quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

AQUI SÓ ENTRAM LIVROS PROIBIDOS na biblioteca sueca de Malmo. Que adoptou o nome do jornalista etíope há 20 anos preso por delito de opinião

 AQUI SÓ ENTRAM LIVROS PROIBIDOS SUÉCIA. A DAWIT ISAAK TEM 1.600 OBRAS 


“HITLER MANDOU QUEIMAR O LIVRO [INFANTIL] POR SER PROPAGANDA DEMOCRÁTICA DEGENERADA”
 
O que une Harry Potter e Salman Rushdie? Foram censurados e são obras de destaque na biblioteca de Malmö.

Pensar que nós, enquanto sociedade, estamos imunes à censura e termos a liberdade de expressão artística como algo garantido é perigoso.” O alerta é da diretora de uma biblioteca muito especial. Fica em Malmö, na Suécia, e só recebe obras que foram proibidas, explica à SÁBADO Emelie Wieslander, diretora da biblioteca que tem como nome Dawit Isaak. Este escritor e jornalista está preso há mais de 20 anos na Eritreia, por se opor ao regime do país. Isaak, que também tem nacionalidade sueca, foi galardoado, em 2017, com o prémio Mundial da Liberdade Imprensa UNESCO. “Dawit Isaak simboliza o direito a escrever, criar e divulgar diferentes expressões culturais, o que é um direito humano.” Com um espólio de 1.600 livros, a biblioteca – única no mundo – combate uma tradição antiga: a censura. Terá começado na Idade Média, com a Inquisição a procurar obras literárias que fossem ofensivas à doutrina da Igreja Católica. Tinham como missão juntar um catálogo de livros censurados e fazê-los desaparecer. Esta restrição medieval à liberdade de expressão manteve-se durante séculos, sob o nome de Index librorum prohibitorum (ver caixa). Mas os exemplos de censura não terminaram na Igreja Católica. Também em Portugal, o infame lápis azul não permitiu, durante mais de 40 anos, que nada fosse publicado sem passar pela censura. Foram mais de 900 livros que a PIDE proibiu, de obras de Lenine às de Natália Correia. Mas a censura não é algo que tenha ficado no passado. Um exemplo são os livros da coleção Harry Potter, criados em 1997 por J. K. Rowling, um dos maiores sucessos da literatura infantojuvenil, que são frequentemente banidos de bibliotecas e escolas nos EUA, por razões religiosas. “Há pessoas que consideram os livros um sacrilégio ou satânicos”, explica Emelie. Livro banido na Alemanha nazi O que pode surpreender as pessoas é que muitos dos livros que se encontram na biblioteca sueca são de literatura infantil, como A História de Ferdinando, de 1936, do americano Munro Leaf. Este livro foi banido na Espanha de Franco e na Alemanha nazi, devido à sua mensagem pacifista. “Hitler mandou queimar o livro por ser propaganda democrática degenerada”, diz a diretora. Emelie está impressionada com a reação positiva das pessoas e até dos críticos. “Já fomos acusados de ser politicamente corretos, mas quando descobrem que temos livros como Mein Kampf [de Adolf Hitler], essas críticas desapareceram.”  (da revista Sábado)


Sem comentários:

Enviar um comentário