Críticas a juiz: caso foi ganho no tribunal europeu
O advogado do professor, Teixeira da Mota, admite: "Fui eu quem escreveu as cartas, o professor limitou-se a assiná-las. Nos anos que já levo de profissão, nunca soube de uma sentença que obrigasse um arguido a pedir desculpas públicas. Isso acontece nos acordos antes dos julgamentos, mas em sentenças nunca vi. Luis Figueiredo foi vítima de maus tratos judiciais que foram em parte resolvidos pelo TEDH".



Tondela, Viseu, 30 dez (Lusa) -- Um eleito da Assembleia de Freguesia de Molelos, no concelho de Tondela, foi detido na última sessão pública deste ano, que pretendia gravar com uma câmara de filmar, para depois reproduzir o conteúdo num jornal em que é diretor.
Em declarações à Lusa, Luís Figueiredo explicou hoje que a ordem de detenção foi dada pela GNR pouco depois das 21:00 de terça-feira, "em pleno funcionamento da sessão da Assembleia de Freguesia".
"Identifiquei-me como diretor do jornal Augaciar [publicação trimestral gratuita da Casa do Povo de Molelos] e comuniquei que iria filmar, pois a sessão era pública. Depois fui ocupar a minha cadeira de deputado, mas fizeram uma votação para que não filmasse, o que recusei, e chamaram as autoridades", descreveu.
JULGAMENTO DE LUÍS FIGUEIREDO CONTINUA A 1 DE JUNHO
Deputado de assembleia de freguesia detido por gravar sessão públicaDeputado de assembleia de freguesia detido por gravar sessão pública
Luís Figueiredo, deputado do PS da Assembleia de Freguesia de Molelos, foi condenado a 1350 euros de multa por não ter desligado a câmara após ordem da GNR.Deputado de assembleia de freguesia detido por gravar sessão pública
Os factos ocorreram no dia 29 de Dezembro, mas num país onde se diz que a justiça é lenta, na passada sexta-feira já o arguido fora julgado e condenado: Luís Figueiredo, deputado da assembleia de freguesia de Molelos e director do jornal da Casa da Povo daquela localidade, foi condenado à pena diária de 15 euros de multa durante 90 dias.Durante a tarde de hoje foi presente ao Tribunal de Tondela, que adiou o processo sumário para a tarde do dia 14 de janeiro de 2016.
"Para meu espanto, não sou acusado de gravação ilegal. Estou acusado de desobediência à autoridade, que mandou desligar a câmara de filmar e eu recusei-me", sustentou.
No seu entender, esta foi "uma ordem ilegítima da autoridade" que considera não estar obrigado a acatar e na qual vai basear a sua defesa.
Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Molelos, José António Dias, disse à Lusa que já no dia 21 de dezembro a sessão da Assembleia de Freguesia foi suspensa devido à insistência de Luís Figueiredo em filmar.
"Suspendemos a reunião desse dia e solicitámos um parecer jurídico sobre o assunto. O parecer ainda não chegou e ontem [terça-feira] a questão voltou a colocar-se", apontou.
José António Dias sublinhou que foi pedido bom senso a Luís Figueiredo, de forma a que desligasse a máquina, mas este não acedeu.
"Chegou mesmo a ser feita uma deliberação junto dos presentes, que votaram para que se desligasse a máquina de filmar. Como desobedeceu ao regimento da Assembleia de Freguesia, chamaram-se as autoridades", concluiu.
Deputado de assembleia de freguesia detido por gravar sessão pública
Motivo: nunca se deve desobedecer à GNR. Nem mesmo quando a ordem emanada é ilegítima, segundo alega o deputado municipal que naquele dia de Dezembro tinha montado um tripé com uma câmara para filmar a sessão da Assembleia de Freguesia de Molelos.
https://www.publico.pt/2016/02/17/local/noticia/deputado-de-assembleia-de-freguesia-detido-por-gravar-sessao-publica-1723516
Bloco solidário com membro de Assembleia de Freguesia detido pela GNR
A coordenadora distrital de Viseu do Bloco de Esquerda (BE) manifestou-se solidária com um eleito da Assembleia de Freguesia de Molelos, no concelho de Tondela, que foi detido na última sessão pública de 2015.

