Discurso no Dia da Região
Gil Canha lembra a Joana Marques Vidal
que a corrupção também capturou
o aparelho judicial
Esta semana, a antiga procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, disse na comunicação social que há “redes de corrupção e compadrio na contratação pública”, e que essas redes estão disseminadas por vários organismos do próprio Estado português, desde ministérios, serviços diretos ou indiretos do Estado, até as próprias autarquias.
Na nossa opinião, esta ilustre magistrada só se esqueceu de se referir ao próprio aparelho judicial, que, em muitos casos, também foi capturado por essas tais redes de corrupção e influência, que utilizam certos magistrados sem escrúpulos para travarem investigações, absolverem governantes que praticaram atos ilícitos e lesivos dos interesses da comunidade, e pior ainda, engendram decisões e sentenças completamente estapafúrdias para perseguirem os cidadãos que se atrevem a pôr em causa essas mesmas práticas criminosas, e que, felizmente, não foram mais longe, porque entretanto, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem começou a impor a sua jurisprudência sobre a liberdade de expressão que o nosso país prometera respeitar.
Então aqui na região, os requintes maquiavélicos que tomaram certos magistrados para silenciar as oposições e perseguirem todos aqueles que ponham em causa a oligarquia dominante e suas maroscas, tomaram proporções verdadeiramente kafkianas, em que os jornalistas ou os críticos são duramente castigados pelos tribunais, enquanto os corruptos ligados a processos como o “Cuba Livre”, o caso dos milhões de euros de faturas falsas engendradas num apartamento na Nazaré, o processo de investigação à Máfia dos portos da Madeira, as golpadas de milhões de euros à segurança social, a falsificação de assinaturas em concessões públicas, - são absolvidos ou recebem sentenças leves para “inglês ver”!
E hoje que estamos todos aqui a comemorar o Dia da Região Autónoma da Madeira não nos podemos esquecer que a nossa região também foi capturada pelos grandes grupos económicos que controlam toda a nossa economia, que parasitam o orçamento público com uma ferocidade nunca vista; que exploram o povo madeirense como verdadeiros senhores feudais, monopolizando os transportes marítimos, a distribuição de bens alimentares, a energia, o centro internacional de negócios, as inspeções automóveis, a rapinagem dos nossos recursos naturais, o controle da comunicação social, as parcerias público-privadas, e em todos os setores onde há dinheiro público, vemos estas “ratazanas” sem vergonha a rondar e a cheirar como verdadeiros vampiros da Transilvânia.
E o mais confrangedor é que a maioria dos nossos governantes, em vez de velarem pelo bem-comum e por uma boa administração da coisa pública, optam muitas vezes por facilitarem a atuação dessas redes de compadrio e corrupção, como muito bem denunciou a Doutora Joana Marques Vidal.
E com o aproximar das eleições, vemos esses grupos que enriqueceram e ganharam grande poder durante estes últimos 40 anos de cumplicidade criminosa governativa, a se posicionarem entre os MAIORES PARTIDOS (PSD, CDS e PS) para continuarem a usufruir dos seus privilégios e da sua influência política, sem que ninguém lhes deite a mão. (fenix do atlântico)
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