sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Dionísio Andrade considera o PSD Madeira, o partido do tachismo e fala das suas lutas inglórias contra o regime instalado

 Os derrotados
Sou um pouco mais gordinho, mas voo feliz fora da gaiola.

 Faz agora um mês que se realizou a eleição para Presidente da República, que foi ganha sem margem de dúvidas pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, com quem tive o grato prazer de jantar uma noite, no restaurante as Vides, no Estreito de Câmara de Lobos, há uns vinte e cinco anos atrás, num jantar restrito com jornalistas, a convite do meu amigo Ivo Caldeira, e numa altura em que Marcelo como líder partidário, e antes de ser famoso no comentário televisivo, e Presidente da República, estava mais interessado em saber quais os delfins de Alberto João Jardim, que estavam em melhor situação para suceder ao grande líder do que outra coisa qualquer.

   Marcelo trazia uma lista de cinco ou seis nomes, e trazia boas referências de um tal Manuel António. Lembro-me, na altura, de dizer ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa que era melhor ele esperar sentado para não se cansar, por uma manhã de nevoeiro para então surgir um novo líder do PSD/Madeira. Porque AJJ estava agarrado ao poder como uma lapa no ilhéu de São Jorge. Não falhei muito. Foram mais de 20 e tal anos para aparecer um Don Sebastião, o monárquico Miguel Albuquerque. Que não trouxe nada de novo, e só agravou a situação económica e de pobreza na Madeira, e com a pandemia ainda se agravou mais a situação, e colocou a Região num beco sem saída. Miguel Albuquerque governa para os Donos Disto Tudo.

 O jantar não foi vichissoise, que tanta intriga criou na altura no jornal Independente, e no meio político da capital, mas sim uma suculenta e tradicional espetada madeirense.

 Nas últimas eleições não votei no professor Marcelo Rebelo de Sousa, nem há cinco anos atrás, quando ele se candidatou pela primeira vez.

 Sou de esquerda, nunca poderia votar num candidato de direita, como oportunisticamente fez Paulo Cafôfo líder do PS/Madeira, e Victor Freitas que "pariu" politicamente um Cafôfo "agachado" aos Donos Disto Tudo, que se apropriaram antecipadamente de uma vitória que não era deles. Porque eles têm medo das derrotas. Eu não tenho medo das derrotas. Aliás neste século ainda não tive o gosto de uma vitória em eleições presidenciais. E estas derrotas foram pretexto de umas valentes gargalhadas com o meu amigo Luís Calisto sobre o historial de derrotas nos últimos anos. Mas as derrotas para mim funcionam sempre como vitaminas. E as derrotas só me fortalecem.

 Em 2001 votei no historiador Fernando Rosas. Uma derrota. Em 2006 votei no poeta Manuel Alegre. Outra derrota. Em 2011 votei no meu amigo José Manuel Coelho, onde me empenhei na sua campanha. Apesar de um bom resultado na Madeira, nova derrota. Em 2016 votei no drº Paulo Morais, um grande combatente contra a corrupção. Mais uma derrota. E em 2021 votei na drª Ana Gomes, outra grande combatente contra a corrupção. Uma derrota anunciada.

 Eu devo ser masoquista, porque tinha tudo para ser um vencedor, e afinal sou um derrotado, um vencido da vida, como costuma brincar comigo, o meu amigo Gil Canha.

 Sim, poderia ter sido um vencedor nos últimos 40 anos, porque foi a minha família que implantou o PPD no norte da Madeira, a seguir ao 25 de Abril de 74, desde o Porto da Cruz até São Vicente. Foi o meu tio professor Nicolau Gregório de Freitas, o grande dinamizador da social democracia, numa altura em que outros pardalões políticos se passeavam, por outros partidos, e depois foram bater ao albergue espanhol em que se transformou o PPD. O meu tio foi deputado na Assembleia da República desde a constituinte durante vários anos. Foi também Presidente da Câmara Municipal de Santana. Nunca lhe pedi um "tachinho", nem no governo, nem na Câmara Municipal.

 A minha mãe, professora Isabel de Freitas Andrade também foi uma grande dinamizadora do PPD, quando outras professoras andavam nas esquerdas. Foi deputada durante 4 anos na velhinha Assembleia Regional na Avenida Zarco. Também nunca lhe pedi para exercer influência para arranjar um emprego no senhor governo.

 O meu pai, Manuel Dionísio Marques de Andrade foi o primeiro Presidente da Assembleia Municipal de Santana em regime democrático, a seguir ao 25 de Abril. Também não lhe pedi para ter um trabalhinho na senhora Câmara.

 Nessa altura Miguel Mendonça que chegou a ser Presidente da Assembleia Municipal de Santana, e Presidente da Assembleia Regional estava no partido socialista. Miguel de Sousa vice-presidente do Governo e vice-presidente da Assembleia Regional estava no CDS. Santos Costa que criou uma dívida oculta e monstruosa como secretário regional do Equipamento Social estava na FEC, Frente de Esquerda Comunista, e mais tarde UDP. Miguel Albuquerque, actual Presidente do GR, andava nas esquerdas tão em moda a seguir ao 25 de Abril. A malta da minha geração também andava nas esquerdas quando andavam a estudar no continente, mas logo que chegavam à Madeira para arranjar um emprego no governo ou nas câmaras diziam que eram do PPD desde pequeninos.

    O problema político na Madeira, é que está cheio de oportunistas, paraquedistas e sociais-trepadores. O PSD devido a este oportunismo transformou-se numa oligarquia, que não tem nada a ver com a social democracia que eu conheço bem nos países da Escandinávia onde vivi os melhores momentos da minha vida.

 Assumo as minhas derrotas, e as minhas escolhas políticas, mas sou um homem livre sem necessidade de lamber as botas aos poderosos ou a andar a rastejar como muitos andam a chafurdar na pocilga do poder. Recebi alguns convites para me filiar em partidos, e a todos agradeci e declinei o convite. Não sou pessoa para estar preso numa "gaiola" de estatutos partidários ou dogmas políticos. Exerço a minha cidadania cívica, política, ambiental e sindical preso única e exclusivamente à minha consciência, ao código deontológico dos jornalistas, e estatuto dos jornalistas. É por isso que tenho uma aversão a oportunistas, lambe-botas, e seres rastejantes, que me provocam repulsa e que de mim têm rancor, porque nada mais dói a um pássaro de gaiola que ver outro a voar em campo aberto. (ver fénix do atlântico)
 Dionísio Andrade


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