quinta-feira, 30 de julho de 2020

Pessoas velhacas e retrógradas que põem em causa a liberdade e a democracia na ilha da Madeira







Lutas no Brasil contra as modernas formas de exploração e escravatura

Uma greve histórica dos entregadores de aplicativos
Trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos realizaram uma greve histórica, com manifestações em praticamente todas as capitais e grandes cidades do País, envolvendo milhares de pessoas. Essa é a primeira vez que um movimento dessa ordem e com essa dimensão ocorre no Brasil. Foi uma greve diferente e um movimento espontâneo da categoria, convocado a partir das redes sociais e do boca a boca. As greves clássicas são convocadas por sindicatos ou por trabalhadores organizados nos locais de trabalho, mas essa greve do dia 1º de julho foi inédita porque envolveu uma categoria nova, fruto da precarização do trabalho a partir das plataformas digitais, e realizada a partir da reapropriação pelos trabalhadores das próprias redes digitais. Em outros termos, a dialética da relação capital-trabalho ou da luta de classes colocando em movimento quem está disposto a lutar.

Foi uma greve efetivamente nacional. Em São Paulo, desde bem cedo, trabalhadores e trabalhadoras já estavam concentrados/as na Zona Sul ou em frente a shopping centers, supermercados e grandes cadeias de distribuição. No início da tarde realizaram uma grande manifestação e um buzinaço pela rua da Consolação e Avenida Paulista, que contou com a presença de milhares de entregadores com suas motos e bikes, num clima tranquilo, mas com muita disposição de luta. No Rio de Janeiro, também foi realizada uma grande manifestação com motos e bicicletas até a Delegacia Regional do Trabalho. Em Brasília, os manifestantes fizeram um grande buzinaço e se concentraram em frente ao Congresso Nacional. Em Belo Horizonte a manifestação foi no centro da cidade, bem como em Recife, Salvador, Aracaju, Porto alegre, Rio Branco, Teresina, Maceió, Recife, além de outras grandes cidades do País.

Ou seja, trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos demonstraram pedagogicamente que, mesmo nas condições mais adversas, a subjetividade de pertencimento à classe dos explorados fala mais alto que qualquer das dificuldades e se tornaram um exemplo significativo para as outras categorias da classe trabalhadora, dando um recado principalmente para as velhas centrais sindicais brasileiras, que vivem encontrando desculpa para não lutar. Ora, se uma categoria dispersa, sem nenhum direito, sem tradição de organização e de luta, e que pode ser desligada do trabalho com um simples apertar de botão digital, consegue fazer uma greve nacional como a que vimos hoje, por que essas centrais sindicais, que reúnem milhares de sindicatos e vários milhões de trabalhadores não podem também convocar uma greve nacional? Somente a acomodação, o burocratismo e o peleguismo podem explicar tamanha letargia.

A greve nacional ocorreu em função das precárias condições em que esses trabalhadores desempenham suas atividades. São forçados a trabalhar 10/12 horas por dia, ganhando por entrega, que em muitas vezes não chega a um real por corrida (~0,20€). Não têm vale refeição para café, lanche ou almoço e não têm opção a não ser comer suas marmitas sentados nas calçadas. São obrigados ainda a alugar os equipamentos de trabalho (moto ou bicicleta) e agora, em plena pandemia, não recebem máscaras, álcool em gel ou qualquer equipamento de proteção individual, o que os expõem permanentemente à doença, fato que já atingiu muitos destes trabalhadores.

Os entregadores criticam a intransigência e o arbítrio das empresas, que fixam metas absurdas de entregas, as quais põem em risco as suas vidas, fazem um sistema de pontuação para chantageá-los e bloqueiam quem não se enquadra nas metas ou busca organizar a categoria. Os entregadores não têm nenhum dos direitos trabalhistas da CLT, a grande maioria ganha pouco mais que o salário mínimo [NR] , geralmente trabalham de domingo a domingo. Ou seja, operam em situação análoga aos operários do século XIX, que tinham jornada de trabalho de até 16 horas e comiam no pé da máquina.

No caso das trabalhadoras, essa situação é ainda mais grave porque têm que acordar ainda mais cedo, geralmente às cinco horas da manhã, para preparar café e comida para as crianças e quando chegam em casa à noite ainda têm que cuidar dos filhos, dar banho, colocar para dormir e fazer janta e a marmita para o dia seguinte. Dormem pouco e no outro dia já devem estar novamente no batente. Além de tudo isso, têm que suportar diariamente o machismo no trânsito.

Vale lembrar ainda que essas empresas de aplicativos exploram também os pequenos proprietários de bares, restaurantes e pequenos negócios. Elas cobram entre 15% e 35% dos comerciantes e realizam todo tipo pressão para que parte desse percentual não seja repassada para o consumidor. Têm uma política de descontos que é bancada pelos pequenos proprietários. Nesse momento de pandemia, os pequenos proprietários se tornam muito dependentes dessas empresas, aí então os oligopólios digitais vão aumentando as exigências e os comerciantes que não concordam são desligados, o que significa a falência. As empresas de aplicativos exploram nas duas pontas: os trabalhadores e os donos dos pequenos negócios.

