Nos EUA só dois partidos podem candidatar-se em condições de justiça e igualdade: os dois partidos do grande capital.
Enquanto os grandes media ocidentais, comandados pelos EUA, prosseguem a campanha com que pretenderiam invalidar o voto popular na Venezuela, é útil recordar o que se passa no sistema eleitoral dos próprios EUA. Sistema que, de eleição em eleição, se revela uma anti-democrática farsa: nem ganha quem tem mais votos, nem participa quem se situe fora do partido único no poder, nem quem seja demasiado pobre para ter qualquer interesse em participar, mais os muitos milhões que o sistema exclui. Os seus eleitos não têm qualquer legitimidade democrática. Muito menos a têm para pretender dar lições de democracia.Parece que a moda deste Verão é dizer que as eleições na Venezuela são uma fraude. Para quem o diz, não importam leis, instituições, votos contados nem tribunais: está tudo aldrabado. A lógica é simples: se o processo eleitoral não é justo, livre ou transparente, de que serve esperar pelo veredicto das instituições que contam os votos? E porquê dar-se ao trabalho de juntar as provas da fraude e apresentá-las em tribunal? Não surpreende que a única linguagem destes «democratas» seja o golpe e a violência, naturalmente patrocinados pelos EUA, cujo único móbil sempre é, já sabemos, a defesa intransigente da democracia e dos Direitos Humanos, pois claro.
Eleitor não elege!
Em 2016, Hillary Clinton teve mais sete milhões de votos que Trump, mas perdeu. Nos EUA, não é o candidato mais votado que ganha as eleições presidenciais, porque não é o povo que elege o presidente, mas sim um Colégio Eleitoral cujos 538 membros votam como lhes apetecer. Como o número de delegados ao Colégio depende da representação de cada Estado em ambas as câmaras, o voto dos cidadãos estado-unidenses não vale todo o mesmo e os Estados mais pequenos (também mais ricos e mais brancos) são privilegiados.
Comunista não entra!
Nos EUA só dois partidos podem candidatar-se em condições de justiça e igualdade: os dois partidos do grande capital. Legalmente, os debates na televisão são sempre entre o Partido Democrata e o Partido Republicano. Em cada Estado há um emaranhado de restrições burocráticas que vão da exigência de centenas de milhares de assinaturas ao pagamento de quantias fabulosas para formalizar a candidatura. Por exemplo, no Arizona, o Partido Comunista está proibido de se candidatar às eleições. O acesso democrático ao poder está, à partida, financeiramente negado aos trabalhadores: nas últimas presidenciais, por exemplo, a campanha eleitoral custou 16 mil milhões de dólares. Na prática, só os bilionários é que podem apresentar candidaturas.
Pobre não vota!
Biden ganhou as últimas eleições com 81 milhões de votos, ou seja, apenas 24% da população adulta do país. 79 milhões abstiveram-se por, revela um estudo do Pew Research Center, não estarem inscritos, não terem interesse, não se identificarem com nenhum dos candidatos, ou simplesmente por sentirem que o seu voto não faria qualquer diferença. Consideremos também 40 milhões de trabalhadores imigrantes que vivem, trabalham e pagam impostos nos EUA mas não podem votar. Somemos seis milhões de presos ou cadastrados (um em cada quatro negros da Florida) que não podem votar, cerca de três milhões de adultos dos «territórios» coloniais, como Porto Rico, que também não podem eleger nem ser eleitos e outros três milhões de eleitores excluídos do direito ao voto por não terem acesso aos documentos exigidos para votar, como, em alguns Estados, a carta de condução. No total, 52 milhões de pessoas, mais de metade dos que votaram em Biden, não têm direito ao voto.
Nas presidenciais de 2020, o segundo candidato mais votado gritou fraude eleitoral, recusou-se a reconhecer os resultados oficiais e incentivou a extrema-direita a ensaiar uma tentativa de golpe de Estado que se limitou a deixar um rasto de caos e destruição no capitólio. Mas que desenlace teria tido o putsch se dezenas de países poderosos tivessem decidido reconhecer imediatamente Trump como presidente eleito e os seus números como válidos, sem sequer esperar que as espúrias alegações de «fraude» se desmoronassem sem provas, uma a uma, em todos os tribunais? -António santos
Falha de cobertura
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=3sa0LAflDRQ
Qualquer semelhança com as da Venezuela...é pura coincidência!!!!!
ResponderEliminarComo dizia o Assange entre escolher gonorreia ou clamidia!
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