«Biografia de uma combatente
Nascida a 1 de Maio de 1922 em Alhandra, concelho de Vila
Franca de Xira, filha de trabalhadores agrícolas, Sofia Ferreira
conheceu as durezas do trabalho nas lezírias do Ribatejo com
10 anos. «Esse mundo do proletariado rural, particularmente
explorado na dureza da faina exercida, de sol a sol», que
«mourejava» a troco de «salários infames, assolado pela
miséria e pela violência dos poderes dominantes».
Sofia Ferreira «cedo foi levada para Lisboa para trabalhar numa
casa particular, como empregada doméstica», mas «o contacto
com a sua família de comunistas, em particular com as suas
irmãs, nunca se perdeu» e «foi através delas e da Organização
de Vila Franca de Xira que tomou contacto com o Partido».
Sofia Ferreira adere ao PCP em 1945 e, cerca de uma ano
depois «mergulha» na clandestinidade. Tinha 24 anos e começa
a exercer tarefas como funcionária numa tipografia clandestina
na Figueira da Foz, onde se imprimia O Militante e outras obras
do Partido».
«Sofia Ferreira assumirá desde os primeiros anos de actividade
na clandestinidade diversas responsabilidades – junto do
Secretariado do Comité Central, em tarefas de apoio e
protecção das casas clandestinas, na Organização Local do
Porto, onde foi responsável pela organização partidária em
empresas têxteis, e em serviços da Função Pública».
«Eleita para o Comité Central no V Congresso do PCP,
responsabilidade que manteve até 1988», em «finais dos anos
1960 assumiu tarefas na Organização Regional de Setúbal ,
Lisboa e, posteriormente, no Portugal de Abril, na Direcção das
Organizações Regionais de Setúbal e Beira Litoral. Em 1988,
continuou a trabalhar dedicadamente em tarefas centrais do
Partido, junto dos organismos executivos do Comité Central
até ao final dos seus dias»
«Sofia Ferreira é presa pela primeira vez em Março de 1949,
numa casa clandestina no Luso, juntamente com Militão
Ribeiro e Álvaro Cunhal. Perante a polícia comportou-se
sempre com grande coragem, superou espancamentos,
insultos e um prolongado isolamento durante seis meses, cinco
dos quais sem receber qualquer livro ou jornal. Julgada em 9 de
Maio de 1950 pelo Tribunal Plenário, foi condenada a três anos
de prisão. Após ter sido libertada não tardou em regressar à
luta da clandestinidade».
«Presa novamente em Maio de 1959», Sofia Ferreira foi
«submetida à tortura da estátua», tendo mantido «a mesma
firmeza e dignidade de sempre».
Julgada em finais de Maio de 1960 foi condenada a cinco anos
e seis meses de prisão mais três anos de medidas de
segurança, aguardou pelo julgamento durante um ano sem
nunca lhe ter sido permitido pela PIDE uma única entrevista
com o seu advogado de defesa. No total, Sofia Ferreira passou
mais de doze anos da sua vida encarcerada nas prisões
fascistas. Sofreu todo o tipo de privações e castigos, mas a
polícia fascista nunca conseguiu refrear o seu espírito
combativo, tendo voltado à clandestinidade poucos meses
depois de libertada, onde se manteve até ao 25 de Abril de
1974».
«A vida de combatente revolucionária de Sofia Ferreira era
conhecida no plano internacional e foi motivo de uma ampla
campanha mundial pela sua libertação. A sua presença em
Junho de 1969, em Helsínquia, no 6º Congresso da Federação
Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), à frente da
delegação portuguesa, suscitou um caloroso acolhimento
pessoal e da delegação portuguesa e uma onda de simpatia e
respeito por si e pela luta das mulheres portuguesas».
«Com a vitória da Revolução de Abril, Sofia Ferreira assume
importante papel na luta pela libertação de todos os presos
políticos, pela extinção da PIDE, da censura e do aparelho
repressivo do fascismo, pela defesa e consolidação das
liberdades democráticas». »
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