Por todas essas questões, os trabalhadores e as trabalhadoras em aplicativos resolveram dar um basta e fazer a greve nacional como forma não só de pressionar as empresas pelos direitos que os outros trabalhadores já possuem, mas também por uma série de reivindicações específicas, tais como aumento das taxas por entrega, aumento por quilometragem rodada, fim do sistema de pontuação, fim dos bloqueios indevidos, seguro de vida, seguro acidente e equipamentos de proteção individual, além de vale para café, almoço e lanche. Ou como diz um deles: "É terrível carregar comida para os outros com a barriga vazia".
Enquanto os trabalhadores enfrentam essa situação desesperadora, os donos das empresas de aplicativos como iFood, Rappi, Uber Eats, James, entre outros, estão ganhando rios de dinheiro às custas de um trabalho extremamente precário e desumano. Esses patrões escravocratas, fantasiados de executivos moderninhos das tecnologias da informação, ainda buscam mascarar a superexploração com contos de fada, afirmando que os entregadores são empreendedores e donos do seu próprio negócio, parceiros ou colaboradores. Trata-se de uma picaretagem linguística típica dessa fase agressiva do neoliberalismo para esconder a superexploração e precarização dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Essa greve histórica teve um papel fundamental, pois aumentou a moral dos entregadores, fortaleceu o espírito de união e, especialmente, revelou para a sociedade a brutalidade com que essas empresas moderninhas tratamos trabalhadores em pleno século XXI. Mas essas empresas estão também provando do próprio veneno tecnológico: há uma corrente de dezenas de milhares pessoas negativando ou dando nota baixa, no próprio portal dos APPs, a esse comportamento medieval dos patrões e deixando duras mensagens contrárias às péssimas condições de trabalho, além do fato de que a campanha para que a sociedade não realizasse pedido durante a greve deve ter dado um enorme prejuízo a essas firmas. A imagem de tais empresas sai bastante arranhada desse episódio.


Vale lembrar ainda um fato importante desse processo: se as empresas têm força para impor um trabalho tão precário aos entregadores, a sociedade agora ganhou força para exercer uma solidariedade ativa com os trabalhadores, tanto no que se refere aos protestos digitais, quanto ter a possibilidade de escolher quem mais respeitar os direitos da categoria, podendo impor prejuízos aos cofres dos patrões. Ou seja, ampliou-se o leque da luta, pois agora os trabalhadores têm a possibilidade de ganhar uma solidariedade objetiva para a sua luta.

Outro dado importante dessa paralisação de novo tipo é o fato de que, por ser uma categoria nova, o movimento foi espontâneo, fruto da revolta contra as más condições de trabalho e remuneração. Mas a luta forja novas lideranças, unifica reivindicações, coloca em movimento a classe. Tanto que agora os entregadores já estão discutindo fórmulas para se organizar melhor, tanto num Fórum, onde debaterão os principais problemas da categoria e as pautas de reivindicações, quanto em outras formas de organização, como grandes cooperativas ou sindicatos nacionais. Afinal, os entregadores de aplicativos despertaram para a luta!

A Unidade Classista, a União da Juventude Comunista e os Coletivos Feminista Classista Ana Montenegro, Minervino de Oliveira e LGBT Comunista estiveram presentes em pontos de concentração dos entregadores em várias capitais e cidades do Brasil, prestando sua solidariedade ativa. O canal no youtube do Jornal Poder Popular fez transmissão ao vivo das manifestações, com repórteres em várias capitais, além de comentaristas analisando o significado dessa greve histórica.
02/Julho/2020
[NR] Salário mínimo no Brasil: 1039 reais (~208 euros)
(Ver Resistir-info)

Greve histórica na HF coloca em KO os sindicalistas do partido Comunista que está com sindicalistas cristalizados no velho sindicato da rua das fontes e que já não conseguia fazer uma greve há décadas


Agora não resta outra coisa ao PCP senão apoiar a greve liderada pelo "esquerdista cubano" na Horários do Funchal.
 Isto denota a falta de quadros competentes e o anquilosamento das lutas do partido, por ter nos sindicatos aqui da Região, carreiristas que de revolucionários já nada têm, e já não ganham a confiança dos trabalhadores.

Este "senhorio" da "Madeira Nova"quer uma Autonomia com mais poderes para a classe dele encher mais a barriga

Em vez de lermos o que escreve este parvalhão fascista  (sobrinho do "raínha de inglaterra" é melhor contemplarmos estas belas obras da mãe Natureza:

quarta-feira, 29 de julho de 2020

O "padre" Ricardo Oliveira que estudou em Paris com as esmolas das velhinhas madeirenses, anda sempre pegado com o Coelho, o pardalão

 Em  vez de combater o monopólista "Onassis" e o sequestro do seu Diário de Noticias por parte desse usurpador do porto do Caniçal na ilha da Madeira, mais conhecido por DDT, vira-se contra o  ex-deputado José Manuel Coelho numa sátira atabalhoada  e desprovida de qualquer sentido de humor.
 «Tive que fazer a entrevista, paga pelo PSD, onde Coelho já sabia que ia receber nota 20 logo de entrada, porque pelo blogue às cambalhotas e gajas nuas não dava. Nunca umas "luvas" tinham sido tão bem aceites pela população em geral. "Arrenca"»
 Extracto da prosa burlesca do padre, pode ser consultada AQUI

Padre é um homem crente; na "força de acreditar!"





Se não fossem as  esmolas das velhinhas piedosas; que  deitaram a sua moedinha na caixa das esmolas das igrejas... o padre Ricardo Oliveira nunca teria ido estudar Comunicação Social para Paris, nem sequer teria sido ordenado padre em S. Vicente. 
Se calhar estaria  mas era a guiar o táxi do pai dele na Ribeira da Janela. 
Dinheiro mal empregue para formar um seminarista traidor à igreja e ao evangelho.
 O "padre" Ricardo foi na companhia Rui Marote a Fátima, fazer a cobertura jornalística para o DN acerca da segunda visita do papa João Paulo II no ano 2000

O Ricardo Oliveira nesse ano 2000, andou em Fátima a fazer a cobertura à última visita que João Paulo II fez ao santuário para o Diário de Notícias do Funchal, trabalhou no santuário acompanhado do fotografo Rui Marote (mais tarde despedido pelo Emanuel Câmara, do Diário, por vingança).
Quando andava em Fátima o Oliveirinha tinha um mêdo terrível, quando avistava o sr. bispo D. Teodoro. 
A malta que o acompanhava na altura ficava até espantada e intrigada com o medo dele, aparentemente injustificado.
 Ele tinha receio e evitava-o, mas não dizia o porquê. 
 Tinha sido um traidor à igreja e isso pesava-lhe na consciência. Dava para perceber logo a razão desse embaraço.
 Judas há 2 mil anos atrás, traiu o Mestre e ainda hoje tem seguidores.

