prostitutas e filhas de prostitutas, meninas muito jovens, de 8 , 9 , 10 anos, que eram entregues pelas mães para se prostituirem com vários dignitários do Regime
Ficou na história conhecido como o "Rallet Rose"
Como se sabe , em 1967 rebentou um escândalo de abuso sexual de meninas, algumas com 8 e 9 anos, por parte de gente muito influente do Regime do Estado Novo.
Além de Condes, Marqueses, estavam implicados industriais, empresários e um Ministro do Governo de Salazar. O Correia de Oliveira (ministro da Economia)
A PJ prendeu a modista Genoveva, encontrou uma lista com os clientes das meninas.
Uma das raparigas foi à PJ , na companhia do advogado Dr. Fernando Pires de Lima e contou tudo o que sabia.
Um escândalo !
O Poder quis que o advogado se afastasse. Mas este assumiu a defesa da rapariga.
Joquim Pires de Lima, numa entrevista à revista Pública do Expresso:
“Tudo começou quando uma moça dos seus 16 anos me procurou, com a mãe e o namorado, porque estava a ser apertada na Polícia Judiciária para prestar declarações. Acerca das razões que a levavam a casa de uma senhora modista, que era tida como uma desencaminhadora de menores. E para identificar os indivíduos que estavam relacionados com essa senhora. Tinha receio de que a levassem presa. Isso levou-me a telefonar ao director da Judiciária, com quem tinha boa relação, bem como ao Antunes Varela. Provoquei um grande escândalo dizendo que, com a minha cliente, à PJ, is eu! Não conhecia o isntrutor do processo. Mais tarde detectei quem ele era; era um que estava ligado ao assassinato do Delgado, o agente Parente. Quando soube, denunciei-o. Obriguei a miúda a dizer os nomes de toda a gente. Ficou a saber-se que desde os nove anos andava a ser aproveitada por indivíduos como o conde Monte Real, o conde Caria, o conde da Covilhã, uma data de gente da alta sociedade. “
O jornal ( Anabela Mota Ribeiro) pergunta-lhe então: “Com aproveitada, quer dizer abusada sexualmente?
Sim. Se tinham relações completas, isso não averiguei. A PJ o que queria era que ela não dissesse os nomes. “Quero que ela dite para os autos o que ela me disse a mim”. Quando se soube a idade das meninas envolvidas, percebeu-se que isto não era um processo de Ballet Rose á maneira do caso Profumo, cuja mais nova tinha 17 anos, mas um processo de corrupção de menores, com impúberas de nove anos. E miseráveis. Filhas de mulheres-a-dias. Eu queria que a PJ instaurasse um processo crime contra os corruptores de menores e retirasse o nome de Ballet Rose da história.
Foi isso que o Mários Soares e o Francisco Sousa Tavares não perceberam. O caso veio em jornais estrangeiros. “
"Sob o título "Caça à lolita no jardim do ministro", relata-se detalhadamente a participação entusiasmada de um membro do executivo, muito próximo de Salazar, em brincadeiras com raparigas de idade inferior a 14 anos, juntamente com outros indíviduos.
