quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Mesmo quando as lutas são inglórias no derrube das ditaduras, elas são actos de heroismo

"Quando os revolucionários têm razão antes do tempo" (Camilo Mortágua)

 Na noite da passagem de ano de 31 de dezembro de 1961 para 1 de janeiro de 1962 ocorreu uma tentativa de golpe civil e militar para derrubar a ditadura. Ficou conhecido como a “Revolta de Beja”, dois civis morreram.

Foram semanas de secreto planeamento, de contactos e de deslocações que culminaram num inesperado assalto ao Regimento de Infantaria de Beja. A liderar este irreverente acontecimento estava o capitão João Varela Gomes, com o major Francisco Vasconcelos Pestana, o capitão Pedroso Marques, o tenente Brissos de Carvalho, bem como os civis Manuel Serra e Fernando Piteira Santos que, com cerca de 300 homens, civis e militares, realizaram este golpe. Ele havia sido previamente planeado por Humberto Delgado, que tinha entrado clandestinamente no país, proveniente de Marrocos, para esta operação.
O plano passava pela tomada do quartel, a obtenção de armas e, de seguida, pelo envio de colunas para vários pontos do país: os militares dominariam os quartéis e os civis, ocupariam as centrais de telecomunicações, os postos da GNR e cortariam os sistemas elétricos.
A revolta foi dominada pelo Major Henrique Calapez, que foi considerado um herói pelo regime, Humberto Delgado regressou ao exílio e os implicados neste assalto, presos pela PIDE.
Embora a missão tenha fracassado, representou uma expressão do descontentamento, determinação e coragem de um grupo de civis e militares que tentaram o derrube do regime, até que, 13 anos depois, realizar-se-ia o 25 de Abril de 1974.
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Primeira página do Diário de Lisboa, 1 de janeiro de 1962


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