sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O cartaz do guerrilheiro

 

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  A seguir, o fotógrafo passou dez anos a fotografar o fundo do mar. O desgosto que o virou para o mundo subaquático aconteceu em 1968, quando a ditadura cubana nacionalizou o estúdio de fotografia Korda. O fotógrafo cubano Alberto Korda ficou também sem negativos. A maioria do arquivo desapareceu para parte incerta. E perto de 52 mil negativos ligados à revolução cubana passaram a morar num arquivo estatal.         Quando nasceu, Alberto Korda recebeu em Havana os apelidos Díaz Gutiérrez. Mais tarde, escolheu um nome artístico, fez fotografia de moda e de publicidade e abriu o estúdio com um sócio. Cinco anos depois, no último dia de 1959, a revolução comunista derrubou o ditador Fulgencio Batista, que se exilou no Funchal e no Estoril. À frente dos destinos de Cuba, passou então a estar o líder revolucionário e depois ditador Fidel Castro. Korda tornou-se fotógrafo informal de Fidel. E foi numa cerimónia pública em Havana que fotografou assim Che Guevara, a 5 de março de 1960. Che não estava ali para posar. Tinha 31 anos, como o fotógrafo. E, no dia em que foi imortalizado por Korda, era o presidente do Banco Central de Cuba. Estava ali porque no dia anterior explodira no porto da cidade um cargueiro francês, carregado de munições vindas da Bélgica. Havia 80 mortos e mais de 200 feridos. E as autoridades cubanas apontavam o dedo aos Estados Unidos.
 Era um momento tenso.
 Já de forma póstuma e na versão reenquadrada, este haveria de ser o retrato mais famoso de Che, um dos principais líderes iniciais da revolução comunista de Cuba. É também uma das imagens mais reproduzidas de sempre, na História da fotografia e da iconografia. 
 Este é o Che que pode ser encontrado em t-shirts, em tatuagens ou em canecas para beber chocolate quente. E também está na exposição de fotografia cubana contemporânea “Navigating the Waves” (Navegando as Ondas), até 16 de março no Museum of Fine Arts Houston, no estado norte-americano do Texas.

 Em 1964, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli foi a Cuba. E Korda ofereceu-lhe uma versão desta fotografia, com o retratado isolado, sem folhagem e sem este perfil de outro homem. Em 1967, Che foi assassinado na Bolívia. E Feltrinelli mandou imprimir cartazes. O cartaz do guerrilheiro nascido na Argentina tornou-se um fenómeno de popularidade, em vésperas do Maio de 68. Meses depois, Paris rebentou de palavras de ordem. E de esperança: “A Imaginação ao Poder”. (Expresso)
Cuba: Jean-Paul Sartre and Simone De Beauvoir meeting with Ernesto Che Guevara, Havana, 1960. Signed photograph by Alberto Korda






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