quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Onde andam as associações dos direitos de autor? Cobram dinheiros aos pequenos empresários e não ajudam os artistas!

Afinal para que servem as Associações dos Direitos de Autor? Apenas e só para encher a barriga de uns quantos oportunistas que vivem parasitariamente à custa dos artistas e actores.Quando se trata de ajudar, onde é que andam eles?
 (Estas Associações cobram coercivamente uma taxa pelo uso de aparelhos de Televisão que estejam dentro dos estabelecimentos comerciais. Dizem que é para ajudar os autores e artistas quando estes caírem em dificuldades; mas afinal onde é que está essa ajuda perante esta triste situação?)

Chegam-nos notícias que até a própria Segurança Social lhe cortou o Rendimento Social de Inserção (RSI)!
 O que é que faz o Marcelo das selfies perante mais este caso? Logo ele que é tão amigo dos pobrezinhos e dos sem abrigo! Hipocrisia, pura hipocrisia!

Sozinho numa tenda morreu um actor, José Lopes era o seu nome

O actor de 61 anos iniciou o seu percurso na década de 1970 e, além da actividade no teatro, dedicou-se também ao cinema. Dificuldades financeiras confinaram-no à tenda onde foi encontrado morto esta semana. Sobre si mesmo dizia que “ser actor, mais do que uma profissão, é uma condição”. Rui Zink recorda o primeiro encontro, ainda nos anos 1970: “Era como ver um diamante no meio do pechisbeque.” O funeral é esta quinta-feira, às 15h, no Cemitério da Ajuda.
O teatro era a sua grande paixão e era nos palcos que se realizava plenamente, quer em peças de Jean Genet ou de Lope da Vega, quer levando o teatro às ruas da cidade, como o amigo Rui Zink o viu fazer nos anos 1980. Sendo o teatro a sua grande paixão, vimo-lo também no cinema e era conhecido o seu talento enquanto guitarrista. José Lopes, 61 anos, foi encontrado morto no início desta semana. Segundo o relato de amigos do actor nas redes sociais, a morte encontrou-o sozinho na tenda que tinha por habitação, junto a uma estação ferroviária da zona de Sintra.
A morte de José Lopes foi confirmada ao PÚBLICO pela directora e encenadora do Teatro Maizum, Silvina Pereira, grupo com o qual José Lopes trabalhou durante anos. O PÚBLICO contactou o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa e, reencaminhado para a Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR, recebeu desta a informação p0r email de que “a GNR, na sua área de responsabilidade, não tem registo de nenhuma ocorrência que corresponda à situação descrita”.Nascido a 31 de Março de 1958, revelou o seu talento ainda no contexto do teatro amador, num grupo emanado do Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. “Anos 1970, pós 25 de Abril e um professor de Filosofia que ajuda a estabelecer um grupo de teatro”, conta Rui Zink ao PÚBLICO. Excluídas hipóteses como Teatro da Revolução ou O Povo Vencerá, o novo grupo é baptizado Os Arletes (era o nome de uma colega). “Foi aí que conheci o José Lopes e impressionou-me pela clareza de pensamento e nítida vocação. Era como ver um diamante no meio de pechisbeque”, elogia o escritor e professor universitário.
O percurso profissional posterior de José Lopes, que chegou a frequentar o curso de Antropologia Social, de tão óbvio lhe pareceu no encontro n’Os Arletes, não constituiu qualquer surpresa. Rui Zink seguiu-lhe o percurso em várias peças, destacando em especial o momento em que, numa encenação de Rogério de Carvalho para O Paraíso não Está à vista, de Fassbinder, teve a confirmação definitiva. “Vi o José Lopes enquanto potência e vi-o enquanto actor mesmo.”
Ao longo da sua carreira, surgem entre as diversas peças em que participou Os Negros, de Jean Genet, com encenação do supracitado Rogério de Carvalho, Epopeia de Gilgamesh, com tradução de Pedro Tamen e encenação de Adolfo Gutkin ou a Vida e Morte de Bamba, de Lope de Vega, que Luis Miguel Cintra encenou em 1989. Com Cintra, trabalhou também, em anos mais recentes, na Escola Superior de Teatro e Cinema, colaborando na disciplina de direcção de actores.
Espectadores além-fronteiras puderam vê-lo no Festival Internacional de Teatro de Lovaina, Bélgica, em Eu, Antonin Artaud, ou em Barcelona, no Festival de Teatro de Sitges, participando numa encenação de Adolfo Gutkin dedicado ao mito de Drácula. Paralelamente, tinha a guitarra que tocava com perícia — conta-se que, muito jovem, terá até acompanhado José Afonso — e tinha a sétima arte, surgindo como actor em produções independentes como Adeus Lisboa, de João Rodrigues. Neste momento, podemos recordá-lo através daquela que Rui Zink refere como “a última intervenção” do actor de que tem conhecimento: é José Lopes que dá voz a vários poemas de Fernando Pessoa que integram o arquivo online multipessoa.net.