Nos jardins da grande moradia que esse ministro tinha no Estoril , realizavam-se frequentemente aquilo que era descrito como "caçadas", durante as quais uma dezena de miúdas completamente despidas, com excepção dos sapatos e de uma cabeleira com uma fita colorida, eram soltas como se de uma reserva animal se tratasse. Uma vez em liberdade, os caçadores- "diversos aristocratas, o tal ministro e altos funcionários estatais" - seguiam-lhes no encalço, igualmente despojados de roupas e também com uma fita colorida. O "jogo" consistia na captura da rapariga que tivesse a fita com a mesma cor que o seu "caçador" e na consequente consumação do acto sexual. Noutras ocasiões, as menores dançavam nuas sob holofotes de luz rosa, prática conhecida como "Ballet Rose" e pela qual o caso ficou conhecido." Ver AQUI
O meu escritório de advogados era na rua do Ouro, 87, 2.o andar. Entra-se por uma ourivesaria que se chama Salgado. Ainda existe. O escritório era do meu amigo Soromenho e do Pimentel Saraiva, dois advogados, muito mais velhos do que eu. Não era um escritório de advogados, como agora. Cada um pagava a sua parte da renda e cada um fazia a sua vida independente. Naquele tempo era assim. Comecei a fazer a minha vida e relacionei-me muito com aquela gente toda da Boa-Hora. Conhecia os escrivães, os advogados, os juízes, o Ministério Público, toda a gente. Sou expansivo, como sabe, não tinha dificuldade nenhuma em conhecer e confraternizar com as pessoas que, geralmente, se abrem comigo. Um belo dia estava na Boa-Hora e apareceu-me um escrivão que me disse: "Ó sr. Doutor, tenho uma coisa para lhe dizer. Há aqui um processo que é uma escandaleira contra estes malandros do regime! É este, aquele, aqueloutro." Fiquei a saber. Um dia ou dois depois, apareceu-me um jornalista do "Sunday Times" inglês, que eu não conhecia, mas veio ter ao meu escritório porque colegas portugueses lhe disseram que eu era da "Oposição". Era público e notório. Tinha criado uma rede enorme de jornalistas estrangeiros com quem convivia e que se tornaram meus amigos. Foi o que me valeu. No "Monde", no "New York Times", na Reuters, no Exchange Telegraph, na France Press... Transformou-se numa rede de amigos, jantávamos e convivíamos com frequência. Eu dei-lhes imensas notícias e eles bateram--se por mim. Quando fui advogado do Delgado, depois do seu assassinato, fui sozinho a Badajoz a guiar o meu carro, um pequeno Volkswagen. Vieram alguns, à distância, mas atrás de mim. E fizeram reportagens e deram notícias, senão eu tinha sido preso logo na fronteira. Foi uma cobertura que eu tive sempre, até ao fim do salazarismo.
Ficou na história conhecido como o "Rallet Rose"
Como se sabe , em 1967 rebentou um escândalo de abuso sexual de meninas, algumas com 8 e 9 anos, por parte de gente muito influente do Regime do Estado Novo.
Além de Condes, Marqueses, estavam implicados industriais, empresários e um Ministro do Governo de Salazar. O Correia de Oliveira (ministro da Economia)
A PJ prendeu a modista Genoveva, encontrou uma lista com os clientes das meninas.
Uma das raparigas foi à PJ , na companhia do advogado Dr. Fernando Pires de Lima e contou tudo o que sabia.
Um escândalo !
O Poder quis que o advogado se afastasse. Mas este assumiu a defesa da rapariga.
Joquim Pires de Lima, numa entrevista à revista Pública do Expresso:
“Tudo começou quando uma moça dos seus 16 anos me procurou, com a mãe e o namorado, porque estava a ser apertada na Polícia Judiciária para prestar declarações. Acerca das razões que a levavam a casa de uma senhora modista, que era tida como uma desencaminhadora de menores. E para identificar os indivíduos que estavam relacionados com essa senhora. Tinha receio de que a levassem presa. Isso levou-me a telefonar ao director da Judiciária, com quem tinha boa relação, bem como ao Antunes Varela. Provoquei um grande escândalo dizendo que, com a minha cliente, à PJ, is eu! Não conhecia o isntrutor do processo. Mais tarde detectei quem ele era; era um que estava ligado ao assassinato do Delgado, o agente Parente. Quando soube, denunciei-o. Obriguei a miúda a dizer os nomes de toda a gente. Ficou a saber-se que desde os nove anos andava a ser aproveitada por indivíduos como o conde Monte Real, o conde Caria, o conde da Covilhã, uma data de gente da alta sociedade. “
O jornal ( Anabela Mota Ribeiro) pergunta-lhe então: “Com aproveitada, quer dizer abusada sexualmente?
Sim. Se tinham relações completas, isso não averiguei. A PJ o que queria era que ela não dissesse os nomes. “Quero que ela dite para os autos o que ela me disse a mim”. Quando se soube a idade das meninas envolvidas, percebeu-se que isto não era um processo de Ballet Rose á maneira do caso Profumo, cuja mais nova tinha 17 anos, mas um processo de corrupção de menores, com impúberas de nove anos. E miseráveis. Filhas de mulheres-a-dias. Eu queria que a PJ instaurasse um processo crime contra os corruptores de menores e retirasse o nome de Ballet Rose da história.
Foi isso que o Mários Soares e o Francisco Sousa Tavares não perceberam. O caso veio em jornais estrangeiros. “
"Sob o título "Caça à lolita no jardim do ministro", relata-se detalhadamente a participação entusiasmada de um membro do executivo, muito próximo de Salazar, em brincadeiras com raparigas de idade inferior a 14 anos, juntamente com outros indíviduos.
