quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

HISTÓRIAS da CLASSE TRABALHADORA: Para que não se apague a memória de um período negro de 13 anos de guerra colonial

 

Neste dia, a 16 de Dezembro de 1972, tropas portuguesas iniciaram o brutal massacre de Wiriamu em Moçambique.
Sob as ordens da PIDE/DGS (policia secreta portuguesa), Chico Kachavi, "torturador profissional" na prisão de Tete em Moçambique, ordenou que as aldeias de Wiriamu, Chawola e Juwau fossem queimadas como represália por uma emboscada da FRELIMO na região dias antes. A população conseguiu fugir ilesa para o mato, perdendo todos os pertences. Não satisfeitas, as tropas portuguesas iniciaram um bombardeamento das aldeias, seguido por um assalto dos comandos de helicóptero. Toda a população da aldeia foi alinhada na praça central, homens e mulheres frente a frente em duas linhas, e fuziladas uma a uma. Grávidas e bebés foram esfaqueados e espancados até à morte. Mulheres eram arrastadas para becos por grupos de soldados que as violavam e matavam de seguida. Os cadáveres estripados foram abandonados na aldeia em chamas. Mais de 450 pessoas foram mortas no massacre, das quais a maioria eram mulheres e crianças.
Algumas fontes:
https://sites.google.com/.../historia.../massacre-de-wiriamu (Relatórios da ONU de 1974 suspeitavam que Portugal estava a cometer genocídio em Moçambique)
https://esquerda.net/sites/default/files/paginasversus.pdf (esquecimento do massacre e a ausência de qualquer julgamento dos culpados, alguns até tiveram depois cargos de destaque)

 “Um grupo de soldados juntou uma parte do povo num pátio para o fuzilamento. O povo assim reunido foi obrigado sentar-se em dois grupos: o grupo dos homens de um lado e o das mulheres noutro, a fim de poderem todos ver melhor como iam caindo os fuzilados.

 Um soldado chamava por sinal a quem quisesse (quer homem, quer mulher, quer criança). O designado punha-se de pé, destacava-se do conjunto,o soldado disparava sobre ele e a vitima caía fulminada”.E ainda segundo o relatório de Hastings:

 “Uma mulher chamada Vaina foi convidada a pôr-se de pé. Ela levantou-se com o seu filhinho Xanu ao colo, uma criança de nove meses, A mulher caiu varada por uma bala. A criança desenvencilhou-se e sentou-se ao lado da mãe morta. Chorava desesperadamente sem que ninguém lhe pudesse valer. Um soldado avançou para a fazer calar. - Que desilusão!- Sob o olhar atónito do povo reunido, o soldado agrediu a criança com um forte pontapé esfacelando-lhe a cabeça. “Cala-te cão!” - Concluiu ele. A criança prostrada já não chorou mais. Estava morta. Voltou o soldado com a bota ensanguentada. Os companheiros acolheram o feito com uma salva de palmas. “Muito bem!” - Gritaram-lhe eles.- "És um valentão". Foi o início de um futebol macabro. Os companheiros seguiram-lhe o exemplo. E assim como esta, morreram várias outras crianças cruelmente agredidas a pontapé pela soldadesca!!Mas as selvajarias não tiveram limites, entre outros crimes repugnantes, sempre segundo o padre Hastings, conta-se o seguinte:

 Outros soldados divertiam-se a matar crianças, agarrando-as pelas pernas, arremessando-as contra o solo ou contra as árvores”.

 Mas também as violações das mulheres foram o ''prato do dia”. Violações seguidas da morte das violadas:

 “Um grupo bastante numeroso de soldados arrastou quatro donzelas para um local escuso, onde foram cruelmente massacradas, depois de terem sido brutalmente violadas. "Ninguém mais gozará de vós” - diziam os soldados em tom de triunfo prenhe de ódio. Tiraram-lhe as ‘missangas’ (adorno interior das mulheres em volta da cintura). Aqueles soldados levavam-nas como troféus, em volta do pescoço à guisa de colares”.

 Dezenas de outras maneiras de matar terão sido aplicadas aos assassinados destas três povoações-mártires, mesmo para além daquelas que o padre Hastings conta no seu relatório. A imaginação dos carrascos não terá tido limites e apesar deste artigo já estar extenso não posso deixar passar o que se segue:

"Chintheya, uma rapariga de quatro anos, assustada, chora.

 Um soldado, simulando compaixão, aproxima-se e, acariciando a criança, pergunta-lhe se está com fome. Sem porém, esperar resposta, continua: "'Toma o biberão”. E metendo à força o cano da arma de fogo na boca da criança, diz: "Chupa!'', E dispara. A criança cai com um rombo na nuca.

 Não foi Chitheya a única vítima tratada assim; várias outras tiveram a mesma sorte”.

 E as cenas de morte continuaram até ao anoitecer, até que a soldadesca cansada de sevícias, ou talvez porque já não encontrando ninguém em quem exercê-las, resolveu regressar aos quartéis.

 Eu, não estava lá. Não me é contudo difícil imaginar o solo das povoações de Wiriamu, Chawola e Juwau. Devia assemelhar-se a um circo romano cheio de cristãos dilacerados pelos leões.

 Quantos homens, mulheres e crianças terão sido massacrados pelas tropas portuguesas com a ajuda da Pide nestas três localidades? Ninguém saberá ao certo mas, entre os que foram identificados, isto é, aqueles que não ficaram de todo irreconhecíveis, contaram-se cerca de duas centenas, mas o povo daquela zona disse, segundo o padre Hastings narra no seu livro, que os mortos teriam ultrapassado os quinhentos.


1 comentário:

  1. O carrasco profissional Soyza faz muito pior aos madeirenses. Sodomiza-os há décadas e eles estão muito agradecidos a este torturador oligarca

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