A única coisa boa que se aproveita da edição de hoje do DN/"Padre das esmolas" é o artigo de opinião do Juvenal Rodrigues

 

A maldição do custo de vida

Todos os países do Mundo cobram impostos aos contribuintes. São dessas receitas que os governos repartem e esbanjam o bolo. 175, dos 193 países membros da ONU, todos os países da OCDE optam pelo IVA ou IBS (imposto sobre bens e serviços) exceto os EUA que cobram o imposto sobre vendas.

O IVA foi introduzido em Portugal, há 30 anos (1984) pelo então ministro das finanças Miguel Cadilhe e rende atualmente aos cofres do Estado 13 mil milhões de euros. Um imposto manhoso, bem pensado para o Estado, porém, carrasco para os contribuintes.

Serve este breve introito para dizer que o IVA é um imposto cego que incide sobre tudo o que é bens e serviços e, como é à percentagem, o Estado fica sempre a ganhar. Muito se tem falado em baixar o IVA na restauração, nos bens de consumo e mão d’obra mas os Governos não aceitam porque diminui a receita. Ex: A compra de uma habitação para um casal jovem que custava 200 mil euros há dez anos, rendia ao Estado 23% ou seja, 46 mil euros, se for vendida hoje, essa mesma casa custaria 400mil euros e renderia ao Estado 92 mil euros em IVA. O mesmo acontece com materiais de construção. Para os que não sabem, entre 2010 e 2024 os preços das casas subiu 130% Não vale a pena dar mais exemplos porque os leitores já perceberam que quanto mais aumentam os bens e serviços, mais o Estado enriquece.

Os governantes vêm para a C. Social apregoa que devolvem impostos às famílias mas isto é mentira, ou pelo menos meia verdade, pois com os aumentos diários que se tem verificado os governos devolvem apenas uma parte do que arrecadam com os aumentos à percentagem. Todavia não podem os responsáveis políticos encherem o peito a dizer que enriquecem um pais ou região quando têm trabalhadores a ganhar ordenados que mal chegam para o supermercado, quando os idosos recebem pensões de trezentos e tal euros que têm que optar pela alimentação ou os medicamentos, quando um casal jovem não pode constituir família porque não pode comprar casa, nem sequer arrendar. Isto apenas está bom para corruptos e ladrões de colarinho branco.

Os excedentes orçamentais que os governos usam a seu favor, não são mais do que receitas de Estado que excedeu as previsões, ou por via dos aumentos de bens e serviços ou por via das receitas extraordinárias não programadas. Ex: o aumento do turismo. De que nos serve mostrar uma Região rica quando a população aperta o cinto? Citando o comediante Camilo de Oliveira “este pais a armar ao fino”. Os países têm, na verdade, muito dinheiro para alimentar guerras e venda de armas e tantas outras extravagâncias mas a riqueza está tão mal distribuída que as populações continuam a não ganhar para o consumo. Até o aumento do salário mínimo regulamentado pelo Governo tem o retorno em impostos, o pior são as PME s que são obrigados a diminuir os lucros ou então aumentar ao cliente. O consumidor paga sempre, daí o custo de vida chegar onde chegou. Então se todo o Mundo se esforça para equilibrar as condições climatéricas no Planeta, toda a poluição e tudo o que equilibra o eco sistema, porque não equilibram também o custo de vida,? Porque deixaram chegar a isto? Afinal é a causa de tanta desestabilização no Mundo.

Soa-me ainda no ouvido o discurso da Srª presidente da ALM no passado dia 1 de Julho, dia da Região, quando afirmava “ as estatísticas valem o que valem, o que interessa é a qualidade de vida dos madeirenses”. Se chama qualidade de vida, aos madeirenses que frequentam os arraiais, que levam 20 euros no bolso para um naco de carne espetada e um copo de vinho seco, concordo consigo, agora, vá fazer compras no supermercado e veja quanta gente nem consegue comprar 1kg de peixe ou de carne Isto não é riqueza, é pobreza disfarçada. Não vou negar que vivemos melhor que há 50 anos, já que todo o mundo evoluiu, porém, daí a temos qualidade de vida é apenas para forasteiros verem.

https://www.dnoticias.pt/2025/7/20/456844-a-maldicao-do-custo-de-vida/

Por outro lado o GR afirma que gasta enormes quantias em subsídios para transporte e gasta quase 500 milhões com a saúde. Verdade! Mas não são os doentes que têm culpa que uma embalagem com 60 comprimidos custe 48€, quase 1 € por comprimido, também não tem culpa que uma pequena cirurgia custe uma pequena fortuna. A culpa é dos próprios governos que não querem ou não conseguem controlar o maldito custo de vida. Repetirei até que a voz me doa, teremos que voltar ao tempo em que as margens de lucro eram tabeladas pelos Governos, senão esta espiral de inflação descomunal vai destruir a democracia.