Nos jardins da grande moradia que esse ministro tinha no Estoril , realizavam-se frequentemente aquilo que era descrito como "caçadas", durante as quais uma dezena de miúdas completamente despidas, com excepção dos sapatos e de uma cabeleira com uma fita colorida, eram soltas como se de uma reserva animal se tratasse. Uma vez em liberdade, os caçadores- "diversos aristocratas, o tal ministro e altos funcionários estatais" - seguiam-lhes no encalço, igualmente despojados de roupas e também com uma fita colorida. O "jogo" consistia na captura da rapariga que tivesse a fita com a mesma cor que o seu "caçador" e na consequente consumação do acto sexual. Noutras ocasiões, as menores dançavam nuas sob holofotes de luz rosa, prática conhecida como "Ballet Rose" e pela qual o caso ficou conhecido." Ver AQUI
O depoimento de Mário Soares sobre o caso
O meu escritório de advogados era na rua do Ouro, 87, 2.o andar. Entra-se por uma ourivesaria que se chama Salgado. Ainda existe. O escritório era do meu amigo Soromenho e do Pimentel Saraiva, dois advogados, muito mais velhos do que eu. Não era um escritório de advogados, como agora. Cada um pagava a sua parte da renda e cada um fazia a sua vida independente. Naquele tempo era assim. Comecei a fazer a minha vida e relacionei-me muito com aquela gente toda da Boa-Hora. Conhecia os escrivães, os advogados, os juízes, o Ministério Público, toda a gente. Sou expansivo, como sabe, não tinha dificuldade nenhuma em conhecer e confraternizar com as pessoas que, geralmente, se abrem comigo. Um belo dia estava na Boa-Hora e apareceu-me um escrivão que me disse: "Ó sr. Doutor, tenho uma coisa para lhe dizer. Há aqui um processo que é uma escandaleira contra estes malandros do regime! É este, aquele, aqueloutro." Fiquei a saber. Um dia ou dois depois, apareceu-me um jornalista do "Sunday Times" inglês, que eu não conhecia, mas veio ter ao meu escritório porque colegas portugueses lhe disseram que eu era da "Oposição". Era público e notório. Tinha criado uma rede enorme de jornalistas estrangeiros com quem convivia e que se tornaram meus amigos. Foi o que me valeu. No "Monde", no "New York Times", na Reuters, no Exchange Telegraph, na France Press... Transformou-se numa rede de amigos, jantávamos e convivíamos com frequência. Eu dei-lhes imensas notícias e eles bateram--se por mim. Quando fui advogado do Delgado, depois do seu assassinato, fui sozinho a Badajoz a guiar o meu carro, um pequeno Volkswagen. Vieram alguns, à distância, mas atrás de mim. E fizeram reportagens e deram notícias, senão eu tinha sido preso logo na fronteira. Foi uma cobertura que eu tive sempre, até ao fim do salazarismo.
Eram jornalistas e eram seus amigos pessoais? Uma rede que se amplificou quando esteve exilado em Paris?
Sim, eram jornalistas internacionais, correspondentes em Lisboa mas viajavam muito e tinham conhecimentos e apresentaram-me. Em Portugal, quase não tinham notícias - só propaganda - e a única pessoa que lhes dava notícias era eu! Os membros das embaixadas vinham falar comigo, ao meu escritório. Os americanos nunca vinham ao meu escritório, mas marcavam reuniões comigo no jardim do Campo Grande.A esse jornalista do "Sunday Times" nunca o tinha visto na minha vida. Disse-me que queria saber o que era isso do escândalo dos Ballet Rose, tinha vindo ter comigo porque eu era informado, ia muito ao tribunal da Boa-Hora. Disse-lhe que só tinha uns zunzuns, mas que podia apresentá-lo a um escrivão que poderia dar-lhe mais informação. Mas disse-lhe logo: "Ficamos combinados. Se você diz alguma coisa sobre o escrivão ele perde o emprego e vai parar à cadeia. Tenha cuidado, não cite nomes nem as suas fontes." Ele disse-me que era um jornalista responsável, que sabia muito bem como era. Nunca revelava as fontes. Foi assim, em confiança. No dia seguinte, disse-lhe para ir ter com o escrivão a um sítio, que lhe mostrei. E ele publicou tudo em Londres.