Luísa Silveira com queixas contra mais um mamão do regime Jardinista/Albuquerquista

«Bom dia meus amigos, venho por este meio mostrar o meu desagrado pela forma como fui recebida na praia da Faja dos Padres.
 Decidi  ir até lá, de barco, pois procurava divirtir-me em família. Ainda não tinha depositado as toalhas no cais, sem perturbar quem por ali quisesse passar, veio até nós um jovem a solicitar para irmos para o calhau. Se quisessemos estar naquele lugar PÚBLICO teríamos que acatar as suas ordens. 
 No entanto, reparei que havia algumas camas disponíveis no solário. Dirigi-me ao mesmo jovem, solicitando uma explicação, ao que, e de forma arrogante e agressivo, me respondeu: "Todas estas camas estão ocupadas e os guardas-sol não podem ser levados para o calhau!" Ou seja, onde estavam essas ditas pessoas que nem toalha nem bolsa tinha nas camas!? Conforme as fotos em anexos podem confirmar (algumas camas vazias). 
 Passado algum tempo, reparei que as mesmas camas eram apenas para os clientes do teleférico e do restaurante dessa praia da Fajã dos Padres. 
 Isso mesmo, eram para os clientes selecionados pelos responsaveis (DONOS) da praia. 
 Muito indignada, e para quem me conhece bem sabe que sou uma pessoa muito social, não concordei com a forma como estes Donos Disto Tudo tratam quem trabalha e paga impostos.   Quem é esta gente que não respeita quem trabalha e ao verem pessoas honestas, classificam nas pela sua classe social no usufruto de um bem comum? 
 Ninguem e mais que ninguem! Dessa forma fiz uma reclamação por escrito, para expressar o meu descontentamento pela forma como é gerido um bem público e pela forma como fomos recebidos por esse jovem.   Afinal, agora a praia é privada para usufruto de uma elite madeirense e pública para quando há despesas?   Espero que este meu desabafo venha a resolver o quanto antes esta situação.   Da minha parte perderam um cliente com muita pena minha.
 No entanto, a minha dúvida persiste:
 é uma praia privada ou publica?? Se é privada, em que conservatória está registado? E onde está  o nadador salvador. Obrigada»









Mais um emigrante madeirense endinheirado que vai cair no conto do vigário

 Este emigrante bem sucedido vai cair na conversa do Abreu,"dá cá o meu". 
 Vai trazer o seu dinheirinho para a Madeira (a terra onde há mais ladrões por m2) com serviços de finanças funcionando com a maior rapinagem que pode haver à face da terra, cheio de Tribunais com juízes fascistas para perseguir e roubar tudo e todos, com penhoras e execuções. 
 Vai investir o seu dinheiro, depois vai ser roubado e penhorado pelos gatunos do PSD que estão nas finanças com punhos de renda a roubar tudo e mais alguma coisa aos pequenos e médios empresários.
  Aqui só se safam os grandes monopolistas que têm o seu dinheiro e empresas nos paraísos fiscais onde pagam impostos irrisórios. 
 O resto, os outros, são caça grossa, e carne para canhão para serem penhorados até ao tutano até lhes roubarem tudo. 
 Pois o PSD não perdoa nada. As repartições de finanças ao seu  serviço são um sorvedouro de dinheiro. Têm de roubar e penhorar ao máximo, para o Albuquerque conseguir arranjar dinheiro e mais dinheiro afim de pagar ao tachismo laranja instalado e sustentar os ordenados das arábias que paga à clientela laranja entachada na improdutiva máquina do governo que o PPD/Flama foi criando ao longo destes últimos 40 anos.
 Mas o nosso amigo NELSON  COELHO, não sabe de nada disso, e quando abrir os olhos já vai ser tarde!

Não há quem se salve numa terra onde há mais policias por Km2 do que em qualquer outra parte do mundo

 As polícias  aqui na Madeira dão cabo da pequena economia rural. Prendem os pequenos comerciantes chamados "ilegais" e protegem os grandes. Eles não vão prender o ladrão dos portos do Caniçal que explora há 20 anos um porto todo inteiro e não paga sequer um cêntimo de renda à Região.
 Eles funcionam é em cima dos pequenos. Os madeirenses vão continuar de olhos fechados por muito, muito tempo!

terça-feira, 28 de julho de 2020

Se fosse o "Bokassa" Alberto João a ter o poder do Agostinho Neto e do MPLA A malta do "GARAJAU" e do jornal PRAVDA, já não existia

Sita Valles assassinada pela DISA  de Agostinho Neto

Reconciliação e perdão, pede-se muito ? - Edgar Valles.

 Em julho de 1979, o Presidente Agostinho Neto regressou francamente desanimado de uma reunião da então designada OUA (Organização da Unidade Africana), realizada em Monróvia (Libéria). Ele, que era considerado um dos libertadores da opressão colonial, tinha sido censurado por alguns dos seus colegas Chefes de Estado africanos pela repressão ocorrida nos últimos dois anos, que se seguira ao 27 de maio. Concretamente, Leopold Senghor apresentara um esboço preliminar de uma Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, tendo Neto sido violentamente criticado por desrespeitar os direitos humanos em Angola.
Neto não suportou a humilhação. As cartas dos familiares das vítimas podiam ir para o caixote do lixo, sem serem sequer abertas, mas estar sujeito a críticas pelos seus homólogos, perdendo o estatuto de “humanista”, era demais. Já anteriormente, Kurt Waldheim, secretário geral da ONU, criticara a violação dos direitos humanos, após visitar cadeias angolanas. 

Que fazer? Decidiu, no regresso a Angola, extinguir a DISA, a polícia política do regime, cujos feitos tornavam os pides no período colonial vulgares meninos de coro e clamar que desconhecia os “excessos” praticados sem o seu conhecimento. Ele, a quem a DISA respondia diretamente, por diploma de novembro de 1976. 

Em consequência, Neto responsabilizou a DISA pela repressão “descontrolada”, dissolveu-a e nomeou uma Comissão de Inquérito (cujas conclusões já não pôde apreciar, pois morria a 10 de setembro numa clínica de Moscovo). 

Os responsáveis da sinistra polícia, designadamente Onambuwe e Ludi, não foram incriminados pelos “excessos”. Do mesmo modo, os homens de segunda fila foram transferidos para outros lugares, nunca tendo prestado contas pelos seus actos, passeando-se impunemente em Luanda e outras cidades. Alguns, como o famigerado Getoeira, rumaram a Portugal, considerado país seguro, em caso de um volte-face em Angola. 

Tendo dado luz verde aos massacres, com a célebre frase “Não vamos perder tempo com julgamentos”, e respondendo a DISA perante ele (por diploma de 1976), Neto não pode deixar de ser responsabilizado pelo genocídio; porém, temos de reconhecer que não se pode imputar tudo ao chefe, quando houve elementos bem identificados que atuaram, em alguns casos por sua própria iniciativa, sem aguardar instruções do Presidente. Por isso, tais elementos devem ser identificados e pedir perdão às vítimas e seus familiares, pois a culpa não pode morrer solteira. 

Quando o próprio MPLA, pela voz autorizada do seu novo líder e Presidente da República, João Lourenço, reconheceu, no ano passado, o “cortejo de violações dos direitos humanos em Angola”, os homens da DISA tremeram. Iniciado o processo de reconciliação, organizaram-se e pediram uma reunião com o Ministro da Justiça, de modo a garantirem a impunidade consagrada em sucessivas amnistias. 

Foram tranquilizados e, ironicamente, obtiveram um estatuto peculiar: o de vítimas. Mais tarde, face à indignação, acrescentou-se o advérbio “passivas”, para as diferenciar das “ativas”, como se fosse possível colocar no mesmo saco os torcionários e as verdadeiras vítimas. 

Imagine-se o que seria equiparar São José Lopes, o chefe da Pide em Angola, e as suas eficientes brigadas aos nacionalistas angolanos que foram aprisionados e torturados no período colonial. Alguém admite tal aberração? 

Mas o escândalo ainda é maior; como se não chegasse, um dos torcionários integra a Comissão, em representação do Ministério da Defesa. Quem é ele? Chama-se Tino Pelinganga, mais conhecido por “Capitão Tino”, hoje general. . 

Eis o seu perfil, descrito pelo Engº Américo Botelho, no livro “Holocausto em Angola”: “ Capitão Tino: indeléveis eram as memórias que o viam em plena ação nos pelotões de fuzilamento: as perguntas carregadas de veneno, a morte aos bochechos, exibida sem pudor; os corpos regados com gasolina na expectativa de que o fogo as desfigurasse e consumisse. Quando comandava os pelotões de execução de limpeza que se seguiu ao 27 de maio, tomava uma vítima como exemplo, disparava sobre ela e logo lhe lançava fogo. Era o prenúncio do que aconteceria aos outros”. 

Descritas as proezas, importa dizer que este torcionário não se envergonha do que fez. Numa das últimas reuniões da CIVICOP, declarou, alto e bom som, que “os mortos foram  bem mortos”, gelando o sangue de alguns dos presentes, incrédulos perante tamanha desfaçatez e ausência de arrependimento. 

Como é possível que os torcionários, os carrascos do povo, a quem Neto inclusivamente acusou de terem manchado de sangue as suas próprias mãos, se assumam como vítimas e façam parte da CIVICOP? 

Este exemplo é sintomático da necessidade de alterar não apenas a composição da Comissão, dela retirando todos os que se identificam com a repressão, mas, sobretudo, reformular as suas funções, que devem incluir a identificação dos responsáveis pelos atentados aos direitos humanos, a localização dos restos mortais das vítimas e sua devolução às famílias e, também, a busca da Verdade História. Por mera coincidência, no momento em que estão a ser escritas estas linhas, recebi um artigo do “Le Monde”, com o título “Mais de 1 000 pessoas suspeitas de terem participado no genocídio do Ruanda continuam a ser procuradas”. Em Angola, ninguém exigiu a “perseguição” aos responsáveis pelo genocídio do 27 de maio. Apenas se reclama a sua identificação, na perspetiva de se saber a quem se perdoa, no pressuposto obvio de que o pedido de perdão apenas será aceite se for efetivamente genuíno e não simulado. 

É pedir muito? 
Tendo morrido sem ter resolvido este dossier, que o amargurou no último ano da sua vida, Neto transmitiu esta pesada herança a José Eduardo dos Santos, que pura e simplesmente a ignorou, preocupado que estava na “acumulação primitiva do capital” por si e pela sua dileta filha, a princesa. João Lourenço teve o mérito de iniciar um processo, que não poderá ficar na penumbra. Não pomos em causa a sua boa vontade, mas há forças poderosas que procuram limitar a sua ação. Poderá assumir a grandeza de Nelson Mandela, se conseguir libertar-se dos espartilhos que ainda o limitam, diferenciando-se dos seus antecessores. 

A CIA e o imperialismo não foram alheias ao 27 de maio, que aniquilou o setor mais avançado do MPLA, abrindo o caminho ao retrocesso e à perda de identidade. Varela Gomes, valoroso combatente anti-fascista que dirigiu a revolta de Beja em 1964, conta no seu livro “Revolução na África Austral”, que se encontrou com Iko Carreira, logo a seguir ao 27 de maio, a fim de interceder pela libertação do capitão de Abril, Costa Martins, cuja vida estava em perigo: 

“Acusei-os de estarem a ser manipulados pelo imperialismo e que a morte dos sete dirigentes mais parecia obra da CIA. Encaixou tudo, sem tugir nem mugir”. 

Hoje, não há quem possa “tugir ou mugir” perante as denúncias da repressão e os apelos a uma verdadeira Reconciliação. Perdão, ainda há um vilão que vocifera, enroscado no seu assanhamento e a lançar ao vento tantas sandices. Porém, nem para bobo da Corte serve, tamanho o seu nanismo mental. (Club K)

Cristina Pedra o pai e o ladrão do porto do Caniçal. Roubam à fartazana e são protegidos pelo Ministério Público que abafa tudo


Nota escrita pela Dra. Filipa Jardim Fernandes, antiga vice-presidente da Câmara, na sua página de facebook, onde lava na Cristina Pedra.
   Para quem não sabe, a Pedra esteve envolvida com o pai David Pedra na célebre máfia que passava faturas falsas para sacar dinheiro da Empresa de Trabalho Portuário, tramoia que foi investigada pela PJ e que o MP abafou.
Também foi arguida no caso de desvio de fundos europeus num caso que envolveu um padre de S. Vicente, também se safou com a ajuda do MP.
A Pedra e o pai usaram o sindicalismo da estiva para enriquecerem, e quando foram ver, já era sócia do Grupo Sousa pela porta do cavalo.
Esta nova rica foleira para caraças, foi recentemente posta de lado pelo mamão dos portos e foi resgatada da sarjeta pelo atual secretário Rui Barreto, para liderar o Conselho da Economia, vejam só, o Barreto foi buscar a maior carrasca da economia da Madeira para ajudar empresários?! A tipa que contribui para o congelamento da nossa economia graças aos preços chorudos das mercadorias que entram na Madeira, vai ser consultora. Ah chapadas que levavas Barreto! Chamar a raposa para dar conselhos sobre o bem-estar das galinhas!
Resumindo, o CDS de Barreto é fortemente financiado pelo Ladrão dos Portos, e a paga, foi encaixar a Pedra num órgão do governo, para a gaja não chatear mais o Dono Disto Tudo.
 

Nota escrita pela Filipa J. Fernandes:

“Pelo que percebi a secretaria regional da economia criou um novo órgão consultivo de economia liderado pela Dra.Cristina Pedra que a primeira declaração que faz , perante uma tragédia destas, é dizer que as empresas não podem estar sempre a contar com o apoio do Estado. Fiquei arrepiada com a falta de noção da realidade demonstrada por esta declaração, é mesmo não perceber a situação delicada que estão a viver grande parte das empresas devido à paragem forçada das suas atividades e que se não houver mais apoios para elas no curto prazo, vai custar bem mais caro ao Estado e mais particularmente à Região no médio e longo prazo. Desde logo com o aumento exponencial do custo com o pagamento de subsídios de desemprego devido ao encerramento de muitas empresas e igualmente devido à destruição de investimento instalado que levará assim muitos anos a ser reposto. As empresas são o resultado de muitos factores, materiais e imateriais, que levam anos a se solidificarem, pois para se colocar novamente de pé um projecto rentável não basta a obra física, é preciso muito mais que isso, é assim um erro pensar que o melhor é deixar morrer a grande maioria das empresas para depois construir outra coisa que ninguém sabe bem como e o que será, já para não falar no flagelo social que uma situação destas acarreta. Espero mesmo que esta declaração tenha sido descontextualizada, porque é a única explicação que tenho para uma frase destas no actual contexto. Seria um erro e uma injustiça para todas as empresas e famílias que tantos sacrifícios fizeram nos últimos anos, ainda a recuperar da última crise provocada pelo subprime e a suportarem cargas fiscais elevadas, não poderem agora contar com o apoio do Estado numa situação de calamidade económica como a que estamos a viver. A UE percebeu isso, ao criar pela primeira vez na história um Fundo comum para apoiar directamente os países, e esse princípio deverá ser revertido dos países para as suas regiões, empresas e famílias. Se assim não for teremos de facto uma tragédia sem precedentes, onde irão sobreviver poucos ilesos”
R. Barreto-
(Rui Barreto pontualmente colabora com o nosso jornal Pravda)


Isabel Dias é um das várias procuradoras corruptas que têm sido enviadas para a Madeira através da Procuradoria Geral da República. 
Sua verdadeira missão é perseguir os pequenos e os fracos e proteger os negócios dos grandes tubarões locais.
 Carlos Santos, um procurador corrupto que foi corrido da ilha da Madeira em 2006.

 Este procurador é bem a imagem decadente da justiça em Portugal, infestada de vícios e gente corrupta e reacionária, contra a Democracia e as conquistas da Revolução do 25 de Abril

Paula Costa Pereira, outra procuradora corrupta, vendida ao dinheiro dos ladrões dos portos na Madeira.

