A cabotagem politica (reflexões de Raquel Coelho)

 

A Cabotagem política

«Na Antiguidade, os fenícios dominavam a navegação de cabotagem, contornando litorais e evitando os riscos do mar aberto. Como não possuíam bussolas não se atreviam a desafiar os oceanos, faziam os seus negócios, apenas costeando a terra e se circunscrevendo aquilo que conseguiam avistar. Aproveitando as correntes marinhas e o vento a seu favor.

Assim é a política actual, navega-se apenas onde é seguro, sem projeto de futuro ou coragem para enfrentar os grandes desafios.

Temos visto esse fenómeno em Portugal, em que os partidos se extremam à direita para cavalgar a onda do momento. O próprio PSD tem-se extremado nas suas posições para servir de tampão ao Chega.

Ideologia, coerência, medidas estruturais, na política actual vale quase nada. Aliás, a moda é até dizer que não há ideologia para poder navegar ao sabor do eleitoralismo. O que dá votos é o que interessa. Mesmo que seja uma mensagem demagógica, retrógrada, machista, egoista, racista, xenófoba e homofóbica.

Temas que julgávamos mortos e enterrados com a modernidade como a interrupção voluntária da gravidez e a noção da família tradicional voltam à baila.

Os partidos que mantêm a coerência no discurso e na ação são rapidamente ultrapassados por toda a sorte de oportunistas, sem espinha dorsal, dispostos a dizer tudo e o seu contrário para ter votos e viver à conta do gamelao público.

Felizmente, há quem ainda resista a esta tendência oportunista. Mesmo que isso signifique um rol sem fim de lutas inglórias.

Apesar das derrotas, prefiro estar do lado certo da História. Obrigada a todos os que votaram no PTP Madeira»

Resistiremos