Os comunistas
«... ...Definido o “inimigo”, como dizem,
passaram aos objectivos e métodos de
luta. Os primeiros, entre as promessas de céu e paraíso sob a liderança do
partido, centraram-se em coisas mais
comezinhas e que todos já estamos
fartos de ver e ouvir em todas as campanhas e todos os cartazes que o partido espalha pelas ruas: “aumentar
salários e pensões”. Assim mesmo,
sem mais. Sem explicar como, com
quanto, à custa de quê e de quem.
Que funções e serviços do Estado
teriam de ser largados para tal ou em
quanto subiria a dívida pública; quantas pequenas e médias empresas, que
tanto dizem querer proteger, levariam à falência; que futuro comprometeriam para os jovens que querem
atrair a fim de comprar o voto dos
velhos (no que enfrentam agora séria
concorrência do “inimigo”). Quanto
aos métodos, foi a ameaça de sempre, a de pôr na rua a sua fiel tropa
de choque sindical, a qual justifica a
máxima de que “assim se vê a força do
PC”. E vê-se, de facto, nisso eles não
falham. Pode-lhes faltar o povo nas
urnas, mas eles não faltam ao povo
nas greves e manifestações que tanto
ajudam a vida do povo, paralisando
escolas, hospitais, transportes públicos, serviços fundamentais. Tudo isto
aconteceu no XXII Congresso, tudo
isto é velho e relho. Onde está a novidade, onde está a abertura? Em que é
que o novo Raimundo se distingue do
velho mundo? Mas podia ser diferente. O PCP
podia e devia estar na linha da frente
da batalha pelos direitos e dignidade
dos trabalhadores emigrados em
Portugal e não está. Podia estar na
frente pelas causas ambientais, com
especial responsabilidade no Alentejo, onde a água do Alqueva, que
tanto reclamou, tem proporcionado
negócios predadores subsidiados
pelos contribuintes e, na sua maioria, a favor do capital estrangeiro
— mas aí está em silêncio, como está
em silêncio em relação ao deboche
urbanístico de autarcas seus na costa
alentejana. Podia liderar as causas
daquela parte dos jovens que merece
ser apoiada, mas prefere canalizar
todas as atenções para os pensionistas, que rendem mais votos. Podia
entender que não há maior injustiça
de classe do que as escolas públicas, único recurso dos alunos mais
pobres, estarem permanentemente
paralisadas, mas prefere estar do
lado dos grevistas de sexta-feira, seus
filiados sindicais. E o mesmo nessa
indecente empresa púbica chamada
CP, cujas constantes greves de trabalhadores deixam apeados milhares
de outros que querem e precisam de
trabalhar mas que o PCP nem sonha
apoiar contra os da CP.Se o PCP quisesse mesmo enfrentar com seriedade as razões do seu
declínio, pensaria não na inutilidade
para o país de quase todas as lutas
que trava mas na falta que faz a sua
ausência naquelas que devia travar.
Perceberia que continua a falar para
um país de analfabetos políticos,
que era o de há 50 anos, mas já não é
o de hoje — o país mudou, o partido
não. E, se o fizesse, trataria, assim,
do principal: de tentar entender por
que razão os descamisados de hoje
preferem os amanhãs que cantam
de um partido como o Chega do que
as promessas de sempre do PCP.
Já repararam como o Chega nem
sequer se preocupa em atacar o PCP
e como tantas vezes até convergem?
Mas será apenas por cegueira que o
PCP, em vez de tomar o Chega como
inimigo principal, escolhe antes o
PS, e ele, que é o mais ideológico
dos partidos, se queixa de ser vítima de “ofensivas ideológicas”, como se
isso não fosse o normal na política
democrática. Pois aqui fica mais
uma ofensiva ideológica para seu
registo.»
MST tem toda a razão. Os parolos comunistas querem é os seus tachos e repetem os mesmos chavões de há cem anos. Vão mas é pastar
ResponderEliminarPorquê que este não fala do capitalismo nojento da IL?
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