O ARGUIDO QUE É FISCAL MUNICIPAL E JOSÉ ANTÓNIO GARCÊS NÃO FORAM AO JULGAMENTO
MIGUEL FERNANDES LUÍS
mfluis@dnoticias.pt
A professora e directora da escola de São Vicente que foi vítima de diversos actos intimidatórios e violentos nos anos de 2021 e 2022, que culminaram na colocação de um engenho incendiário no seu carro a 9 de Abril de 2022, associou essas situações ao relacionamento amoroso que mantinha à época com o então presidente da Câmara, José António Garcês. O fiscal municipal que alegadamente colocou a referida bomba' fazia questão de dizer que era "muito amigo" da ex-esposa do autarca e mostrava-se desagradado com o novo relacionamento, observou a docente, ontem, no tribunal do Funchal (Edifício 2000), no início do julgamento do único arguido no processo.
Ontem, nem o arguido nem José António Garcês, que é testemunha no processo, compareceram em tribunal. O fiscal municipal, c que meteu uma licença sem vencimento no trabalho quando começou a ser investigado, entregou um atestado relacionado com c e doença psiquiátrica. Já o ex-presidente informou o tribunal que, a desde 29 de Outubro, é deputado no parlamento madeirense, pelo que só poderá prestar declarações em sede judicial com a devida autorização da Assembleia.
Estas ausências não impediram o colectivo de juízas presidido por Teresa de Sousa de dar início ao julgamento. A primeira sessão foi quase toda preenchida com as declarações da vítima, que se constituiu assistente no processo. A professora descreveu que, a partir de Agosto de 2020 e durante alguns meses, teve um relacionamento amoroso com o então presidente da Câmara, que nessa altura já estava divorciado e a viver fora de casa. Na opinião da professora, foi esse facto que deu início à "telenovela mexicana" em que se viu involuntariamente envolvida. Recebeu cartas ameaçadoras, a avisá-la de que deveria acabar o namoro. "Ele [o fiscal municipal] tinha uma página 'Fame Portugal' no Facebook e dizia que era muito amigo da família e da esposa do senhor presidente, adepto da moral e dos bons cos-tumes. Inclusivamente referia-se à ex-esposa do senhor presidente como primeira dama, tal como aparecia nas cartas anónimas", disse a testemunha/assistente.
Conforme o DIÁRIO noticiou a 4 de Outubro passado, a professora colocou recentemente uma acção cível em tribunal contra o ex-presidente do município nortenho, a reclamar a devolução da verba de 50 mil euros que aplicou num investimento conjunto na compra de um palheiro, quando ambos ainda mantinham o relacionamento.
O julgamento do alegado autor do engenho incendiário prossegue a 14 de Janeiro de 2026, às 14h15. A terceira sessão ficou marcada para 14 de Abril. Prevê-se que José António Garcês venha a testemunhar numa destas audiências.



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