Arquivou a investigação da Polícia Judiciária aos ladrões e fugiu para Lisboa



Procuradora, corrupta, Paula Costa Pereira feita com o grupo Sousa  arquivou em 2007 os processos contra a OPM e ETP (mais de 20 empresas fictícias a fazer lavagem de dinheiro para o grupo Sousa)

A procuradora que arquivou a fraude já foi promovida

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Maria Cristina da Câmara, anestesista do fascista Salazar

“SALAZAR ERA UM DOENTE AFÁVEL E DÓCIL. TINHA MAIS AMIGAS DO QUE AMIGOS”
A cirurgia a Salazar suscitou uma enorme controvérsia, que, a seguir ao 25 de Abril, extravasou dos meios médicos e dos bastidores do regime. A correção e prontidão do diagnóstico e a autoria da operação foram discutidas, com paixão, nos jornais, em livros e até em tribunal, num processo que opôs o chefe da equipa de neurocirurgia, Vasconcelos Marques, aos filhos de Eduardo Coelho, médico assistente de Salazar.
De uma discrição absoluta, a anestesista Maria Cristina da Câmara, que a tudo assistiu, remeteu-se a um silêncio que decidiu romper mais de 41 anos após a operação. Uma entrevista feita quase toda por escrito e que é um documento sobre o fim do salazarismo.
Quando e como soube que Salazar teria de ser operado?
Eu era a anestesista da equipa do dr. Vasconcelos Marques, diretor da neurocirurgia do Hospital dos Capuchos. Nessa tarde, ele participou-me que tinha de operar Salazar nessa mesma noite e pediu, como era natural, a minha colaboração.
Já tinha tido algum contacto médico (ou pessoal) com o presidente do Conselho?
Não.
Quem a convidou para integrar a equipa médica?
Eu fazia parte da equipa de Vasconcelos Marques, tendo sido ele, como disse, quem me 'convidou' - melhor, quem me participou. A equipa era composta por Álvaro de Ataíde, Lucas dos Santos, Jorge Manaças e Fernando Silva Santos, sendo eu a anestesista. Aliás, trabalhei como anestesista da equipa de Vasconcelos Marques durante 18 anos, até ele se reformar. Ele operava no Serviço de Neurocirurgia do Hospital dos Capuchos, de que era diretor. Foi ele que criou a Unidade de Traumatizados Crânio-Encefálicos de São José, no final dos anos 70, com a ajuda da Fundação Calouste Gulbenkian.
Por que razão foi escolhido o Hospital da Cruz Vermelha? Não teria sido preferível um dos grandes hospitais do Estado, mais bem equipados?
A Cruz Vermelha, nessa altura, era talvez o hospital mais bem apetrechado e onde Vasconcelos Marques operava habitualmente a sua clínica particular. Os hospitais do Estado estavam muito mal apetrechados e tinham poucas condições hoteleiras. Só muito depois tiveram um grande incremento em instalações e equipamentos.
Qual foi a sua reação, pessoal e profissional, ao convite para participar naquela cirurgia? Ficou surpreendida?
A minha reação foi de naturalidade. Não fiquei absolutamente nada surpreendida. Fazia parte de uma equipa e tinha de estar disponível 24 horas por dia. Vasconcelos Marques tinha muita confiança em mim. A neurocirurgia era sempre à tarde e podia ir até às tantas da noite. Habitualmente, Vasconcelos Marques passava visita de madrugada aos seus doentes do hospital. Seguia escrupulosamente o seu doente e dava o exemplo a toda a equipa. Foi ele quem criou a neurocirurgia moderna nos hospitais civis de Lisboa, tendo a noção que a neurorreanimação era essencial. Nessa época, ainda não havia Unidade de Cuidados Intensivos nem os meios de diagnóstico de hoje. A primeira Unidade de Cuidados Intensivos nos hospitais civis de Lisboa foi criada e chefiada por mim, em São José, quando Vasconcelos Marques era diretor de serviço, tendo-me dado todas as condições para que a unidade pudesse ser criada.
Antes da operação, foi contactada por algum responsável do regime? Ou pela governanta de Salazar, D. Maria de Jesus Freire?
Fui apenas contactada pelo chefe da equipa de neurocirurgia, dr. Vasconcelos Marques. Não vejo a que propósito iria ser contactada pela governanta de Salazar!
Esteve de alguma forma envolvida no processo de decisão sobre a operação?
Não. A decisão só cabe ao chefe de equipa. Mas claro que sabia para o que ia. Sabia que havia uma suspeita de hematoma, mas quem decide sempre é o chefe de equipa.
Como decorreu a operação?
Com toda a normalidade, tendo tido uma ótima colaboração do doente.
Franco Nogueira (MNE de Salazar) escreve na biografia de Salazar que houve três cirurgiões: Vasconcelos Marques, Álvaro de Ataíde e Lucas dos Santos. Mas quem fez realmente a cirurgia?
A cirurgia foi feita pelo chefe de equipa, Vasconcelos Marques. Álvaro de Ataíde e Lucas dos Santos eram seus ajudantes - nesse dia e sempre que Vasconcelos Marques operava. A incisão foi feita por Álvaro de Ataíde, mas é preciso que se entenda que, naquele caso, a incisão limitou-se ao couro cabeludo.
Os médicos Eduardo Coelho (à esquerda) e Vasconcelos Marques ladeiam o presidente Américo Tomás, de visita ao doente do quarto n.º 68

