Tal como dizia o diácono Remédios: «Não havia necessidade !»

 

Caim e Abel à moda do JPP

Está consumado o golpe no JPP. Filipe Sousa, o principal rosto e obreiro do Juntos Pelo Povo, e ainda presidente do partido, foi defenestrado pelo irmão Élvio Sousa. Atirado pela janela do próprio movimento que fundou e carregou às costas nos primeiros anos. Escorraçado dos verdinhos, à boa maneira estalinista.

De nada valeu ter sido com ele, com Filipe Sousa, que o JPP se fez partido, ganhou a junta de freguesia de Gaula, depois a câmara de Santa Cruz e chegou ao parlamento regional. Foi com Filipe Sousa, que a oposição encontrou uma alternativa àquela casa de loucos em que há muito se tornou o PS.

Mas Élvio Sousa, qual Caim, roído de inveja pela popularidade do irmão, não hesitou em imolá-lo politicamente num altar erguido pelos seus compadres deputados. Primeiro relegando-o para um lugar discreto e não elegível na lista de candidatos. Uma vergonha e um insulto para um homem que tanto deu ao JPP. E agora empurrando-o para fora do partido que, repito, fundou, alimentou e fez crescer.

Este remake em tons de verde de Caim e Abel nada tem de bíblico, porque esta gente do JPP de católica tem pouco. A razão da briga de irmãos não são as boas graças de Deus, mas o poder da cadeira de presidente da Câmara de Santa Cruz que vai ficar vaga em 2025, pois Filipe Sousa atingiu o limite de mandatos e não se pode candidatar.

Sem o irmão para atrapalhar, e com o grupo parlamentar verdinho controlado, depois de ter corrido com todos os que lhe podiam fazer sombra, como fez a Carlos Costa, afastado em 2019 depois de ter sido o deputado mais interventivo do partido, Élvio Sousa coloca agora o olho na câmara de Santa Cruz.O primeiro passo está dado: afastar o irmão do partido. O segundo, está em andamento, lançar para o lugar alguém da sua confiança pessoal. Alguém que consiga controlar, como é o caso da deputada Lina Pereira que passa de assessora do grupo parlamentar para futura presidente do partido, ficando na calha para ser candidata em 2025 à câmara de Santa Cruz. Élvio Sousa passa a ser assim o homem-forte do partido, que de Juntos pelo Povo passa a ser uma sociedade unipessoal com sede na Rua da Alfândega, bem longe de Gaula.

Resta saber o que Élia Ascensão, a número dois de Filipe Sousa na câmara de Santa Cruz, tem a dizer, e o que pensa sobre estas manobras o presidente da junta do Caniço, Milton Teixeira, também ele de olho na cadeira de Filipe Sousa.

Até 2025 vai ser bonito, vai. E ainda falam do PS?

Jesus Basilio 

(carta do leitor publicada no diário do padre das esmolinhas)