sexta-feira, 15 de julho de 2016

Importante discurso do deputado Gil Canha no Parlamento Regional

Intervenção do deputado independente esta tarde no Parlamento




O ESTADO DA REGIÃO SEGUNDO GIL CANHA 
Há tempos, passei num terreno abandonado, cheio de trepadeiras e mato. Dias depois, passei no mesmo local, e fiquei surpreendido com a vista: tinham limpo o terreno do seu coberto vegetal e agora era uma terra nua, onde se via aqui e ali, lixo e sucataria.

Há cerca de um ano, também muita gente viu no novo regime do dr. Miguel Albuquerque, uma oportunidade para limpar a terra, arrancar as ervas daninhas, retirar o lixo, e voltar a pôr a terra a produzir.
Ora, neste dia, que fazemos o balanço do Estado da Região, olhamos para o tal campo renovado de Miguel Albuquerque e descobrimos que o terreno está de facto limpo de corriolas e de pimpineleiras, mas continua com o lixo ali depositado nos últimos 40 anos. No entanto, temos de reconhecer que há alguns secretários que querem verdadeiramente libertar a terra das geringonças do sr. Jaime Ramos e do Grupo Sousa; das cangalhadas dos monopólios; do lixo das parcerias público-privadas; dos caixotões de betão do sr. Avelino, do mono do Centro Internacional de Negócios, do sr. Pestana, e das carcaças apodrecidas do avião cargueiro e do famoso ferry.
Mas, o sr. Presidente do Governo não está para aí virado! O objectivo dele não é pôr a terra a produzir rapidamente os seus frutos e alimentar o povo, o objectivo de Vossa Excelência é limpar lentamente… muito lentamente… o terreno até o fim do mandato, e assim permitir que o novo silvado, as novas trepadeiras cresçam e escondam novamente o lixo e a bicharada.
Faz pouco tempo, comparei a alegada renovação do regime de Miguel Albuquerque com a Primavera Marcelista. Foi um grande erro meu! Nem que seja pelo simples facto de Marcelo Caetano ser um iminente professor de direito administrativo, e por isso, não precisava da política para viver, ao contrário de muitos que andam por aí. Deste modo, é mais honesto e aceitável que se compare a tão apregoada renovação albuquerquista com aquilo que se passou na Revolução Romena de 1998.
Hoje, toda a gente sabe que o ditador Nicolae Ceaucescu foi julgado sumariamente e rapidamente fuzilado, para que a elite comunista, ligada à polícia política “securitate”, continuasse com o seu poder e com os seus negócios. Então, nomearam um presidente da República fantoche, que realizou algumas reformas aparentes, para dar ideia de mudança e renovação, quando tudo permanecia nas mãos de uma oligarquia neo-capitalista corrupta, muito semelhante àquela que temos na Madeira.
Aliás, na nossa ilha, nem foi preciso silenciar Alberto João Jardim como fizeram com Ceaucescu. O todo-poderoso Jaime Ramos sabe muita coisa melindrosa de Alberto João, e vice-versa. Por isso, apesar do choro e ranger de dentes lá para os lados do Quebra Costas, há um pacto de silêncio entre eles que permite a sobrevivência da podridão, dos vícios e da rapinagem dos dinheiros públicos.

É esta a verdadeira face do novo regime, um regime onde nada se faz nem nada se decide sem que o sr. Jaime Ramos dê o seu consentimento. O povo romeno necessitou de cerca de 25 anos para descobrir a fraude que lhe fizeram, e neste momento está a tentar limpar a Nação do lixo que lhe deixaram escondido debaixo da capa romântica da Revolução. Aqui na Madeira, ainda temos um longo caminho a percorrer, até libertarmos definitivamente a nossa terra do silvado, das cangalhadas e da rataria jardinista. (com a devida vénia do Fenix)

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