Diretor
Deixaram-nos a autonomia.
Deixaram-nos uma enorme transformação política, económica, social, cultural, desportiva...
E nós, que temos hoje entre 40 a 60 anos, que herdámos tudo isso, que iremos nós deixar aos mais novos?
Que legado será o nosso?
Conforta-nos saber que fomos capazes de segurar a democracia, de agarrar a autonomia e de criar bases de desenvolvimento que estão à vista de todos. Que fomos competentes na defesa das outras conquistas de Abril, mesmo sabendo que esses valores nunca se completam totalmente.
É bom olhar para trás e perceber que fomos intransigentes na defesa de direitos, liberdades e garantias. Que, em algumas áreas, conseguimos acrescentar valor.
É motivo de satisfação saber que, apesar de tudo, não estragámos, ainda, o essencial do que herdámos. Fomos suficientemente astutos para sustentar a democracia que faz agora meio século, que é adulta e que nos trouxe até aqui em paz e relativa segurança e conforto. Que assegurou os mínimos no serviço de saúde, que melhorou em muito a educação, que se esforçou pelo direito à habitação.
É bom saber isso, apesar do que foi ficando pelo caminho.
Mas também é verdade que nos faltou o engenho de segurar todos os melhores. Que não conseguimos emprego digno para os jovens, sobretudo os mais qualificados. E que a muitos das novas gerações faltam perspetivas de futuro.
É mesmo perante esses que nos devemos preocupar. Os mais velhos, com maiores ou menores dificuldades, têm o futuro minimamente assegurado ou remediado.
E os mais novos?
Que País, que Região lhes deixamos? Essa é uma questão que certamente atormenta toda a classe da meia-idade.
Será sobretudo aí que se nota uma das mais preocupantes falhas geracionais destes anos.
Mesmo sabendo que tiveram uma infância, adolescência e juventude incomparavelmente melhores do que as gerações que os precederam – ou pelo menos com menos faltas de bens essenciais – fica a ideia de que falta fazer mais.
Falta criar maior consciência social.
Falta fazer crescer a cidadania acompanhada de espírito crítico. Que seja capaz de permitir que o pensamento próprio venha antes das modas das redes sociais e das ideias feitas por outros.
Falta substituir a apatia por entusiasmo e desejo de participação pública.
Falta aos que nasceram depois de Abril a capacidade de acreditar no sonho de fazer a sua parte pela mudança do pedaço de mundo que rodeia cada um.
As conquistas de Abril que se comemoram agora não se esgotam neste mês e muito menos no dia 25 de abril. Mas é estranho ver como meio século de uma fase tão importante da nossa história recente é comemorada de forma tão sem-jeito.
Há esforço de alguns órgãos de comunicação social, como por aqui se tem visto, mas falta vigor na afirmação de uma data importante que está a ser encarada como apenas mais um dia para exibir o cravo vermelho à lapela.
A falta de entusiasmo pode ser explicada pela agenda política, pelo tempo frio e pelo calor dos últimos dias. São justificações aceitáveis. Mas não deixam de ser manifestações de conformismo.
Se voltarmos à ideia do legado que herdámos, o que estamos a fazer é apenas a gerir a herança. A gastar o que nos deixaram. Mas todos sabemos que mesmo as grandes fortunas precisam ser alimentadas. Ou então, um dia, a riqueza acaba.
Queremos ser nós os estroinas que esbanjaram a herança?
https://www.jm-madeira.pt/opiniao_cronicas/que-legado-deixamos-nos-GB15725560
Meia saca / meia seca
ResponderEliminarO vídeo sobre a Palestina que baniu Yanis Varoufakis da Alemanha
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=9JXXBhruGhc
Não fale no plural mira ensebado, a palavra nos, não o inclui você é do submundo dos miras.
ResponderEliminarAgora é o mira em versão azul
ResponderEliminarO Pravda elogia o meia saca. É que a coelhinha tem lá uma crónica no jornal. Não fica bem falar sempre mal do meia saca.
ResponderEliminarCuelhinha na horizontal tudo resolve
EliminarO meia-saca é um pobre diabo! Deixar de cavar batatas em São Roque do Faial para director do jornal dos corruptos já foi um grande achado!
ResponderEliminar