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A seguir, o fotógrafo passou dez anos a fotografar o
fundo do mar. O desgosto que o virou para o mundo
subaquático aconteceu em 1968, quando a ditadura
cubana nacionalizou o estúdio de fotografia Korda. O
fotógrafo cubano Alberto Korda ficou também sem
negativos. A maioria do arquivo desapareceu para parte
incerta. E perto de 52 mil negativos ligados à revolução
cubana passaram a morar num arquivo estatal. Quando nasceu, Alberto Korda recebeu em Havana
os apelidos Díaz Gutiérrez. Mais tarde, escolheu um
nome artístico, fez fotografia de moda e de publicidade
e abriu o estúdio com um sócio. Cinco anos depois, no
último dia de 1959, a revolução comunista derrubou
o ditador Fulgencio Batista, que se exilou no Funchal
e no Estoril. À frente dos destinos de Cuba, passou
então a estar o líder revolucionário e depois ditador
Fidel Castro. Korda tornou-se fotógrafo informal de
Fidel. E foi numa cerimónia pública em Havana que
fotografou assim Che Guevara, a 5 de março de 1960.
Che não estava ali para posar. Tinha 31 anos, como o
fotógrafo. E, no dia em que foi imortalizado por Korda,
era o presidente do Banco Central de Cuba. Estava ali
porque no dia anterior explodira no porto da cidade
um cargueiro francês, carregado de munições vindas da Bélgica. Havia 80 mortos e mais de 200 feridos. E
as autoridades cubanas apontavam o dedo aos Estados
Unidos.
Era um momento tenso.
Já de forma póstuma e na versão reenquadrada, este
haveria de ser o retrato mais famoso de Che, um dos
principais líderes iniciais da revolução comunista de
Cuba. É também uma das imagens mais reproduzidas
de sempre, na História da fotografia e da iconografia.
Este é o Che que pode ser encontrado em t-shirts, em
tatuagens ou em canecas para beber chocolate quente.
E também está na exposição de fotografia cubana
contemporânea “Navigating the Waves” (Navegando
as Ondas), até 16 de março no Museum of Fine Arts
Houston, no estado norte-americano do Texas.
Em 1964, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli foi a
Cuba. E Korda ofereceu-lhe uma versão desta fotografia,
com o retratado isolado, sem folhagem e sem este
perfil de outro homem. Em 1967, Che foi assassinado na
Bolívia. E Feltrinelli mandou imprimir cartazes. O cartaz
do guerrilheiro nascido na Argentina tornou-se um
fenómeno de popularidade, em vésperas do Maio de 68.
Meses depois, Paris rebentou de palavras de ordem. E de
esperança: “A Imaginação ao Poder”. (Expresso)
Cuba: Jean-Paul Sartre and Simone De Beauvoir meeting with Ernesto Che Guevara, Havana, 1960. Signed photograph by Alberto Korda
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