Eduardo Coelho, médico pessoal de Salazar, alega nas suas memórias que Vasconcelos Marques foi a quarta escolha, após Moradas Ferreira, Gama Imaginário e Almeida Lima.
Não sei qual foi a sequência da escolha de Eduardo Coelho nem vejo o interesse disso. Se Eduardo Coelho escolheu Vasconcelos Marques, tinha com certeza confiança nele, independentemente da sequência da escolha.
Eduardo Coelho escreveu ainda que a cirurgia foi executada não por Vasconcelos Marques mas por Álvaro de Ataíde.
A cirurgia foi executada por Vasconcelos Marques - eu estive lá! Álvaro de Ataíde foi o primeiro ajudante e Lucas dos Santos o segundo. É certo que foi Álvaro de Ataíde quem fez a incisão, mas isso não significa que não tenha sido Vasconcelos Marques a fazer a cirurgia.
É habitual haver mais que um anestesista?
Em casos muito complicados e/ou com pessoas muito importantes, é natural. Neste caso, foi o dr. João de Castro, que era também o meu marido.
Franco Nogueira diz que assistiram mais nove médicos. É normal uma cirurgia com tamanha 'assistência'? Para quê?
Tratando-se da pessoa que era, penso que é muito natural. Mas não me lembro de quem estava no bloco. A equipa de Vasconcelos Marques era constituída por ele, dois ajudantes, um instrumentista e dois anestesistas - o dr. João de Castro e eu. O prof. Eduardo Coelho também lá estava, assim como Bissaya Barreto. E havia outras pessoas, todas médicos, cujo nome já não me lembro.
O primeiro boletim médico, distribuído na manhã de 7 de setembro de 1968, diz que a operação decorreu “sob anestesia local”. Confirma?
A intervenção cirúrgica foi executada sob anestesia local, assistida. A anestesia local é feita pelo próprio cirurgião, tendo a anestesiologista uma função muito mais lata, nestes casos.
Que droga foi utilizada na anestesia?
Um anestésico local, injetado, subcutâneo. Era lidocaína, o anestésico local mais comum e que ainda hoje é muito utilizado. Após ser injetado, decorrem mais ou menos alguns minutos até que se possa fazer a incisão.
Nestes casos, não é dispensável a presença do anestesista?
Não, porque o anestesista tem outras funções, como manter a homeostasia. O anestesista não é só a pessoa que administra as drogas anestésicas; é, sobretudo, um intensivista durante toda a intervenção cirúrgica - isto é, evita, diagnostica e trata precocemente qualquer anomalia que surja.
Hoje, à luz da sua experiência e do desenvolvimento da medicina, a anestesia seria feita de forma muito diferente?
Seria exatamente da mesma maneira, com a presença de um anestesista, para manter o doente em condições fisiológicas normais. A anestesia local serve para não mascarar sintomas. Num doente daquela idade, o mais indicado é a anestesia local. E uma angiografia não era indicada para uma pessoa que estava mal e com aquela idade, não havendo outros meios modernos de diagnóstico, como, por exemplo, a TAC ou a ressonância magnética.
Franco Nogueira observa que a senhora passou a visitar Salazar “todos os dias, e às vezes mais de uma vez por dia”, sendo uma “dedicada e fervorosa assistente de Salazar”. Quer descrever como foram os contactos com Salazar durante esses dias? Notou progressos? De que assuntos falavam?
As minhas visitas ao doente dr. Salazar foram sempre profissionais. Salazar recuperou completamente da operação e mantinha uma conversa agradável e muito simpática até à altura do acidente vascular cerebral (AVC). Durante esses oito dias, esteve bem e ficou absolutamente normal. Era um homem muito delicado e cumpria todas as ordens médicas que lhe eram dadas. Foi um doente com um pós-operatório calmo. Reconhecia toda a gente, o que era um excelente sintoma. E, como se sabe, antes da operação fazia muitas confusões.
Era de alguma forma previsível o posterior acidente vascular cerebral, ocorrido a 16 de setembro? Estava presente? Ficou surpreendida? Poderia ter sido evitado?
É sempre possível ocorrer um acidente vascular cerebral num doente com um hematoma subdural crónico operado, sobretudo em pessoas idosas. Não é possível evitar um AVC nestas circunstâncias - os vasos cerebrais não têm a elasticidade dos de um homem novo. Eu não estava presente, mas fui imediatamente chamada. Enquanto eu não chegava, foram-lhe prestados todos os cuidados.
Marcelo Caetano só visitou Salazar nesse dia, 16 de setembro. Achou estranho? Foi comentada essa visita? Já conhecia Marcelo Caetano?
Não conhecia pessoalmente o prof. Marcelo Caetano e nunca ouvi comentários sobre essa visita. Eu era sobretudo uma profissional. Sempre gostei dos meus doentes, tenham sido o dr. Salazar ou outro qualquer. E creio que ele tinha uma certa simpatia por mim. Bem sei que só me mostrou uma faceta, mas era um doente simpático e afável. Reparei que tinha mais amigas do que amigos.
Nesse mesmo dia, o cardeal-patriarca, D. Gonçalves Cerejeira, deu a extrema-unção a Salazar. Assistiu?
Soube disso, mas não assisti - nem tinha de assistir. Estava lá quando o cardeal-patriarca chegou. Não o conhecia pessoalmente.
Vasconcelos Marques escreveu no semanário “O Jornal” que após o AVC a senhora teve um "papel importantíssimo" no trabalho de "neuro-reanimação" do doente.Em que consistia esse trabalho?
Após o AVC, fui a intensivista de Salazar, tendo sido eu quem o tratou, sob esse ponto de vista, no hospital. Intensivismo significa o que a palavra quase quer dizer: o doente está em coma e é necessário manter todas as suas funções vitais, com métodos adequados. Ou seja, manter o doente em vida, permitindo a recuperação da doença. Criei, na prática, uma Unidade de Cuidados Intensivos no quarto do dr. Salazar.
Que grau de lucidez Salazar manteve nesses dias? Realizou algum trabalho ligado à governação?
Salazar recuperou após o AVC e de ter estado em coma, tendo perdido a sua memória 'recente', mas conservando toda a sua memória 'passada'. Por isso, podia manter um diálogo sobre assuntos do passado, diálogo coerente, mas esquecia-se sempre de acontecimentos recentes. Além disso, ficou diminuído sob o ponto de vista motor. Que eu saiba, não realizou nenhum trabalho ligado à governação (duvido que fosse possível).
