Fernando Haddad homenagea o grande fotógrafo Sebastião Salgado

 

Morreu de malária, que contraiu em 1990, porque serviu a causa da Floresta Amazônica, Sebastião Salgado, talvez o maior fotógrafo ambientalista deste país. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação. Fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é um gesto profundo de amor pela humanidade e pela natureza. Sua lente revelou ao mundo o poder da ação transformadora. Meu carinho e solidariedade à dona Lélia, aos filhos Juliano e Rodrigo, aos netos Flavio e Nara, e a todos que têm a consciência de que ele foi grande — e foi nosso. No Museu Brasileiro de Fotografia que criamos em Curitiba, instalado no Solar do Barão de Cerro Azul, Margarita e eu conservamos seus fotogramas originais. Um tesouro iconográfico de uma Amazônia e de uma Mata Atlântica que já não existem. Várias vezes honrou Curitiba com sua criadora presença. Perto dele, não prosperavam a mediocridade nem o egoísmo. Um homem como Sebastião Salgado é eterno quando sua memória permanece.

A morte de Sebastião Salgado nos priva não apenas de um dos maiores fotógrafos de todos os tempos. Reconhecido no mundo inteiro como um gênio, ele foi mais do que um grande profissional da fotografia. Colocou suas lentes a serviço da natureza, da humanidade e sobretudo dos pobres e oprimidos. Ao longo de uma carreira de meio século, fotografou em mais de 130 países, e ninguém conseguiu melhor do que ele capturar a alma do povo brasileiro. Minhas condolências à sua companheira Lélia, aos parentes, amigos e aos milhões de admiradores que Sebastião Salgado conquistou.