quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A crise do euro num desenho

Um desenho para perceber a armadilha em que caímos

Aqui, vemos a profunda diferença das eleições na RPDC e nos Estados Unidos. As eleições americanas são desenhadas meramente para dar a ilusão de participação popular no governo. Cidadãos têm que escolher, efetivamente, entre dois candidatos que ambos representam os interesses dos grandes negócios. É virtualmente impossível fugir do sistema bipartidário, a não ser para alguém independentemente rico. Ross Perot, por exemplo, só foi capaz de concorrer contra bilionários por causa do seu status de bilionário [6] . Ele só conseguiu fugir do sistema bipartidário imposto pelo capitalismo corporativo porque ele próprio encarnava o capitalismo corporativo. Vez após vez, vemos que é o candidato com mais dinheiro que ganha as eleições nos Estados Unidos [7] . Na formulação das políticas, são os grupos de interesse endinheirados que conseguem o que querem, não as pessoas comuns da classe trabalhadora [8] . Apesar da veneração à democracia adotada pelos EUA, é na verdade uma ditadura da classe capitalista. Não há alternativa genuína aos interesses do capital (que são na realidade os interesses de uma minoria de donos de negócios) e portanto não há democracia real.
(resistir-info)
«É uma concepção insustentável, sobretudo num tempo em que a actuação do estado capitalista como estado de classe se afirma, todos os dias, em políticas que sacrificam não só os direitos que os trabalhadores foram conquistando ao longo de séculos de lutas, mas também os interesses de grandes camadas da pequena e média burguesia ligada às actividades produtivas. O estado capitalista é hoje, claramente, a ditadura do grande capital financeiro.» 
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....«Esta situação de crise permanente não pode manter-se por muito tempo. E o crime sistémico (que hoje constitui a essência do capitalismo) não pode continuar impune indefinidamente. Após um longo período de degradação, o sistema feudal acabou por ceder o seu lugar à nova sociedade capitalista, quando as relações de produção, assentes na propriedade feudal da terra e na servidão pessoal, deixaram de poder assegurar as rendas, os privilégios e o estatuto dos senhores feudais, que já não tinham mais margem para novas exigências aos trabalhadores servos. Pode acontecer que estas crises recorrentes do capitalismo e esta fúria de tentar resolvê-las, com tanta violência, à custa dos salários, dos direitos e da dignidade dos trabalhadores (confirmando a natureza do capitalismo como civilização das desigualdades ), sejam o prenúncio de que as actuais estruturas capitalistas já não conseguem, nos quadros da vida democrática, garantir as rendas e o estatuto das classes dominantes.

Num livro de 1998, Eric Hobsbawm defendeu que "há sinais, tanto externamente como internamente, de que chegámos a um ponto de crise histórica. (…) O nosso mundo corre o risco de explosão e de implosão. Tem de mudar." E conclui: "O futuro não pode ser uma continuação do passado." Tudo parece indicar que estamos próximos (em tempo medido à velocidade da História, que não da nossa própria vida) deste momento. Este diagnóstico com mais de vinte anos tem hoje ainda mais razão de ser, neste tempo da inteligência artificial. A razão está do nosso lado. Como costumo dizer, meio a brincar e muito a sério, o capitalismo tem os séculos contados.»-Luís Avelãs Nunes

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