O deputado Luís Vilhena diz que a presença de Olavo Câmara na lista do PS-M às eleições nacionais de 6 de outubro é uma “fragilidade” da candidatura.
Para o deputado que está a terminar funções em São Bento, colocar em segundo lugar da lista socialista o filho do presidente do PS-Madeira, Emanuel Câmara, representa uma “fragilidade” que considera desnecessária, pois “havia outros elementos do PS” capazes de fazer um bom lugar na lista, independentemente do “valor” que possa ter o filho do presidente dos socialistas madeirenses.
Luís Vilhena lembra os casos de nepotismo no Governo Socialista, amplamente difundidos no país, considerando que “há que salvaguardar essas decisões que não são desejáveis”.
Garante, aliás, que se vivesse uma situação semelhante à de Emanuel Câmara, não colocaria o seu filho na lista, mesmo que tivesse as “maiores qualidades”.
A candidatura de Olavo Câmara é um dos motivos pelos quais Vilhena considera que a lista socialista de há quatro anos à Assembleia da República era mais forte do que a atual.
“Tínhamos uma lista mais forte há quatro anos do que esta que foi apresentada”, sublinhou.
Ao JM, o deputado considerou, por outro lado, que a reconciliação que agora foi anunciada entre a atual liderança e a fação de Carlos Pereira – que Luís Vilhena não sabe avaliar se é sincera ou conveniente – já deveria ter acontecido “há um ou dois anos”, quando Carlos Pereira tentou “estabelecer pontes com a atual direcção do PS-Madeira”, sem sucesso.
O deputado admite que se essa aproximação tivesse ocorrido antes, poderia contribuir positivamente para os resultados eleitorais de setembro e outubro próximos.
Ainda assim, vê como positivo o “reconhecido” da atual direção de que “algumas estratégias estavam eventualmente erradas”. “Não há nenhum mal nisso”, mencionou, ao JM.
Antes destas declarações, num comentário publicado na sua página de uma rede social, Luís Vilhena refletiu, contudo, sobre o volte-face da atual direção.
“O que terá levado então a direção do PS-Madeira a convidar Carlos Pereira, a engolir em seco este elefante?”, questionou-se.
Em seu entendimento, duas razões.
“Em primeiro lugar os fracos resultados das eleições europeias. A escolha de uma candidata [Sara Cerdas] desconhecida, de que quem nunca se conheceu uma atividade cívica, uma opinião política, uma posição pública sobre qualquer assunto, antecipava o resultado que só a cegueira irresponsável permitiu que isso acontecesse”, apontou, concluindo que “o resultado foi fraco e ainda que os ‘culpados’ não assumissem o desastre, terá havido alguém que os chamou à razão antes que o descalabro fosse maior”.
A segunda razão é a “competência” de Carlos Pereira, “político conhecido pelas provas dadas, reconhecido pelo seu valor, acreditado no panorama nacional, defensor de ideias, sempre pela Madeira”.
Para Vilhena, “não fosse a sua perseverança, o trabalho e a astúcia política e podia ter-se deixado aniquilar pelo canal inquinado que tem ligado à Madeira a Lisboa”.
“A credibilidade é fundamental. E é por isso que o nome de Carlos Pereira aparece a encabeçar a lista do PS-Madeira às legislativas em outubro. Em segundo lugar vem o filho do atual presidente e com isto está tudo dito. Mais um filho do papá. Não há paciência”, sentenciou.
Dirigindo-se diretamente a Carlos Pereira, manifestou: “Desejo-lhe paciência também para uma campanha ao lado de quem lhe espetou tantas facas nas costas”, rematou. (JM)
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