sexta-feira, 28 de maio de 2021

Roubaram milhões e milhões com a "ajuda" dos magistrados dos tribunais, todos eles ao serviço da Maçonaria . Sobre este tema escreve Francisco Teixeira da Mota

 Gastaram o dinheiro à balda e nós pagamos

Escrever direito:

Francisco Teixeira da Mota
 Estou absolutamente convencido que se encontram, neste momento, nas prisões portuguesas, a cumprir pesadas penas de prisão por homicídio ou roubo, cidadãos muito mais sérios, honestos e humanos no que toca aos sentimentos que nutrem pelos seus concidadãos do que alguns dos personagens que têm vindo a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao Novo Banco. 
 Estou mesmo convencido que, em termos da chamada “educação para o direito” e da possibilidade de recuperação para uma vida decente em sociedade, haverá uma maior percentagem de casos perdidos e de irrecuperáveis nestes supostos empresários — empresários são aqueles que criam riqueza e não os que a destroem —, especuladores e financeiros do que naqueles que, muitas vezes na miséria das suas vidas, deram um passo em falso e se encontram atrás das grades. 
 O depoimento do empresário Luís Filipe Vieira, com uma dívida ao Novo Banco das suas empresas na ordem dos 400 milhões de euros, pela sua indigência e pela revelação dos mecanismos do poder dos bancos no nosso país, foi profundamente confrangedor e perturbante. Como aqui escreveu Mariana Mortágua, “Luís Filipe Vieira escapou sempre, entre reestruturações e favores, à convocação de um património que, sendo seu, no fundo, nunca lhe pertenceu. O próprio garante que o banco nunca quis avaliá-lo, mas que detém muito mais do que a ‘casa para palheiro’ que lhe é atribuída como única propriedade nos documentos da Comissão de Acompanhamento do Novo Banco. Vieira não é único, mas é um retrato acabado de uma economia ao serviço dos bancos e seus satélites”, ou ainda, também nas páginas deste jornal, João Miguel Tavares: “Nesse depoimento demonstrou, para além de qualquer dúvida razoável, que o Benfica é a porta giratória por onde circulam os seus negócios, os seus amigos, os seus sócios, o seu crédito, os seus favores, a reestruturação das suas dúvidas e, sobretudo, o seu poder.” Igualmente perturbantes foram os depoimentos do empresário Moniz da Maia e de Nuno Vasconcelos. O primeiro será que é o imbecil que pretendeu parecer quando (não) respondeu na Assembleia da República aos deputados? Parece-me que não: Deve ter-se ficado a rir com os seus cúmplices e assessores depois da “excelente” prestação que foi o seu depoimento. Não lhe arrancaram nada! O depoimento de Nuno Vasconcelos, pelo seu lado, foi repugnante. A arrogância e a petulância desta lamentável personagem levaram a que, num gesto inaudito, o presidente da CPI desse por findo o seu depoimento. 
 Não é possível nesta crónica, mesmo de forma resumida, contar o que foi a sinistra odisseia e meteórica ascensão da Ongoing que criou com o seu sócio Rafael Mora e que obteve exorbitantes créditos bancários sem prestar garantias reais, alimentando uma teia de cumplicidades que a jornalista Cristina Ferreira, num artigo aqui publicado em 25.08.2018, resumia assim: “Enquanto circulou o dinheiro, a Ongoing foi forjando as solidariedades que iam das grandes empresas (por exemplo, PT, EDP, BES, BCP ou CTT) à política, à maçonaria e às secretas. Solidariedades que permitiram a Vasconcelos e Mora (ambos visados actualmente em várias investigações criminais) aparecerem, ainda que num curto espaço de tempo, com o estatuto de símbolos de uma época marcada pela imagem e busca de influência.” Se a origem das dívidas ao Novo Banco e das irresponsáveis reestruturações das mesmas vão ficando levemente esclarecidas na CPI, no que toca à gestão do banco e à polémica venda dos activos persiste um “denso nevoeiro”, como afirmou João Costa Pinto, que presidiu à comissão independente que produziu um relatório (secreto) sobre a actuação do BdP no caso BES, numa entrevista da jornalista Cristina Ferreira. Na verdade, o desconhecimento dos últimos beneficiários não permite averiguar da eventual existência de conflitos de interesses nas vendas dos activos, ao mesmo tempo que a gestão do Novo Banco nomeada pelo Lone Star, em vez de, nessas vendas, procurar rentabilizar ao máximo os activos recebidos, como seria, de boa-fé, expectável, antes opta por sacar o máximo do Fundo de Resolução, suportado por todos nós. Pode-se dizer que, com alguns banqueiros, podemos estar descansados: seremos sempre ludibriados.


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