Joana Amaral Dias escreve sobre a perigosidade das claques

 

Joana Amaral Dias

 «O futebol gangster que gera um Estado dentro do Estado só pode ser combatido com sanções fortes e eficazes – seja as que garantem as expulsões dos estádios, seja as que punem os dirigentes desportivos por discurso violento – aplicadas por instituições isentas e independentes. Ou seja, que não estejam cativas do poder político e dos próprios clubes. Para isso é necessário um novo modelo de sociedades desportivas – com mecanismos de separação de poderes e de controlo/escrutínio internos – bem como avaliações de integridade aos dirigentes. Enfim, o oposto ao que se passou com a proposta de mudança de estatutos no meu Porto que pretendia incluir, por exemplo, a possibilidade de os membros dos órgãos sociais realizarem negócios com o próprio clube, branqueando uma evidente incompatibilidade e promovendo o nepotismo. Isto com o beneplácito do Conselho Superior, ou seja, de nomes como Rui Moreira, Luís Montenegro, Pedro Marques Lopes, Manuel Pizarro. É neste caldinho que medram as claques e as cliques da bola, os hooligans, grunhos e mitras. Violência do futebol, no futebol e para o futebol (desde insultos na praça pública a homicídios, passando pelas agressões a jornalistas), são admitidas em nome de quê?! A maioria destas claques são gangs perigosos, albergues de crime organizado, turbas de meliantes que, assim sendo, têm que ser detidas. E, posteriormente, liminarmente proibidas. Isso mesmo: em vez de lhe serem atribuídos privilégios e impunidades, as claques devem ser banidas da nossa sociedade, interditadas. Afinal, nada acrescentam de positivo ao desporto, bem antes pelo contrário – com a sua perigosidade até afastam muitos dos estádios. Terminem. Não fazem falta. Sem elas tudo vai melhorar.»- Jornal O SOL