Que relação tinha ele com médicos e enfermeiras?
A sua relação era muito simpática e de uma correção impecável. Era um doente muito afável e dócil, no sentido em que obedecia às indicações médicas rigorosamente. Quando lhe fomos dizer que tinha de ser operado, respondeu de imediato: "Vamos a isso!"
Quem tinha acesso, como visita, ao quarto dele? E que pessoas o visitaram de forma mais assídua?
Eram muito poucas pessoas, já que as visitas estavam proibidas por decisão médica. Lembro-me do seu grande amigo dr. Bissaya Barreto, médico de Coimbra, que o visitava frequentemente.
Teve algum contacto, ou conversa, com o prof. Houston Merritt, enviado pelo Governo dos EUA para observar Salazar?
Quem teve contacto com o prof. Merritt foi o chefe de equipa, Vasconcelos Marques, e Eduardo Coelho. Eu não tive o menor contacto. Foi-me apresentado, nas não assisti às reuniões, nem tinha de assistir. Na sua especialidade de neurocirurgia, era um homem importante e respeitado.
Cristina da Câmara agradece a Américo Tomás o colar de comendadora. À esquerda, Vasconcelos Marques, também condecorado
Esteve na reunião do prof. Merritt com o Presidente Américo Tomás, no Palácio de Belém?
Não.
A 25 de setembro (véspera da nomeação de Marcelo Caetano para chefe do Governo), os médicos foram chamados a Belém para se pronunciarem sobre a possibilidade de Salazar continuar, ou não, a desempenhar o cargo de presidente do Conselho. Quais foram as opiniões emitidas?
Não estive presente. Não tinha de estar. Salazar tinha-se tornado num grande inválido. O Chefe de Estado fez muito bem. Foi uma decisão lógica.
Após a saída de coma, Eduardo Coelho diz que Salazar teve "seis acidentes graves" que "arriscaram" a sua vida. A senhora teve alguma intervenção?
Não sei bem a que acidentes graves Eduardo Coelho se refere. Lembro-me de ter havido alguns, muito graves, que foram sendo resolvidos com atitudes médicas apropriadas.
Após Salazar ter saído do hospital e regressado à sua residência, em São Bento, continuou a ter contactos com ele?
Em dezembro de 1968, quando Vasconcelos Marques decidiu retirar-se, eu participei a Eduardo Coelho que me retiraria também. Tinha as melhores relações com o prof. Eduardo Coelho, por quem tinha muita consideração e ele por mim. Na altura, disse-me que contava comigo em São Bento (o que já havia declarado previamente numa entrevista a um jornal). Agradeci-lhe, mas disse-lhe que a minha resolução era inabalável, pois fazia parte de uma equipa chefiada por Vasconcelos Marques. Não tive, portanto, mais nenhum contacto com Salazar, nem tive qualquer papel médico após a sua saída do hospital. Claro que já conhecia Eduardo Coelho, o médico pessoal de Salazar. Eduardo Coelho era um cardiologista brilhante e fora meu professor de cardiologia na Faculdade.
Alguma vez voltou a ver Salazar?
Nunca mais o vi. Não vinha a propósito. O contacto que tive com ele não foi político, foi profissional. Era um doente de quem eu gostava. Aliás, um médico gosta sempre dos seus doentes. Tem de haver uma empatia entre o doente e o médico, e vice-versa. Uma relação de simbiose muito especial.
Nem foi ao seu funeral?
Não, nem iria. Até estava em Macau. Foi quando cheguei a Macau que um funcionário da Alfândega me disse: "Salazar morreu hoje."
Eduardo Coelho disse que Vasconcelos Marques apresentou uma conta de honorários de três milhões de escudos (hoje 15 mil euros), enquanto ele e os seus colaboradores nada apresentaram. Quer comentar?
Se Eduardo Coelho não apresentou os seus honorários foi, com certeza, por motivos pessoais, que não me merecem qualquer comentário. Contudo, não percebo porque Vasconcelos Marques não apresentaria os seus honorários médicos! Não sei o quantitativo desses honorários, nem nunca quis saber.
Eduardo Coelho fala ainda numa reunião em Belém, em que a senhora esteve presente, aparentemente por causa de uma entrevista ao jornal "Primeiro de Janeiro". Nessa reunião, terá havido uma agitada troca de opiniões entre Vasconcelos Marques e Eduardo Coelho. Quer recordar?
Nunca estive em Belém com Eduardo Coelho ou com Vasconcelos Marques para qualquer reunião. Lembro-me, sim, de uma reunião, mas no hospital, com o Presidente da República, Vasconcelos Marques, Eduardo Coelho e eu própria, na qual Vasconcelos Marques participou ao Presidente que terminaria a sua assistência médica a Salazar, o que me levou a pedir também a minha demissão. Nunca estive em Belém, a não ser quando o Presidente da República decidiu condecorar Vasconcelos Marques, Álvaro de Ataíde e eu própria.
A 15 de julho de 1970, Salazar foi acometido de uma grave doença infecciosa, vindo a falecer a 27 de julho. Nesta fase, voltou a prestar-lhe alguns serviços médicos? Quais os últimos factos que conserva na sua memória?
Em 1970, Salazar estava em São Bento e, como já declarei, eu não tinha qualquer contacto com ele, nem fazia parte da sua equipa médica dessa altura.
Em 1990 decorreu um processo judicial entre Vasconcelos Marques e os filhos de Eduardo Coelho. Qual foi o seu envolvimento nessa disputa? E que comentários gostaria de fazer?
Vasconcelos Marques pôs os filhos de Eduardo Coelho em tribunal após estes terem dado uma entrevista a um jornal a dizerem que o cirurgião de Salazar não tinha sido ele. Vasconcelos Marques perguntou à sua equipa se se importava de testemunhar em tribunal. Tanto os seus ajudantes - Lucas dos Santos, Jorge Manaças, Fernando Silva Santos - como eu própria testemunhámos, já que tínhamos assistido, que a pessoa que operara Salazar tinha sido Vasconcelos Marques. Álvaro de Ataíde era um cirurgião distinto e sempre ajudara Vasconcelos Marques, como primeiro ajudante, o que se verificou também na operação a Salazar. Se Álvaro de Ataíde não tivesse falecido, penso que também seria sua testemunha. Mas não gostaria, por uma questão de elegância, de fazer qualquer outro comentário sobre o assunto. (EXPRESSO)