quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Alberto João Jardim, cai no ridículo depois de velho

Crónica de Gil Canha sobre o Alberto João


O ridículo mata!
Gil Canha


Foi uma coisa triste de se ver, o dr. Jardim, em pijama, acamado, com a cabecinha despenteada a despontar trémula no meio dos lençóis, prostrado como uma lontra ferida, no meio de uma galhofada cinematográfica, que o utilizou como engodo propagandístico dum filme amador.  
A imagem é de tal maneira degradante e confrangedora, que até para os inimigos políticos, como é o meu caso, a cena desperta uma certa compaixão, para não dizer pena. Ao vermos este outrora “animal” da política madeirense, de olhos a chispar lume, impondo respeito e temor aos seus adversários como um verdadeiro rei-leão, e vê-lo agora naquele quartinho bolorento, apagado como uma vela mortiça de velório, numa cena meio humilhante, é de despedaçar o coração a qualquer um.
Nos meus tempos de adolescente, tinha um amigo que era um entusiasta e admirador de Fidel Castro. No quarto dele tinha pregado vários posters icónicos do ditador cubano: Fidel na Sierra Maestra de metralhadora em punho; Fidel fardado e em pose revolucionária; Fidel discursando em Havana; Fidel fumando charuto junto a Che, tudo com muito estilo e rigor estético… 
O ano passado, encontrei esse meu amigo, e perguntei-lhe se ele ainda admirava o ditador cubano. – Cá nada! – respondeu-me. – Para mim, ele representava o David contra o Golias americano, depois, comecei a vê-lo de fato-de-treino, foleiro para caraças, como usam aqueles matarruanos barrigudos que se passeiam nos supermercados ao fim-de-semana, e bastou-me essa imagem degradante para me provocar o desencanto. E assim perdi para sempre a imagem romântica do meu herói barbudo.  
Dizem os entendidos, que as cenas confrangedoras e ridículas que determinadas figuras públicas fazem, causam mais prejuízos, desilusão e repulsa nos seus admiradores que propriamente uma falta ou um crime mais greve.  Imaginemos, por exemplo, ver o Bispo do Funchal mascarado de bailarina de ballet clássico, o Representante da República de fio dental numa praia para nudistas, ou Paulo Cafofo disfarçado de bruxa em cima duma mota, para criar nas pessoas um sentimento de desrespeito e repulsa. Aliás, a mente humana valoriza e aceita mais, o sublime, a postura grandiosa, a abnegação, a ordem estética e a coragem, mesmo de uma personagem má, que, por exemplo, um herói, que no meio dum combate deixa cair as calças ou grita para os seus inimigos com uma voz fininha de velha. É por isso e com toda a propriedade que se diz, que “o ridículo mata”!  
Adolf Hitler, por exemplo, tinha um pavor doentio ao anedótico e ao grotesco, que considerava serem os maiores inimigos de um estadista e do próprio regime. Nunca ninguém o viu em pelota, nem o seu próprio criado particular. Não consumia carne, não por ser vegetariano, mas simplesmente porque a carne lhe provocava flatulência - o que não seria para o glorioso povo alemão, se saber que o seu amado Führer se peidava a um ritmo alucinante.  Até nos célebres desfiles nazis, Hitler ordenava determinantemente que os líderes nazis pançudos marchassem nas filas de trás, para não manchar a estética grandiosa e viril da raça germânica.
Deste modo, e na mesma linha, escusava o Povo Superior da Madeira ver o seu ex amado líder Alberto João, prostrado numa modesta cama-de-ferro, numa humilhante posição de velho acamado, virtualmente a cheirar a remédios e a urina.  (fénix do atlântico)

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