Ao celebrar seu Dia da Independência há uma semana, a Indonésia oficialmente também ganhou
uma nova capital. Nusantara, que significa “arquipélago” em javanês antigo, fica
selva adentro da Ilha de Bornéu e tem como promessa
ser um modelo de cidade
tecnológica e sustentável
para o resto do mundo com
florestas protegidas, geração de energia 100% renovável e totalmente neutra
em carbono até 2045, ano
em que se espera que todas
as obras estejam finalizadas.
Mas, a 1.200km de distância, do outro lado do Mar de
Java, o futuro não parece tão
brilhante para a agora ex-capital Jacarta. Poluição
crônica, superpopulação,
congestionamentos terríveis e graves inundações são
apenas alguns dos problemas que seus 11 milhões de
habitantes têm como realidade. E nenhum deles representa tanto uma crise
existencial quanto a subsidência, termo técnico para
dizer que a cidade está afundando. Literalmente.
Uma série de fatores explica a situação: desde sua formação geológica ao próprio
crescimento desenfreado
sobre um terreno de sedimentação ainda instável. No
entanto, é a extração excessiva de água dos aquíferos a
grande responsável por Jacarta começar a colapsar sobre si mesma. A infraestrutura jamais foi concebida para acomodar a explosão de
crescimento ao longo das décadas. Com um sistema de
abastecimento de água canalizada insuficiente para toda
a população, os moradores e,
principalmente as indústrias, recorreram à fácil extração de água subterrânea. A
prática excessiva levou ao
enfraquecimento do solo
sob a cidade.
VILAREJOS URBANOS
Os dois subdistritos são compostos por diversos kampungs — “vilarejos urbanos”
—e se assemelham às favelas.
Sua origem não difere do processo de favelização de nenhuma outra grande cidade
no mundo. Em busca de melhores condições de vida, moradores criaram assentamentos, construíram sozinhos casas e comércios que foram se
transformando em comunidades. São locais caracterizados pela alta concentração
populacional, por construções inadequadas e uma limitação de serviços básicos como água potável, saneamento, coleta de lixo, pavimentação e iluminação pública.
Para o resto da cidade, sua
extrema pobreza é vista com
preconceito. Aos olhos do
governo, são assentamentos informais, nos quais a
maioria de seus habitantes
sequer teria o direito de estar ali. Por isso, mesmo entrincheirada entre o mar
que sobe e a terra que afunda, a maior batalha que a população local tem enfrentado é o próprio direito de permanecer onde vive.
Muitas vezes, o despejo
ocorre justamente porque
as áreas têm um grande potencial comercial. É o caso
de Muara Angke. Estar
próxima do mar, mesmo
com todos os problemas envolvidos, atrai interesses financeiros, em especial na
construção civil. Mas após
décadas se formando como
uma comunidade cuja atividade pesqueira é importante, não apenas para a economia local, mas também para
outros pontos da cidade,
sair dali significaria recomeçar tudo do zero. (o globo)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
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