«Enquanto em muitas zonas costeiras mundiais os governos desincentivam a construção de infraestruturas junto da orla costeira, aqui na Madeira entra-se pelo mar dentro. A loucura já começou no chamado Calhau de São Vicente. Que haja dinheiro de fartura para defendê-la do avanço do mar. E para melhor esclarecimento, recordo um comunicado da COSMOS, emitido a 7 de abril de 2017.
"A Cosmos - Associação de Defesa do Ambiente e Qualidade de Vida, tomou conhecimento esta semana, que o actual executivo camarário de S. Vicente pretende construir um parque de estacionamento para viaturas ligeiras e pesadas, na sua frente-mar, denominada “Calhau”, (lado poente do Restaurante Quebra-Mar).
Depois da artificialização insensata da nossa orla costeira, em que o anterior regime construiu inúmeras obras costeiras por toda a ilha, muitas delas actualmente ao abandono por falta de recursos financeiros para mantê-las do avanço crescente do mar, vem a Câmara de S. Vicente, com mais esta estapafúrdia ideia, julgamos nós eleitoralista, de avançar novamente com mais uma obra pelo mar-dentro.
No momento actual, denominado por Mudança Global planetária, cujo vector principal são as alterações climáticas e a consequente subida do nível do mar, já levaram a maioria dos países com fronteira marítima a promoverem o recuo planeado e estratégico da zona costeira, porque é uma zona de risco e onde os governos não estão interessados em gastar milhões de euros para fixá-la nem indemnizar aqueles que se aventuram nela.
E o mais curioso, é que actualmente, o Concelho de S. Vicente já está a sofrer este terrível fenómeno do Movimento Transgressivo do Mar, nomeadamente na Freguesia de Ponta Delgada, onde no segmento costeiro localizado entre a ER 101 e a Estrada Padre Casimiro Freitas Abreu, tem neste momento moradias, terrenos e infra-estruturas agrícolas ameaçadas pelo avanço do mar, e em algumas delas, o mar já conquistou vários metros de terreno, sem que a autarquia mostre qualquer preocupação por este alarmante evento.
Igualmente, na vizinha Freguesia do Seixal, temos um triste exemplo de alguém que tentou desafiar o mar, construindo na beira-mar uns tanques em betão para aquacultura, actualmente em ruínas, porque o mar invadia constantemente as instalações e não houve dinheiro para mantê-las.
Deste modo, esta associação vai mover todos os esforços, nomeadamente junto das instâncias europeias, para demover a autarquia de S. Vicente em prosseguir com esta peregrina e absurda ideia.»
Funchal, 7 de Abril de 2017
A Direção
Dionísio Andrade
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