24 ago 2025 02:00 É inconcebível que a segurança pública esteja comprometida e que ninguém se revolte. Esquadras com apenas um agente, zona oeste com períodos sem patrulhamento nocturno, investigação criminal suspensa e concelhos desguarnecidos, mais do que mostrar a Polícia no limite, devia deixar os cidadãos indignados e não só os sindicatos. Mas não se conhece que tenha havido manifestações junto ao Comando Regional, protestos pela frequente requisição de serviços remunerados para policiamento em eventos ou comunicados políticos na defesa dos muitos agentes que “metem baixa porque já não aguentam”.
É inconcebível que se tolere a afronta, normalizando-a. A adjectivação abusiva utilizada pelo Tribunal de Contas na recusa de visto prévio ao contrato para aquisição de serviços de produção digital da Associação de Promoção extravasa em muito o âmbito de quem deve zelar pela legalidade dos actos públicos e deixar recomendações a ter em conta por quem fez o trabalho de casa com base em entendimentos legítimos, mesmo que geradores de reparos.
RESERVADO PARA SI
É inconcebível que nesta terra muito dada a comendas e a emendas se distinga gente que nunca teve a Madeira no coração, seja ingrata e, pior, chantagista.
É inconcebível que continue a haver greves resultantes de indisponibilidades diversas para a elementar negociação.
Mas há um outro lado. Por agora.
É gratificante saber que o SESARAM, que tanta pancada leva, muita dela factualmente merecida, também seja capaz de superar-se. Quer quando adquire um aparelho inovador e pioneiro no país, destinado ao diagnóstico, planeamento cirúrgico e reabilitação de doentes com lesões cerebrais, como quando reforça médicos nas especialidades clínicas mais carenciadas nos meses de Verão. Mais do que mecanismos de compensação, a Saúde precisa de rumo.
É factor gerador de orgulho que a nossa água esteja ao nível de excelência, já que o relatório anual da qualidade confirma 99% no indicador ‘água segura’ em 2024. E porque a Madeira recupera patamar e reposiciona-se entre as regiões do país com o melhor desempenho, todos deviam evitar, pelo menos, desperdícios.
É motivo de satisfação saber que a democracia está viva e que nas próximas autárquicas haja 14 forças políticas a disputar as eleições no Funchal. Mesmo que as especificidades da lei facilitem as candidaturas, que quem vai a votos tenha direito a folgas pagas pela entidade patronal, que a febre dos movimentos de cidadãos tenha passado à história, que muitos dos protagonistas não tenham jeito para a exposição pública, que os discursos rocem o hilariante e que quase todos digam que estão na política pelas “pessoas” como se os eleitores corressem o risco de ser substituídos pela inteligência artificial.
E até nem é mau que haja menos alunos no novo ano lectivo. Porventura poderá haver melhor a qualidade do ensino, menos gente em cada turma e mais proximidade na desejada Escola renovada.
Passamos os últimos dias assim, entre o aparentemente inconcebível e o gratificante, entendidos como compartimentos estanques de cargas distintas, como se em cada segmento não houvesse um residual de esperança e margem de progressão. Obra de uma sociedade que desvaloriza aspectos positivos, preferindo empolar as desgraças e diabolizar os feitos. Talvez porque uma crítica faz mais estragos do que um elogio e uma alegada má notícia prende mais a atenção do que uma boa, o que tendo nexo do ponto de vista evolutivo, - já que reagir rapidamente a ameaças, perigos, conflitos e riscos fortalece as hipóteses de sobrevivência - deixa transparecer a necessidade de serem implementadas estratégias práticas para inverter ou atenuar essa tendência.
O ciclo da indignação é por agora dominante, mesmo que possa resultar de uma educação que não soube trabalhar a inteligência emocional e a valorização de quem constrói em vez de quem apenas critica. Mas não é caso perdido. Aliás, a semana noticiosa reforça a certeza que é possível compatibilizar as partes atendíveis num mesmo assunto sem perda de relevância. E que dar palco ao positivo, com destaque para o reconhecimento, as boas ideias e os melhores projectos, nunca será frete ou cedência a quem tem mérito, mas pacto com a verdade num registo mais humano e redentor.
https://www.dnoticias.pt/2025/8/24/460519-entre-o-inconcebivel-e-o-gratificante/
Francisco Simões no JM do nosso "meia-saca"
Esse cabrão mamou à grande na ilha, roubou que se fartou e ainda deixam o sair com milhões.
ResponderEliminarPapadas inveja mata.
EliminarEscultor caviar rabeta
Eliminarhttps://www.linkedin.com/in/macedo-da-silva
ResponderEliminarwww.clinicarmsaude.com
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