O Sonho Americano e o Titanic
“Lamento informar que o Titanic afundou esta manhã depois de colidir com um icebergue, resultando em grandes perdas de vidas. Pormenores mais tarde.” J. Bruce Ismay, Presidente da White Star Line [15/04/1912]
Em 1898 o escritor Morgan Robertson engendrou um romance sobre um navio de dimensões nunca vistas, caraterizado como a maior das obras megalomaníacas das engenharias. Titan, o nome que o romancista atribuiu ao luxuoso navio, transportava na sua viagem inaugural 3000 mil pessoas a bordo, e numa noite de Abril embateu contra um icebergue, afundando-se. Esta podia ser uma sinopse de mais um livro, não fosse um pequeno detalhe: este romance foi publicado 14 anos antes do maior dos naufrágios de que há memória, o do Titanic, que ocorreu a 15 de Abril de 1912 - faz hoje, exatamente, 102 anos. Devido às inúmeras semelhanças entre ficção e factos, na altura as pessoas ficaram perplexas com tamanhas coincidências, mas a verdade é que nunca foi dada nenhuma explicação convincente para o que a realidade “copiou” do romance.
Todavia muitos acreditam que o naufrágio foi planejado, que o capitão do Titanic fora um dos que compactuou nesse conluio, e que os acontecimentos foram orquestrados de forma a que o que realmente se passou nos bastidores nunca fosse trazido à tona. A verdade é que é impossível deixar de fazer uma comparação entre a obra e a realidade: o nome dos navios (Titan vs Titanic), o nome dos capitães (Smith), o local de desembarque (Southampton, Inglaterra), o local do acidente (Atlântico Norte), a causa (colisão com icebergue), o mês (Abril), o comprimento e ambos serem considerados “inafundáveis”, etc. E claro, nenhum dispunha de quantidade suficiente de salva-vidas e por isso o número de mortos ter sido elevado. Premonições, coincidências e mistério. Além do filme de James Cameron muitos livros foram publicados sobre a primeira, e talvez a maior, tragédia do século XX, uns de não-ficção, outros romanceados. Da primeira categoria é um exemplo ‘A Tragédia do Titanic’, de Walter Lord, um livro que revela que os Açores fora o primeiro local pensado para onde os sobreviventes poderiam ter sidos levados, por se situar mais perto do local do naufrágio do que Nova Iorque. Do segundo, um livro editado em Fevereiro último, pela editora Parsifal: ‘A Montanha e o Titanic’, da autoria da madeirense Luísa Franco, nascida na Calheta, em 1953, e descendente de duas vítimas (os avós) do naufrágio. Poucos têm conhecimento mas quatro madeirenses, Domingos Coelho, Manuel Estanislau, José Neto Jardim e Manuel Franco, dos seis de nacionalidade portuguesa que viajavam no Titanic, partiram da Madeira com destino à América, no encalço de uma melhor vida. Seguiram o Sonho Americano. Infelizmente não chegaram ao destino. (dnotícias.pt)
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