E o regime ia caindo...
Não ia caindo, mas ficou um bocado abalado. No plano moral. Quando se soube, começou tudo a perguntar "de onde é que isto vem..." E como a PIDE tinha visto um jornalista estrangeiro a entrar no meu escritório, prenderam-me, acusando-me de ter dado a notícia. Eu respondi sempre que não. Nunca disse mais nada senão isso. Eles não tinham nada, nenhuma prova. Oito dias depois de eu estar preso, o jornalista escreveu uma matéria no "Sunday Times", a dizer que era uma pouca-vergonha, "a minha fonte não é esse senhor, isto é eu vi-o, mas ele não me disse nada, porque não sabia nada". Confirmou a minha tese e a PIDE ficou na dúvida e, pelo sim e pelo não, puseram-me na rua. Salazar não gostava de brincar com os ingleses... (fonte)
quarta-feira, 18 de março de 2015
A notícia que Miguel Albuquerque não quer que se saiba antes das próximas eleições legislativas regionais
Acusação de pedofilia contra João Carlos Abreu
A direcção da Agência Lusa em Lisboa proibiu a publicação seja lá o que for antes das eleições sobre o caso.
A direcção da Agência Lusa em Lisboa proibiu a publicação seja lá o que for antes das eleições sobre o caso.
João Carlos Abreu ex-secretário Regional do Turismo e Cultura, está a ser investigado pela Procuradoria Geral da República em Lisboa desde 28 de Novembro de 2014 acusado de actos de pedofilia com crianças da "CRIAMAR-Associação de Solidariedade Social Para o Desenvolvimento e Apoio a Crianças e Jovens".
Os denunciantes são as próprias vítimas que descobertos por uma psicóloga do Tribunal de Família e Menores do Funchal fizeram chegar uma queixa crime à PGR que deu entrada no MP no dia 28 de Novembro de 2014. A queixa tem o carimbo de entrada assinado pela funcionária Helena Coelho.
Inclusive, João Carlos Abreu já chamou o pai de um dos pequenos que actualmente vive em Lisboa e prometeu-lhe dinheiro para que este retirasse a queixa.
O MP está a reter em banho maria as investigações com o maior secretismo afim de que nada transpire para a opinião pública antes das eleições.
Entretanto como a acusação também é feita contra o Governo Regional da Madeira Alberto João Jardim em conselho de governo realizado no dia 5 de Março de 2015 decidiu retirar o estatuto de utilidade pública à instituição.
João Carlos Nunes Abreu presidente da CRIAMAR e segundo a queixa, residente à Travessa da Levada de S.João, nº 4, 9060-654 Funchal
Existe outra queixa no MP da Comarca da Madeira com o número 21/15.9TFNC contra João Carlos Abreu por parte de 25 pessoas que o acusam de cobrar propinas de 15 e 25 euros por mês a feirantes de artesanato durante 3 anos em que ainda era governante alegando que as mesmas eram para a CRIAMAR, quando na realidade elas revertiam para o seu próprio bolso e o bolso dos seus dois namorados, que são também co-arguidos neste processo.
Nota da redacção do Pravda:
José Manuel Coelho pediu aos colaboradores que metem os conteúdos neste Blog a seguinte declaração do próprio:
José Manuel Coelho pediu aos colaboradores que metem os conteúdos neste Blog a seguinte declaração do próprio:
« Para tranquilização de alguns leitores mais puritanos os meus colaboradores deste blog já eliminaram os trechos mais chocantes que constam na queixa, para não escandalizar ninguém. Eu tenho em meu poder a cópia da queixa feita na PGR. Poderia mandar digitalizar e mandar colocá-la on-line mas isso seria ainda mais chocante para os leitores apoiantes do PSD, e para os altos magistrados do MP que também são do PSD e que tudo fazem para abafar este caso, tal como se fez no tempo do Salazar com o famoso caso do Balet Rose. E mais não digo por agora!»
terça-feira, 17 de março de 2015
José Manuel Coelho e Paula Serra defendem regionalização dos transportes marítimos para o Porto Santo
Viagens mais baratas incluindo transporte de viaturas em ferries contruídos e mantidos pelo Governo Regional, ao serviço da população do Porto Santo. Fim imediato do monopólio do grupo Sousa.