quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Homenagem ao grande dramaturgo alemão Bertolt Bresct

  No dia 14 de Agosto de 1956 faleceu o revolucionário Bertolt Brecht. Seu trabalho no teatro capturou seu compromisso radical com a política socialista e a sua luta pela emancipação do povo trabalhador. Ele é um dos mais importantes dramaturgos, poetas e pensadores do século XX.

Um marxista, que buscou novas maneiras de unir arte e política, um dos escritores modernos mais inovadores. Criador do teatro épico, sua obra visava esclarecer as questões sociais da época.
Começou a escrever ainda jovem, publicando seu primeiro texto em um jornal em 1914. Cursando Medicina, trabalhou em um hospital em Munique durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1918 escreveu as peças Tambores da Noite e Baal, que foram encenadas em Munique. Em 1919, ingressou no Partido Independente Socialista. Em 1923 casa-se com Marianne Zoff, com que teve uma filha. Escreve O Homem é um Homem e em 1927 muda-se para Berlim, onde junto com o músico Kurt Weul criam a Ópera dos Três Vinténs, que fez grande sucesso.
Nos anos seguintes escreveu as peças, como Happy End, Santa Joana dos Matadouros, A Mãe, entre outras. Iniciada a perseguição nazista a oposição política em 1933, Brecht exilou-se na Suíça, depois em Paris e na Dinamarca. Nessa época escreveu Terror e Miséria do Terceiro Reich e A Vida de Galileu.
Com a invasão da Dinamarca pelos alemães, Bertolt Brecht se exila em Nova York. Somente em 1947, dois anos após a Segunda Guerra Mundial, retorna para Berlim. Em 1948 publica o livro Estudos Sobre Teatro, onde apresenta a teoria do teatro épico. Em 1949, com o apoio do governo da Alemanha Oriental, Bertolt Brecht fundou uma companhia de teatro a Berliner Ensemble, que montava principalmente as suas peças.
Bertolt Brecht faleceu em Berlim, de ataque cardíaco, no dia 14 de Agosto de 1956. Não havia dúvida de que ele se tornara definitivamente um clássico.

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


O que tem fome e te rouba
O último pedaço de pão, chama-o teu inimigo
Mas não saltas ao pescoço
Do teu ladrão que nunca teve fome.


Não queres continuar a trabalhar conosco

Ouvimos dizer: não queres continuar a trabalhar conosco.
Estás arrasado. Já não podes andar de cá para lá.
Estás muito cansado. Já não és capaz de aprender.
Estás liquidado.
Não se pode exigir de ti que faças mais.

Pois fica sabendo:
Nós o exigimos.

Se estiveres cansado e adormeceres
Ninguém te acordará nem dirá:
Levanta-te, está aqui a comida.
Porque é que a comida havia de estar alí?
Se não podes andar de cá para lá
Ficarás estendido. Ninguém
Te irá buscar e dizer:
Houve uma revolução. As fábricas
Esperam por ti.
Porque é que havia de haver uma revolução?
Quando estiveres morto, virão enterrar-te
Quer tu sejas ou não culpado da tua morte.

Tu dizes
Que já lutaste muito tempo. Que já não podes lutar mais
Pois ouve:
Quer tu tenhas culpa ou não:
Se já não podes lutar mais, serás destruído.

Dizes tu: Que esperaste muito tempo. Que já não podes
ter esperança.
Que esperavas tu?
Que a luta fosse fácil?

Não é esse o caso:
A nossa situação é pior do que julgavas.

É assim:
Se não a levarmos a cabo o sobre-humano

Estamos perdidos.
Se não pudermos fazer o que ninguém de nós pode exigir
Nos afundaremos
Os nossos inimigos só esperam
Que nós nos cansemos.

Quando a luta é mais encarniçada
É que os lutadores estão mais cansados.
Os lutadores que estão cansados demais, perdem a batalha.

Bertolt Brecht


OS QUE LUTAM
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.

O Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

Para quem tem uma boa posição social,
falar de comida é coisa baixa.
É compreensível: eles já comeram.



1 comentário: