O suicídio colectivo do sr. Freitas
Porque razão a coligação “Mudança”, encabeçada pelo PS/Madeira, do sr. Vítor Freitas, sofreu a mais pesada derrota? Obviamente que não existe uma resposta, mas sim várias respostas. Em primeiro lugar, nunca ninguém confiaria uma junta de freguesia ao sr. Vítor Freitas, muito menos o governo de uma região. Nos tempos que correm, é de vital importância alguém ter um pouco de formação académica, se possível universitária. Ora o ex líder do PS andou mais de dez anos metido em “telenovelas políticas” e “intrigas de café”, vendo pachorrentamente o tempo passar, e nunca se preocupou em se cultivar ou se instruir, quando tinha todas as condições para tal.
Depois, quando toda a gente lhe dizia que as autárquicas eram importantes, mas que o grande objectivo estratégico eram as legislativas, Vítor Freitas “queimou”, ou melhor dizendo, “incinerou”, etapas fundamentais da consolidação do poder autárquico, promovendo juntamente com a sua nova “cria”, o prof. Paulo Cafôfo, o assalto aos cargos autárquicos, ocupando-os com a sua esfomeada e alarve clientela política.
Posteriormente, quando rebentou a crise na Câmara Municipal do Funchal, observou tacitamente ao longe, os seus atabalhoados pupilos a afastarem um vereador que andava a importunar os grandes interesses económicos da região e a travar a “politização rosa” do município. Mesmo quando “o fogo” alastrou, varrendo mais dois vereadores e a própria presidente da Assembleia Municipal, o sr. Vítor permaneceu imperturbável no seu confortável posto de vigia, sem promover uma única diligência para travar a hecatombe.
E o mais caricato, é que após “o golpe municipal” de Paulo Cafôfo e Miguel Iglésias, Vítor Freitas deixa-se “comer” por estes dois “artistas”, que além de conspirarem activamente contra ele, promovem uma duvidosa alteração da orgânica da Câmara em pleno período pré-eleitoral (ninguém no seu bom juízo, mexe numa matéria tão delicada como são os recursos humanos em vésperas de eleições), precisamente para entalarem e comprometerem as aspirações de Vítor Freitas.
Como um mal nunca vem só, além da desorganização e anarquia que corre na autarquia de Cafôfo, começam a chegar ao grande público más noticias sobre a nefasta gestão da autarquia do Porto Santo e das almoçaradas do Presidente da Câmara de Machico, com sócios do Grupo Sousa.
E estando o “Titanic Rosa” a adornar perigosamente para um bordo, nasce nas brilhantes “cabeças de farelo” dos estrategas socialistas, a ideia de dar novamente o nome da naufragada “Mudança” à nova coligação para as legislativas, uma coisa que não lembra a Belzebu!
Também outros partidos, cegos em manterem os seus lugares no parlamento regional, não souberam ler os sinais, e pela segunda vez, esqueceram-se do velho provérbio; “Quem colheu rosa que lhe sofra os espinhos” e voltam a confiar num partido que já lhes enchera as mãos de dolorosas farpas.
Baralhado com as sondagens e acossado com a oposição interna, Vítor comete mais um erro crasso: “depois de casar, tem vergonha da família da noiva”. Para os muçulmanos, esta é a maior das afrontas, e Vítor esqueceu-se (ou não sabe) que o actual território português viveu quase 5 séculos sob o jugo árabe, e que no imaginário da nossa Nação ainda sobrevive a crença que nunca se deve repudiar a família, por mais baixa que ela seja. E o povo viu Vítor Freitas a se envergonhar e a esconder os seus companheiros de coligação, e isso foi fatal.
Esta sucessão de erros de palmatória, a falta de capacidade de liderança e a clara incompetência política, agravada por sucessivas traições “cafofianas”, levaram ao desastre e, pior ainda, ao “suicídio político” colectivo.
Antecipadamente peço desculpa por esta comparação bizarra e desproporcional, mas se em 1978, na ex-Guiana Inglesa, o reverendo Jim Jones levou ao suicídio 900 adeptos da sua seita, na Madeira, nestas últimas eleições, temos de reconhecer que Vítor Freitas foi muito mais comedido no seu “Armagedão político”, só levando atrás de si para o abismo, quatro partidos, um bando de otários, e toda a tralha “cafofiana” que ainda restava. (funchal/notícias)
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