terça-feira, 8 de julho de 2014

Aeroporto abriu Madeira ao mundo há 50 anos [manchete do DN de ontem]

Avião super constellastion da TAP que aterrou na Madeira no dia da inauguração do aeroporto

A “Hora Grande, soou!” e “Uma data para a História da Madeira” fizeram as manchetes do Jornal da Madeira e do Diário de Notícias da Madeira de 8 de Julho de 1964, data da inauguração do Aeroporto do Funchal. Na próxima terça-feira cumprem-se 50 anos de funcionamento da infraestrutura, um investimento de 180 mil contos (cerca de 900 mil euros) feito ao abrigo do II Plano de Fomento do Governo de Oliveira Salazar.
Inaugurado com pompa pelo então Presidente da República, Américo Thomaz – que fez escala na Madeira numa viagem marítima entre o continente e Moçambique -, o aeroporto era encarado como elemento do início de um novo ciclo de desenvolvimento da Região. A este propósito, o então director do Jornal da Madeira, Agostinho Gonçalves Gomes, não hesitava em escrever: “vai iniciar-se – acreditamos – a ‘Hora Grande’ do progresso económico-social do arquipélago da Madeira”. “O tempo, esse grande relógio dos homens, vai marcá-lo – Julho, dia 8, ano 64 do século 20”, acrescentava. Gonçalves Gomes considerava que “a ilha da Madeira, mais vinculada a Portugal, fica aberta ao Mundo”. “Chegou, finalmente, para nós, madeirenses, a era do avião!”, sublinhava.
Já Alberto de Araújo, director do Diário de Notícias da Madeira e presidente da Comissão Distrital da União Nacional, escrevia: “Se há dias que de antemão se pode prever que ficarão na História de uma terra, o de hoje é certamente um deles”.
Encerrando a página da época dos hidroaviões, o primeiro avião da TAP, um Super-Constellation, aterrou às 11:24 no Aeroporto de Santa Catarina. A história deste aeroporto viria a ficar negativamente marcada, no entanto, pelo acidente ocorrido a 19 de Novembro de 1977, quando um Boeing 727-200 da TAP se despenhou no final da pista, provocando 131 mortos.(1) O Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) apontou as condições meteorológicas adversas, aliadas ao comprimento da pista e a falha humana, como as razões para o acidente.
A pista viria a ser ampliada em 1986 de 1.600 para 1.800 metros, mas foi a 15 de Setembro de 2000 que a pista se estendeu até aos 2.781 metros de comprimento, numa obra de engenharia que permite que parte da estrutura seja suportada por pilares assentes num aterro conquistado ao mar. A obra, num valor superior a 500 milhões de euros, suportados pela Região e por fundos comunitários, foi inaugurada pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio. Em 2002, foi inaugurado o novo terminal, com capacidade para receber 3,5 milhões de passageiros por ano.
Em termos de movimento, o aeroporto do Funchal registou no primeiro ano de funcionamento 1.724 operações de aviões (descolagens e aterragens) e a circulação de 69.142 passageiros. No ano passado, registaram-se 23.335 operações e a passagem de mais de 2,3 milhões de passageiros.



Momento histórico. A aterragem do Boeing 747 na inauguração da nova gare, em 2002

Jardim lamenta que Estado Português não tivesse apoiado ampliação
A propósito dos 50 anos da infraestrutura, o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, colocou a tónica na ampliação da pista, para considerar que “o presente aeroporto é completamente diferente, a pista é diferente, os meios técnicos são diferentes, a gare e todos os serviços são diferentes [dos inaugurados em 1964]. Foi uma conquista importante para a Madeira”.
Considerada a obra mais emblemática dos 36 anos que leva à frente do Governo Regional, a ampliação da pista do aeroporto do Funchal é, também, motivo para um lamento de Jardim em relação ao Governo da República. O líder madeirense não esquece que o Estado português “não tenha investido um tostão nesta infraestrutura” que, sublinha, devia ter sido considerada “um projecto de interesse nacional”.
Motivo de orgulho para Alberto João Jardim é o facto de a Região já não ter encargos com aquela obra, face à passagem da gestão dos oito aeroportos portugueses que integram a concessão da ANA e do Aeroporto da Madeira ao grupo francês Vinci. “Com a concessão dos aeroportos portugueses, o concessionário assumiu a dívida, o que nos libertou de um encargo bastante pesado”, disse Jardim. (Dn/só disponível para assinantes)

(1) Neste voo fatídico uma das vítimas mortais era a filha de José Nicolau de Freitas “O Professor” abastado comerciante de Santa Cruz. A jovem vinha de Lisboa da universidade, onde andava a estudar.






 
Ouça o depoimento do subchefe Vieira (já falecido)
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