quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

As conquistas democráticas não são um dado adquirido.Há sempre pessoas que as querem destruir

A advogada Joana Bento Rodrigues, é uma delas!

Ainda há coincidências. Este domingo, num almoço de comparsas, uma amiga minha que é gestora de redes sociais levantou uma questão que nos deixou ligeiramente intrigados: segundo ela, há no Twitter uma facção de rapazes e, sobretudo, raparigas entre os 16 e os 20 e poucos anos que têm visões reaccionárias sobre o papel da mulher na sociedade actual.
Segundo esta minha amiga, estes jovens defendem que a mulher deve é estar em casa a tratar dos filhos e não tem de almejar uma vida profissional independente e de sucesso. Espantei-me com a afirmação, mas relativizei. "Devem ser só uns tontos do Twitter", pensei. Horas mais tarde, estava a abrir outra rede social para dar de caras com inúmeros amigos que partilhavam o artigo de opinião doObservador que defende precisamente o mesmo: uma mulher decente é para estar em casa e ser simples agente de procriação. Por momentos, achei que o autor era o intrépido arquitecto Saraiva, mas estava enganado. Desta vez, o autor era… uma autora.
Em primeiro lugar, importa explicar que não sou contra toda e cada letra da autora — não embarcarei no ódio que por aí vi. Por exemplo, tenho as minhas reservas em relação à Lei da Paridade, apenas por achar que pode ser pouco meritória. Mero exemplo: se uma equipa tiver dez mulheres talentosíssimas e dez homens que ficam a dever fortunas à inteligência, temos de despedir cinco mulheres apenas para que os sexos fiquem igualmente representados? Estaremos a abdicar de talento em prol da representatividade. É problemático, no mínimo. Mas, infelizmente, Joana não explica bem esse seu ponto de vista, que seria bem mais importante de relevar. Em vez disso, prefere ser lírica (vou fazer um bocadinho de mansplaining, mas que se lixe: minha senhora, não se usam pontos de exclamação assim à balda, uma professora minha costumava dizer, com razão, que só se utiliza uma exclamação por ano) e exultar as qualidades femininas enquanto objecto de matrimónio e procriação.
A autora está no seu direito de defender esse papel da mulher — mas apenas para a sua vida pessoal. Eis o problema-chave: com esta forma de expressão, está a segregar todas as mulheres que não queiram casar, ser submissas ou até ser mães. Porque, idealmente, todas as mulheres são livres de fazerem o que bem entendem com os seus corpos e as suas vidas. Não têm de se subjugar a convenções ou lemas que asseguram que “a mulher considera que as tarefas domésticas são a sua função”, muito menos atacar feministas que têm as ideias no lugar, ou outra atrocidade semelhante. (ver Público)

Veja todo o retrógrado artigo de opinião AQUI

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