quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A deputada Raquel Coelho intervém na ALRAM na discussão para o Orçamento Regional



A cidade de Lisboa, vista do ar!Intervenção de Raquel Coelho (PTP)

na discussão parlamentar do Orçamento
É impossível abordamos a Proposta de Orçamento da Região para 2019 e não falarmos da velha política do "Pão e Circo", como escreveu Júnio Juvenal no séc. I, para satirizar o modelo de sustentação política criado por Roma Antiga para a manutenção da ordem social do Império. 
O ano de 2019, sendo o último deste mandato e por conseguinte o mais eleitoralista, transporta-nos ao passado, onde os imperadores forneciam à população pobre e faminta, da altura, pão para matar a fome e os espetáculos de combate entre gladiadores, para saciar a mente.
O objetivo dessa prática, tal como agora, era desviar a atenção do povo das discussões políticas e dos problemas sociais. Com a barriga cheia e diversão garantida, certamente, não há espaço para a revolta popular.

Na Madeira de hoje, as batalhas entre gladiadores, deram lugar ao futebol, às inúmeras festas e arraiais que ocorrem durante todo o ano. O pão foi substituído pela caridade feita pelas associações financiadas com dinheiros públicos, pelas juntas de freguesia e casas do povo. Onde se oferecem passeios, viagens, refeições e bens alimentícios, indiscriminadamente.

O Governo Regional e as autarquias sejam de direita ou de esquerda, PSD, CDS, PS e JPP usam muito habilmente as carências da nossa população nos períodos pré-eleitorais para conquistar o voto, recordo-me do caso emblemático da autarquia de Santa Cruz que esteve 3 anos a se queixar que não tinha dinheiro, numa campanha de vitimização, porque o PSD tinha endividado a Câmara e de repente quase como por obra do divino espírito santo, no ano das eleições, surgiu verbas para arranjar estradas, escolas, habitações e distribuir bens alimentícios pela população.
As políticas imediatistas continuam a dar votos, mesmo que se sacrifique a sustentabilidade das contas públicas.
Produzir eleitores dependentes e cegamente apoiantes das práticas paliativas da governação, consagrou-se os 10 mandamentos de qualquer partido no poder.
E verdade seja dita, quem pode condenar os partidos por replicarem uma prática com vinte séculos, quando a população continua a premiar este tipo de ações, eleições atrás de eleições.
O sistema político madeirense, devia servir de caso de estudo, como se desenvolvem estratégias para se perpetuarem no poder, suportado pela massa amorfa que transformaram a nossa população.
Julgo que o Governo francês, deve vir tomar lições à Madeira de como impedir a revolta popular. Na Madeira, não aparecem coletes amarelos.  
Em 1843, Marx, escreveu que a religião era o “ópio do povo”, mas nos dias que correm, principalmente nas gerações mais jovens  o “ópio do povo” tem-se mostrado ser outro. O futebol, a televisão e as festas está no cerne da cultura regional.E quando aquilo que deveria ser apenas uma atividade de lazer se torna o centro da vida, torna-se perigoso, dando azos a um mundo paralelo alegrado artificialmente.
População anestesiada não se lembra do desemprego, da elevada carga fiscal, da corrupção, do desbaratamento de dinheiros públicos.
Que fique claro que o PTP, com este discurso, não seja a favor do social, antes pelo contrário, agora as medidas sociais, têm de ser feitas não para servir o imediatismo, mas para retirar a população da armadilha da pobreza e não a perdurar. Não alinhamos em tontices como aquela levada a cabo pela CMF, que gastou 100 mil euros para adaptar a praia Formosa para invisuais e depois o equipamento só funcionou no dia da inauguração. Colocar dinheiro nas mãos do PSD e do PS é colocar fósforos nas mãos de crianças. Não há respeito, para com os impostos pagos pelos contribuintes.
Até porque para algumas forças políticas, quanto mais pobre melhor, pois mais dependente e manipulável fica o nosso povo.
O que nós pretendemos de um orçamento é que este consagre as ferramentas necessárias aos trabalhadores e às empresas para estes exercerem as suas funções nas melhores condições possíveis, de forma a contribuírem para o crescimento da nossa economia. O que nós pretendemos é que os reformados e pensionistas tenham vencimentos dignos, que lhes permitam viver a sua velhice da melhor forma.
O PTP não quer que os nossos idosos depois de uma vida de trabalho, tenham de esperar que um autarca lhes ofereça um passeio ou uma viagem, nós queremos que a nossa população faça as suas próprias escolhas, com reforma condignas, não aceitamos que os nossos idosos estejam de mão estendida à suposta “caridade” dos governantes e autarcas, nas excursões eleitoralistas que temos sido habituados da esquerda à direita.
A dificuldade, para concluir esta reflexão, é que se não invertermos estas práticas, damos espaço à demagogia e ao populismo. Uma sociedade independente do ponto de vista financeiro e esclarecida é inevitavelmente mais exigente, e esse grau de exigência traduzir-se-á em melhores políticos e em melhores políticas, com os correspondentes efeitos benéficos para todos. E é isto que o PTP gostaria de ver consagrado neste Orçamento da Região para 2019. (ver Fénix do Atlântico)

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