Discurso do PTP – Autonomia em Dia da Região
Raquel Coelho diz que "está tudo
nas mãos dos grupos económicos"!
Hoje, nas comemorações dos 43 anos da Autonomia da Região Autónoma da Madeira, não posso deixar de lembrar as destemidas prosas do primeiro jornal publicado na nossa ilha, “o Patriota Funchalense”. Que graças à Revolução Liberal de 1820, tornou-se um importante veículo de expressão, contra centralismo de Lisboa. Pouco interessado no progresso do nosso arquipélago e quase sempre alheio às principais reivindicações insulares.
A Pátria era considerada 'madrasta' e as manchetes falavam por si: “somos tratados como colónia”, “a sorte infeliz da Madeira é a dos enteados”, “a escravidão consiste em alguém viver sujeito absolutamente à vontade de outrem”, “uma província que deve sujeitar os seus interesses aos da metrópole, deixa de ser província é de facto uma colónia e vive escrava”.
E foi graças a este insistente empenho e protesto, na resolução dos principais problemas dos ilhéus, que se iniciou o movimento autonomista. Claro, que o mesmo, foi sol de pouca dura. Já que em 1823, deu-se a Contra-revolução Liberal Miguelista e foi instalada na Madeira uma comissão de censura, que silenciou “O Patriota Funchalense”.
A imprensa livre teve um papel fundamental no desenvolvimento de uma consciência madeirense, que culminou em muitas conquistas para o nosso povo.
Justiça também seja feita aos colaboradores do famoso jornal “O Comércio do Funchal”, que durante a longa noite salazarista a defenderam, culminando esse desejo na célebre carta ao Governador Coronel Braamcamp Sobral.
No entanto, a nossa Autonomia só foi conquistada muitos anos depois das reivindicações destes ilustres madeirenses. Em 1974, com a Revolução dos Cravos. Hoje, passados 43 anos da conquista da autonomia política e administrativa, verificamos que está longe de ser um projeto acabado. Usada muitas vezes como um mero chavão, para a guerrilha com o Governo da República. Uma independência que ironicamente acabou por aprisionar os madeirenses aos senhorios da “Madeira Nova”. Uma série de empresários que se tornaram milionários, à sombra do protecionismo do poder político e que já dominam toda a economia da ilha, pondo e dispondo do Governo Regional, inclusive do aparelho de justiça.
Controlam setores vitais para o nosso desenvolvimento: os portos, os transportes, as vias rápidas, a energia, o turismo. Está tudo nas mãos destes grupos económicos. E os resultados desta usurpação do regime autonómico estão à vista. Estamos pouco desenvolvidos economicamente e a única perspetiva de uma vida melhor e de emprego seguro, resume-se ao setor público. Assim, formou-se, em torno do partido do poder, uma nomenclatura interminável de fiéis seguidores, graças aos empregos no governo, na administração pública e nas empresas privadas que dependem do setor público. Há festas para todos os gostos e subsídios para as mais variadíssimas instituições, desde a imprensa, ao desporto, à agricultura, às instituições de solidariedade social. Tudo isto, à custa de um endividamento insustentável, já que os impostos gerados não são suficientes para pagar este regime de festa permanente e a subsidiodependência da população. Com estas práticas, subjugou-se o nosso povo a uma nova “canga”, imprescindível para a sobrevivência na “Madeira Nova”, o cartão laranja. Numa Região, onde a geração de riqueza é diminuta e onde o emprego escasseia é normal que a maior parte das pessoas façam as suas escolhas políticas não com base na sua consciência, mas com o objetivo de garantir a sua subsistência. Assim, se explica os 40 anos de poder do mesmo partido. Apesar da nossa difícil condição de ilhéu. Mergulhados na pobreza, no ostracismo, na corrupção, no clientelismo e na má aplicação dos dinheiros públicos. Um povo que assistiu impávido e sereno a tudo isto, como se tratasse de uma inevitabilidade. E quando todos esperavam uma mudança política, digna desse nome, aparecem os cafofianos socialistas, prontos a capturar esse sonho, para depois replicar sem qualquer pudor a fórmula jardinista.
E perante este dilema político, perguntamos: - que caminho devemos traçar? Bem...a resposta não é inovadora, basta honrarmos o legado da imprensa livre, que iniciou “O Patriota Funchalense” na nossa ilha.
Aproveito este discurso, esta oportunidade, para fazer o chamado àqueles que provaram não se render perante as adversidades, aos democratas e autonomistas ligados ao Jornal Garajau, quero dizer-vos que o nosso projeto está longe de estar acabado. Clamo também a todos os amantes da democracia, da justiça e da liberdade na nossa terra, que porventura possam se sentir desalentados com as perspetivas que se afiguram. Quero dizer-vos que o destino da nossa Região ainda não está traçado, que há esperança e que têm ao vosso dispor uma grande ferramenta para a transformação da nossa sociedade. O Partido Trabalhista Português.
Ao nosso povo, a mensagem é simples: Só peço que voltem a acreditar! (Fénix do Atlântico)
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