sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Miguel Sousa Tavares no seu habitual anticomunismo vesgo ataca o PCP e o seu último congresso

 


Os comunistas

«... ...Definido o “inimigo”, como dizem, passaram aos objectivos e métodos de luta. Os primeiros, entre as promessas de céu e paraíso sob a liderança do partido, centraram-se em coisas mais comezinhas e que todos já estamos fartos de ver e ouvir em todas as campanhas e todos os cartazes que o partido espalha pelas ruas: “aumentar salários e pensões”. Assim mesmo, sem mais. Sem explicar como, com quanto, à custa de quê e de quem. Que funções e serviços do Estado teriam de ser largados para tal ou em quanto subiria a dívida pública; quantas pequenas e médias empresas, que tanto dizem querer proteger, levariam à falência; que futuro comprometeriam para os jovens que querem atrair a fim de comprar o voto dos velhos (no que enfrentam agora séria concorrência do “inimigo”). Quanto aos métodos, foi a ameaça de sempre, a de pôr na rua a sua fiel tropa de choque sindical, a qual justifica a máxima de que “assim se vê a força do PC”. E vê-se, de facto, nisso eles não falham. Pode-lhes faltar o povo nas urnas, mas eles não faltam ao povo nas greves e manifestações que tanto ajudam a vida do povo, paralisando escolas, hospitais, transportes públicos, serviços fundamentais. Tudo isto aconteceu no XXII Congresso, tudo isto é velho e relho. Onde está a novidade, onde está a abertura? Em que é que o novo Raimundo se distingue do velho mundo? Mas podia ser diferente. O PCP podia e devia estar na linha da frente da batalha pelos direitos e dignidade dos trabalhadores emigrados em Portugal e não está. Podia estar na frente pelas causas ambientais, com especial responsabilidade no Alentejo, onde a água do Alqueva, que tanto reclamou, tem proporcionado negócios predadores subsidiados pelos contribuintes e, na sua maioria, a favor do capital estrangeiro — mas aí está em silêncio, como está em silêncio em relação ao deboche urbanístico de autarcas seus na costa alentejana. Podia liderar as causas daquela parte dos jovens que merece ser apoiada, mas prefere canalizar todas as atenções para os pensionistas, que rendem mais votos. Podia entender que não há maior injustiça de classe do que as escolas públicas, único recurso dos alunos mais pobres, estarem permanentemente paralisadas, mas prefere estar do lado dos grevistas de sexta-feira, seus filiados sindicais. E o mesmo nessa indecente empresa púbica chamada CP, cujas constantes greves de trabalhadores deixam apeados milhares de outros que querem e precisam de trabalhar mas que o PCP nem sonha apoiar contra os da CP.Se o PCP quisesse mesmo enfrentar com seriedade as razões do seu declínio, pensaria não na inutilidade para o país de quase todas as lutas que trava mas na falta que faz a sua ausência naquelas que devia travar. Perceberia que continua a falar para um país de analfabetos políticos, que era o de há 50 anos, mas já não é o de hoje — o país mudou, o partido não. E, se o fizesse, trataria, assim, do principal: de tentar entender por que razão os descamisados de hoje preferem os amanhãs que cantam de um partido como o Chega do que as promessas de sempre do PCP. Já repararam como o Chega nem sequer se preocupa em atacar o PCP e como tantas vezes até convergem? Mas será apenas por cegueira que o PCP, em vez de tomar o Chega como inimigo principal, escolhe antes o PS, e ele, que é o mais ideológico dos partidos, se queixa de ser vítima de “ofensivas ideológicas”, como se isso não fosse o normal na política democrática. Pois aqui fica mais uma ofensiva ideológica para seu registo.»

2 comentários:

  1. MST tem toda a razão. Os parolos comunistas querem é os seus tachos e repetem os mesmos chavões de há cem anos. Vão mas é pastar

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  2. Porquê que este não fala do capitalismo nojento da IL?

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