Francisco Miguel, militante e dirigente do PCP, passou 21 anos e dois meses na cadeia. Foi o preso político que esteve mais tempo encarcerado durante a longa ditadura que oprimiu Portugal entre maio de 1926 e abril de 1974, mas foi apenas um entre 26 375 homens e mulheres cadastrados pela polícia política durante esses quase 48 anos. Agora, que a duração da democracia ultrapassou já a da ditadura, preparámos uma nova edição da VISÃO História, nas bancas e à venda na loja online, sobre os 17 499 longos dias e noites de autoritarismo marcados pela faceta altamente repressiva e brutal da polícia política sucessivamente designada PVDE, PIDE e DGS. Com a colaboração dos historiadores Irene Flunser Pimentel, João Madeira e Luís Farinha, especializados no tema, contamos como milhares de cidadãos foram longamente detidos em cárceres imundos, sem acusação formada, torturados por agentes cruéis, “julgados” por tribunais coniventes com o regime e sujeitos a “medidas de segurança” que prolongavam indefinidamente a pena atribuída, ao sabor dos caprichos do sadismo policial. Porém, atrás das grades existia uma grande solidariedade entre os presos políticos. Iludindo a vigilância dos guardas, ensinava-se a ler e a escrever, aprendiam-se línguas e aprofundavam-se conhecimentos de História, Ciências, Matemática e até de… planeamento familiar. A doutrina política também não era esquecida. Através de métodos ardilosos, entravam nas prisões edições do jornal clandestino Avante! e de outros órgãos de informação e propaganda proibidos, dissimuladas – por exemplo – dentro de nozes (sim, nozes…) ou no fundo falso de uma marmita. Imaginação era coisa que não faltava aos prisioneiros e às suas famílias. Os textos deste número são acompanhados por uma infografia com dados sobre os detidos, por depoimentos de ex-presos políticos descrevendo o terror vivido às mãos da PIDE e ainda por um testemunho do jornalista nosso colega e atual diretor do Jornal de Letras, José Carlos de Vasconcelos, sobre a sua experiência como advogado de defesa nos tristemente célebres tribunais plenários
quinta-feira, 14 de julho de 2022
A PIDE e os presos políticos na VISÃO História
Francisco Miguel, militante e dirigente do PCP, passou 21 anos e dois meses na cadeia. Foi o preso político que esteve mais tempo encarcerado durante a longa ditadura que oprimiu Portugal entre maio de 1926 e abril de 1974, mas foi apenas um entre 26 375 homens e mulheres cadastrados pela polícia política durante esses quase 48 anos. Agora, que a duração da democracia ultrapassou já a da ditadura, preparámos uma nova edição da VISÃO História, nas bancas e à venda na loja online, sobre os 17 499 longos dias e noites de autoritarismo marcados pela faceta altamente repressiva e brutal da polícia política sucessivamente designada PVDE, PIDE e DGS. Com a colaboração dos historiadores Irene Flunser Pimentel, João Madeira e Luís Farinha, especializados no tema, contamos como milhares de cidadãos foram longamente detidos em cárceres imundos, sem acusação formada, torturados por agentes cruéis, “julgados” por tribunais coniventes com o regime e sujeitos a “medidas de segurança” que prolongavam indefinidamente a pena atribuída, ao sabor dos caprichos do sadismo policial. Porém, atrás das grades existia uma grande solidariedade entre os presos políticos. Iludindo a vigilância dos guardas, ensinava-se a ler e a escrever, aprendiam-se línguas e aprofundavam-se conhecimentos de História, Ciências, Matemática e até de… planeamento familiar. A doutrina política também não era esquecida. Através de métodos ardilosos, entravam nas prisões edições do jornal clandestino Avante! e de outros órgãos de informação e propaganda proibidos, dissimuladas – por exemplo – dentro de nozes (sim, nozes…) ou no fundo falso de uma marmita. Imaginação era coisa que não faltava aos prisioneiros e às suas famílias. Os textos deste número são acompanhados por uma infografia com dados sobre os detidos, por depoimentos de ex-presos políticos descrevendo o terror vivido às mãos da PIDE e ainda por um testemunho do jornalista nosso colega e atual diretor do Jornal de Letras, José Carlos de Vasconcelos, sobre a sua experiência como advogado de defesa nos tristemente célebres tribunais plenários
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