“Era 110% actor"Foi no âmbito da apresentação de Adeus Lisboa nos Encontros Cinematográficos do Fundão, em 2016, que, entrevistado juntamente com o realizador, disse o seguinte: “Ser actor, mais do que uma profissão, é uma condição.” Rui Zink confirma-o quando nos diz que “a música, essas outras paixões todas” surgem como adendas ao principal: “O forte dele, a coisa que ele era a 110% era actor.” E por isso o víamos nos anos 1980 a pisar os palcos profissionais, mas, ao mesmo tempo, conta Rui Zink, a entregar-se a manifestações amadoras e à intervenção directa num grupo como os Felizes da Fé, que criava happenings desafiadores nas ruas das cidades, com a lisboeta Rua Augusta como cenário privilegiado.

Ao falar do actor, Rui Zink recorda alguém “de uma entrega total”, um homem “excelente quer na entrega como artista, quer na candura como pessoa”. Abordando o contexto dramático que rodeia a sua morte, confinado a uma tenda por dificuldades económicas, situação de que não tinha conhecimento, Zink diz primeiro que “de todos os artistas, os actores são os mais vulneráveis, porque são poetas que dão o corpo ao manifesto”: “Os poetas da escrita protegem-se melhor. O poema poderá estar em carne, mas o poeta está aconchegado. O actor não está.” Acrescenta então que vê no teatro “o elo mais fraco das nossas artes da escrita, porque o teatro exige público” e Portugal “é um país que não ama o teatro, que nunca o amou”, um país “cujos poderes se relacionam com a cultura viva, e o teatro é disso exemplo máximo, de um modo muito cínico”. “A cultura continua a ser um penacho”, denuncia.
Olhando em redor, observa no sector, e especificamente nos actores, uma grande vulnerabilidade. “A falha no apoio à gente do teatro é tão visível que, muitas vezes, a solidariedade é gente que não tem nada a tentar apoiar gente que ainda menos tem.” No caso de José Lopes, acresce ainda o seu pudor e a sua reserva. “Era alguém que argumentava e defendia as suas ideias, mas não levantava a voz. Eu levanto a voz, tenho mau feitio, grito com as pessoas e faço inimigos. O José Lopes não. Não levantava a voz, era um puro, e os puros lixam-se.”
Nas suas redes sociais, actrizes como Ângela Pinto e Carla Vasconcelos, entre outros, deram conta de uma recolha de donativos para a realização das cerimónias fúnebres de José Lopes. O funeral tem lugar quinta-feira, partindo o corpo, às 15h, depois de uma breve cerimónia às 14h45, para o Cemitério da Ajuda. (PÚBLICO)



1 comentário:

  1. Porque é que os badamerdas da esquerda que agora fazem-se "cheios de pena dele", não lhe deitarem a mão. Ele andou sem abrigo porque quis.Portanto,como diz o ditado "cada um tem aquilo que merece".

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