«Exigir do Governo português que cumpra o n.º 3 do art. 7º da Constituição da República (“Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão”)»Condenamos a morte de civis, de todos os civis, vítimas dos ataques dos últimos dias. E recordamos que Israel incumpre o direito internacional ocupando, contra todas as resoluções das Nações Unidas, Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e os Montes Golã; desde 1948 desrespeita a Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU que reconhece o direito ao retorno a todas/os as/os refugiadas/os palestinianas/os. Fá-lo com a conivência de todos os seus aliados, especialmente os ocidentais, e isto ao fim de 75 anos de opressão e discriminação que configuram, à luz das convenções internacionais, uma tentativa de genocídio do povo palestiniano. É neste quadro que vimos manifestar o nosso apoio à liberdade e ao direito de autodeterminação da Palestina e exigir do Governo português que cumpra o n.º 3 do art. 7º da Constituição da República (“Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão”) e faça cumprir o n.º 2 do art. 1.º da Carta das Nações Unidas (“Fomentar entre as nações relações de amizade baseadas no respeito pelo princípio da igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e tomar as medidas adequadas para fortalecer a paz universal”) de que o Estado Português é subscritor, e se empenhe num processo que possa contribuir para o fim do regime de colonização, ocupação e apartheid em vigor na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e também em Israel, e para que seja garantido o direito de retorno aos cerca de 6 milhões de refugiadas/os palestinianos/as expulsas/os do território onde nasceram e viveram elas/eles e os seus antepassados. À luz dos princípios do direito internacional e dos direitos humanos, é intolerável a reiterada normalização de atos que visam punir coletivamente toda a população palestiniana da Faixa de Gaza, que militares e colonos israelitas estão já a ampliar à Cisjordânia, a Jerusalém Oriental e às comunidades palestinianas que vivem dentro do Estado de Israel, perpetrando execuções sumárias que se vêm sucedendo. Não aceitamos esta visão colonial e racista, na qual apenas as vidas das/dos israelitas importam, e em que as/os palestinianas/os são descritas/os como “animais” (Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel), pessoas sem nome, sem passado, sem direito a uma perspetiva de futuro em liberdade naquele que é o seu território ancestral. Em nome do “direito à defesa” de Israel, há muito que os seus aliados vêm impedindo que se sancione e castigue o Estado de Israel e os colonos pelas campanhas de assassinato indiscriminado de população civil, nas quais, segundo dados da ONU (jan. 2008- set. 2023), por cada israelita morto são mortas/ os 21 palestinianas/os, isto é, as/os palestinianas/os representam 95% de todas
as vítimas mortais. Nem os/as palestinianos/
as, nem ninguém, tem de justificar ou pedir
que se reconheça a sua humanidade e, por
isso, nos recusamos a subscrever uma
narrativa em que a história que nos contam
começa sempre que uma vida israelita é
perdida, omitindo 75 anos de vidas
palestinianas perdidas.
Há mais de um século que a Palestina e o
povo palestiniano estão sujeitos a um
domínio colonial que ainda não cessou e
que o apoio ocidental a Israel só ajuda a
prolongar e agravar.
Com esse apoio, o
Estado de Israel foi estabelecido em 1948 sobre a Nakba (“Catástrofe”), um processo
(em curso) iniciado com expulsão e
expropriação de mais de 750.000
palestinianas/os das suas casas, aldeias e
cidades, a que se seguiram décadas de
regime militar de exceção, de destruição de
ecossistemas, de culturas ou de qualquer
outro modo de subsistência, de
empobrecimento, detenção e
encarceramento sem acusação nem direito
a defesa, de morte, tortura e incapacitação
causadas pelos bombardeamentos, pelas
incursões militares e pela carta branca
reconhecida aos colonos para agirem como
bem entenderem em qualquer parte do
território. Quando se descreve os
acontecimentos terríveis do dia 7 de
outubro como “o pior trauma coletivo por
que passou Israel”, perguntamo-nos porque
se ocultam 75 anos de traumas coletivos que
foram e continuam a ser impostos ao povo
palestiniano. Não contem connosco para
colaborar no assassinato da memória da
tragédia palestiniana.
A meses de celebrarmos os 50 anos da
revolução do 25 de Abril de 1974,
expressamos a nossa solidariedade com
quem, na Palestina e no mundo, defende o fim do labirinto de opressão, segregação,
ódio e degradação humana que o Estado de
Israel, com a conivência dos seus aliados, construiu com betão, aço e torniquetes. Ao
“dobrar a aposta”, como está a suceder
neste momento, com mais massacres e com
o encurralamento e a humilhação diária a
que se expõe milhões de palestinianas/os,
Israel e os seus aliados estão a criar as
condições para que dias de violência se
repitam indefinidamente. Não aceitamos
que o nosso Governo se solidarize em nosso
nome com o que chama “o direito de Israel
se defender”, confundindo-o com o direito
que este se arroga a espezinhar e matar. Não
se acuse de ambiguidade quem defende o
direito do povo palestiniano à
autodeterminação, enquanto se cala a
condenação de 75 anos de violência
colonial.
É por isto que nos solidarizamos com a
luta de libertação da Palestina, e exigimos
que se abra de uma vez por todas um
caminho que vá além deste statu quo
insuportável feito de opressão e hipocrisia.
Sem descolonização, sem justiça e sem
liberdade não existem caminhos para a paz!
O caminho para a paz passa pelo respeito dos
direitos do povo palestiniano, com a criação
do Estado da Palestina, livre e independente,
no cumprimento do direito internacional e
das resoluções das Nações Unidas.
Meio século depois da guerra colonial, a
maior homenagem que podemos prestar aos
homens e mulheres que dedicaram as suas
vidas a lutar pela emancipação dos povos
por todo o mundo não é considerar as suas
ações como simples património moral, mas
reivindicar hoje o que elas/es reivindicaram
durante décadas: a liberdade e o direito à
autodeterminação de todos os povos.
Primeiros subscritores:
Que esperam os israelitas para retirar essa corja do mapa?
ResponderEliminarSão invasores. Pensamento típico da escumalha da Madeira.
EliminarLa está a obsessão pela Madeira, vire à página.
EliminarVocê, apoia os Hamas.
Já o afirmou, muitas vezes.
O Macedo até tem razão. Na Madeira é o mesmo. Invadida por miras.
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