domingo, 26 de março de 2017

Coelho e Tranquada na sátira do Tó Fontes

O silêncio do doutor Tranquada

Os países do norte da Europa trabalham e solidarizam-se financeiramente com os países do sul que não fazem nenhum para além do copos, festas e mulheres

26 MAR 2017 / 02:00 H.
“Não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda” – Jeroen Dijsselbloem - DN. 23.03.2017

1. A expressão é errada e falsa como pode ler no ponto 3 deste trump-trump, mas bem pior são as virgens ofendidas. Sexista, xenófobo, ofensivo, populista, inaceitável, preconceituoso, insensível, estúpido e insultuoso, enfim, esgotaram-se os adjectivos da gramática portuguesa para qualificar a frase do Jeroen Dijsselbloem. Na Madeira – habituados ao “que se foda a Assembleia da República” e aos “filhos-da-puta dos jornalistas” de Alberto João Jardim e ao “caralho”, “paneleiro” e “merda” do Jaime Ramos – nem o Tranquada Gomes resolveu armar-se em donzela carcomida. Até porque copos e mulheres é coisa que o Tranquada Gomes, na qualidade de deputado e Presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira, não cheira nem lambuza. O casamento, na cultura mulherenga da Madeira, é um contrato vitalício que inclui a mulher, a amante e a sopeira. Sabemos.2. É absolutamente verdade o que disse o Jeroen Dijsselbloem na qualidade de ministro das finanças da Holanda e Presidente do Eurogrupo. Os países do norte da Europa trabalham e solidarizam-se financeiramente com os países do sul que não fazem nenhum para além do copos, festas e mulheres. Disse-o aqui a semana passada em relação à “Nau Sem Rumo” da Rua 31 de Janeiro - alcoólica, machista, racista, narcisista, boémia e aldrabona –, redigo hoje idêntico juízo de valor após contacto telefónico de apoio e de solidariedade ao meu amigo Jeroen Dijsselbloem. Qualquer madeirense minimamente responsável e consciente do trabalho que dá coçar todo o dia nas esferas de bolso – mesmo sem mestrado falso e desprovido de cultura calvinista - sabe que a Madeira vive e sobrevive à custa do estatuto social, financeiro, económico e político de chulo. Basta olharmo-nos todos ao espelho e dar saltos de susto.3. A expressão do Jeroen Dijsselbloem, lamentavelmente, peca por redutora e excessivamente civilizada em relação à Madeira. A Madeira, caro amigo Jeroen, “não gasta todo o dinheiro em copos e mulheres” e depois põe-se de joelhos a pedir esmola aos países do norte da Europa, em especial, à Alemanha. Nada disso. A Madeira e os madeirenses são muito mais finos que os tontos dos “cubanos e morcões” de Portugal. Aqui por estas bandas – diz um nosso peculiar adágio popular – gasta-se o dinheiro em “putas e vinho verde” e pede-se ajuda ao professor Bambo. Voilà. (diário)


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