© Global Imagens

PAÍS
Em comunicado, o BE lamenta que, a 29 de dezembro, Luís Figueiredo tenha sido "detido pela GNR no exercício das suas funções, quando tentava proceder à gravação da sessão pública deste órgão autárquico".
No seu entender, tratou-se de "um grave atentado" à Constituição da República, que estabelece "o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações".
Por outro lado, "as reuniões dos órgãos deliberativos das autarquias locais são públicas, neles podendo estar presentes todos os que assim o desejem", acrescenta.
O BE lembra que "tem proposto em sede do processo de elaboração dos regimentos dos órgãos deliberativos das autarquias locais um pouco por todo o país, e também em Viseu, que as sessões dos mesmos sejam gravadas em vídeo e disponibilizadas publicamente no 'site' das autarquias locais em direto e em diferido".
Desta forma, pretende que "o funcionamento dos órgãos das autarquias locais esteja disponível para todos os cidadãos, permitindo assim uma responsabilização de eleitos perante os eleitores e um acompanhamento a quem não possa acompanhar presencialmente o funcionamento destes órgãos".
Por defender os princípios da publicidade, da transparência, da democracia participativa e da responsabilidade política dos eleitos perante os eleitores, o BE repudia "quaisquer ações que visem limitar a recolha de vídeo, imagem ou som de qualquer assembleia que funcione como órgão de soberania".
Na altura, Luís Figueiredo explicou à agência Lusa que pretendia gravar a sessão com uma câmara de filmar, para depois reproduzir o conteúdo num jornal em que é diretor.
"Identifiquei-me como diretor do jornal Augaciar [publicação trimestral gratuita da Casa do Povo de Molelos] e comuniquei que iria filmar, pois a sessão era pública. Depois, fui ocupar a minha cadeira de deputado, mas fizeram uma votação para que não filmasse, o que recusei, e chamaram as autoridades", descreveu.
O presidente da Junta de Freguesia de Molelos, José António Dias, contou que já tinha sido pedido um parecer jurídico sobre o assunto, que ainda não tinha chegado, tendo os presentes na sessão votado "para que se desligasse a máquina de filmar".
"Como desobedeceu ao regimento da Assembleia de Freguesia, chamou-se as autoridades", justificou.
Também a concelhia de Tondela do PS criticou o sucedido, referindo, no entanto, não estar surpreendida por "estas atitudes dos representantes do PSD que, passados muitos anos, ainda se julgam impunes a todos os atropelos contra a democracia e a liberdade".
"Os detentores de cargos públicos, onde se incluem todos os autarcas, estão sujeitos ao escrutínio popular e às consequências dos seus atos, não podendo invocar o desconhecimento da lei. O mesmo se aplica às autoridades quando ultrapassam a linha das suas competências", considerou.
Membro da assembleia de Molelos levado pela GNR por filmar os trabalhos
Um eleito da Assembleia de Freguesia de Molelos, no concelho de Tondela, foi detido na última sessão pública de 2015, que pretendia gravar com uma câmara de filmar, para depois reproduzir o conteúdo num jornal em que é diretor.
Em declarações à Lusa, Luís Figueiredo explico que a ordem de detenção foi dada pela GNR pouco depois das 21:00 de terça-feira, “em pleno funcionamento da sessão da Assembleia de Freguesia”.
“Identifiquei-me como diretor do jornal Augaciar [publicação trimestral gratuita da Casa do Povo de Molelos] e comuniquei que iria filmar, pois a sessão era pública. Depois fui ocupar a minha cadeira de deputado, mas fizeram uma votação para que não filmasse, o que recusei, e chamaram as autoridades”, descreveu.
Durante a tarde de hoje foi presente ao Tribunal de Tondela, que adiou o processo sumário para a tarde do dia 14 de janeiro de 2016.
“Para meu espanto, não sou acusado de gravação ilegal. Estou acusado de desobediência à autoridade, que mandou desligar a câmara de filmar e eu recusei-me”, sustentou.
No seu entender, esta foi “uma ordem ilegítima da autoridade” que considera não estar obrigado a acatar e na qual vai basear a sua defesa.
Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Molelos, José António Dias, disse à Lusa que já no dia 21 de dezembro a sessão da Assembleia de Freguesia foi suspensa devido à insistência de Luís Figueiredo em filmar.
“Suspendemos a reunião desse dia e solicitámos um parecer jurídico sobre o assunto. O parecer ainda não chegou e ontem [terça-feira] a questão voltou a colocar-se”, apontou.
José António Dias sublinhou que foi pedido bom senso a Luís Figueiredo, de forma a que desligasse a máquina, mas este não acedeu.
“Chegou mesmo a ser feita uma deliberação junto dos presentes, que votaram para que se desligasse a máquina de filmar. Como desobedeceu ao regimento da Assembleia de Freguesia, chamaram-se as autoridades”, concluiu.
Mais 3 pontos
ResponderEliminarViva este grande combatente da liberdade de expressão nesta república das bananas que é Portugal e onde vivem grandes abutres mamões com batas pretas
ResponderEliminar