sexta-feira, 27 de julho de 2018

«O Coelho tinha razão» exclama Juvenal Pereira em artigo de opinião no Diário





Uma coisa é certa, sem eles a unidade de saúde mental do reino não terá o mesmo divertimento

27 JUL 2018 / 02:00 H.

Não vos vou falar do ferry, hospitais, aumento do molhe da pontinha ou outras megalomanias pré-eleitorais, deixarei esses temas para aquecer as longas e frias noites de inverno 2018/2019. Vou contar-vos apenas com uma singela história de um reino encantado.Num pequeno reino, rodeado pelo Oceano, habitado por 260 mil animais de várias cores, havia um excêntrico coelho que até já havia se candidatado a rei do reino mas os outros animais de maior porte nunca lhe permitiram tal veleidade. Não obstante, pertencia ao congresso dos animais mas as suas opiniões eram diametralmente opostas aos seus pares e por isso não o levavam a sério. Até os pés-descalço do reino, que no princípio lhe achavam graça, começaram a duvidar da sua sanidade mental pelas suas atitudes e palavras que, com provas ou sem provas, acusava os poderosos do reino que não lhe perdoaram a ousadia. Tão ousado era que por vezes apresentava-se no congresso do reino “despelado”, colocava um medidor do tempo ao pescoço, desfraldava uma bandeira de outro reino, apresentava-se com pelo de prisioneiro e até interrompia constantemente as sessões em que participava, impedindo os outros animas de intervir, até que o animal-mor via-se obrigado, periodicamente, a interromper as sessões do plenário dos animais que queriam também mandar uns bitaites e não conseguiam devido à irreverência do pequeno mamífero.Na verdade, em surdina, os animais magros e gordos do reino até admitiam que o coelho tinha razão quando falava do “lobbie” da construção, da corrupção que invadiu o pequeno reino, dos favores aos amigos do sistema, das nomeações amigas e bem remuneradas e do défice democrático já que o reino em 37 anos conheceu sempre o mesmo bicho-rei de cor laranja e quando foi substituído por outro da mesma cor, nada melhorou. O coelho bem denunciava o sistema de saúde e até da justiça do reino que funcionava sempre a favor dos mais fortes. Na verdade, com ou sem razão, o coelho era tão “desbocado” que até os animais com trombas, cristas ou penas já não suportavam o esforçado coelho e, por vezes deixavam-no a falar só, abandonando a sala dos eleitos. Um dia até se atreveu a acusar, sem provas, uma magistrada do reino de andar às cambalhotas com outros animais da classe superior e... foi dentro. Foi condenado a ficar preso numa coelheira com grades ou em alternativa colocar um chip numa orelha. Era tão incompreendido o pobre coelho que chegou a lamentar-se que toda a ração que ganhava não chegava para pagar indemnizações ao sistema e ás virgens ofendidas do reino.O coelho desta história, fruto de uma relação, trouxe ao Mundo uma coelhinha que, assim que as asas lhe permitiram voar, o coelho pai não hesitou em garantir-lhe um lugar na sala dos eleitos já que ela tinha jeito para espigar o pelo e seguia exatamente as peugadas do progenitor quer no modo de falar, gesticular e acusar só não se atrevendo a “despelar-se” no hemiciclo do reino.Esta fábula teve lugar um ano antes das eleições por isso todo o reino está expectante para saber se o sacrificado coelho e a sua cria serão eleitos pela bicharada no ano da graça de 1019. Uma coisa é certa, sem eles a unidade de saúde mental do reino não terá o mesmo divertimento. (ver diário)


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