Como a grande maioria dos madeirenses no último meio século, Raquel da Conceição Vieira Coelho não fugiu à regra e nasceu no Hospital Dr. Nélio Mendonça. No ido dia 2 de Julho de 1988, fará este ano 37 anos, “vim ao mundo por cesariana”. Com 4,5 quilos, “não havia outra hipótese (risos)”, atira ao contar os primeiros momentos neste mundo.
Filha mais velha de José Manuel Coelho e Rita Jesus, foi o pai que escolheu o nome, Raquel, “inspirado na história bíblica imortalizada no soneto de Camões”, intitulado“Sete anos de pastor Jacob servia”.
E recita:
“Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando se com vê la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assi negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;
começa de servir outros sete anos,
dizendo:-Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.”
Já a irmã chama-se Catarina, “em homenagem a Catarina Eufémia, a ceifeira alentejana assassinada a tiro por um tenente da Guarda Nacional Republicana durante uma greve. Um símbolo de resistência ao regime de Salazar”, conta.Além da origem bíblica do nome, Raquel é do signo Caranguejo. “Aparentemente um signo ligado às causas”, diz. “Explicou-me isso, certa vez, Rodrigo Trancoso, ex-deputado do Bloco de Esquerda e entusiasta da astrologia”, conta.Mas a sua ligação à política parece que está mesmo no sangue, nos ascendentes. “O meu avô queria que eu fosse batizada na Igreja Adventista, da qual era devoto, mas acabei por ser educada na fé católica”, começa por desfiar.Por isso, estudou no “Externato do Hospício Princesa Dona Maria Amélia até à 4.ª Classe”, além de que, como a mãe trabalhava no orfanato da instituição, esse foi “um espaço que frequentei diariamente. Recordo com carinho todas as jovens lá acolhidas, as funcionárias e as irmãs (freiras) que dedicaram a vida àquele lugar. A irmã Maria Antónia, que já faleceu, foi um exemplo de humanidade. Ensinou-me a ler. Era uma educação à antiga, mas com valores”, recorda.Os primeiros passos neste mundo são importantes para a formação do carácter. “Foi através do contacto diário com o trabalho da minha mãe que ganhei consciência do privilégio que é ter uma família e, na ausência desta, da importância do Estado Social”, revela. “Não damos o devido valor ao trabalho destas instituições e ao impacto positivo do Estado na vida das pessoas. Pude acompanhar isso de perto e, por isso, vejo com estranheza e indignação partidos que defendem o seu desmantelamento”, começa a apontar a inclinação ideológica bem vincada.A parte mais importante da formação do carácter vem, naturalmente dos pais e, como referido, do passado ainda mais distante.“O meu pai dispensa apresentações. Espírito livre. Irreverente. Comunista convicto da doutrina. Um exímio contador de histórias. Apesar das nossas origens humildes, talvez seja das pessoas mais cultas que conheço”, elogia. E continua: “Tem uma memória irrepreensível e uma paixão pela leitura. É também um apaixonado pela agricultura. Ensinou-me a importância da tolerância e da democracia. Como disse certa vez o deputado Edgar Silva, da CDU: ‘Ninguém nasce democrata, aprende-se a sê-lo’.”No passado, recorda o avô paterno. “José Vieira Coelho foi, provavelmente, um dos últimos poetas populares madeirenses a declamar e vender, por toda a ilha, histórias em verso da sua autoria, impressas em folhetos”, acredita. “A sua obra reflectia a Madeira dos anos 60, os casos mais polémicos da época, sempre com uma lição de moral. Escreveu a história do assalto ao paquete ‘Santo Maria’, em versos. Deixo aqui alguns dos meus versos favoritos do meu avô”:
“Ter mãe é termos riqueza
Digo isto com verdade
Quem a tem vive à grandeza
Quanto à minha é só saudade
Para eu escrever estes versos
Eu tive muita maçada
Os senhores que me desculpem
De alguma palavra errada
Não escutes o maldizente
Quando te diz o mal de alguém
Porque ao sair da tua frente
Diz o mal de ti também”
Já a avó paterna, “após uma desilusão amorosa (os seus pais não a deixaram casar com o rapaz de quem gostava), decidiu ser freira na Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, mas não se integrou”, continua a recordar. “Não concordava com o tratamento desigual que era dado entre as noviças pobres e as ricas. As meninas ricas tinham melhor alimentação, podiam estudar enfermagem ou ser professoras. As de origens humildes não tinham direito a estudar, serviam para trabalhar na cozinha ou para trabalhar em auxiliares de ação médica”. Só por aqui já se percebe que qualquer pessoa de espírito crítico teria natural tendência para se indignar.
“Como a minha avó criticava a discriminação que havia entre as noviças, acabou castigada pela fundadora da congregação a famosa Mary Jane Wilson”, diz. Exactamente a mesma que é conhecida entre os madeirenses como a ‘Boa Mãe’ que, em 2013, foi declarada Venerável pelo Papa Francisco. A avó “acabou por abandonar o hábito e em consequência da revolta que sentiu, decidiu aderir anos depois aos Adventistas do Sétimo Dia. Juntamente com o meu avô, para desgosto da restante família. Na altura ser de outra religião, era uma vergonha e um sacrilégio”, lembra Raquel.E essa mudança teve reflexos no futuro. Vejamos. “Os meus avós paternos seguiam os ensinamentos de Ellen G. White autora americana e co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, curiosamente das primeiras personalidades a defender o vegetarianismo publicamente”. Aliás, “uma das suas famosas citações é ‘os animais veem, ouvem, amam e sofrem’. Tentamos seguir esse exemplo, ainda que de forma menos rigorosa - evito comer carne e procuro incentivar os que me rodeiam a fazer o mesmo. Alguns amigos dizem que me vão bloquear nas redes sociais se continuar a enviar-lhes vídeos da PETA (risos)”, ironiza.O amor pelos animais, amplamente conhecido e publicitado inclusive em cartazes de campanha, é explicado pela activista, naturalmente, da causa animal. “Temos três cães na família que todos adoramos: o Simba, o Benjamim e a Nala. Foram resgatados da rua. Cuido sempre que posso dos animais de rua na minha vizinhança. Em compensação, tenho sempre uma boa escolta de seguranças sempre que saio de casa”, atira, novamente com ironia.Licenciada em Gestão de Empresas, fez também formação em Programação. “Estudei em Faro e Lisboa”, especifica. “Felizmente, não há um único período da minha vida que não recorde com saudade, e os anos de universidade são um desses tempos especiais. Hoje, exerço a profissão de gestora de imóveis”.Quanto a ‘hobbies’, gosta de viajar, fazer praia, ver séries, de ler – “neste momento, estou a ler a ‘Tetralogia Napolitana’, escrita por Elena Ferrante” - e de, claro, animais. Não só cães, mas também gatos.Em termos políticos, Raquel Coelho “não tem nenhum lema de vida, “para além de fazer e defender aquilo que acredito”. E garante: “Sou uma pessoa de convicções, mas também muito pragmática. Não vou inventar a roda. Acho que temos de começar com os princípios e valores básicos e partir daí.” Por isso é que se define como ‘a idealista’.Quando Raquel Coelho foi a candidata mais jovem às eleições de 6 de Maio de 2007 para a Assembleia Regional, tinha 18 anos, à beira de completar 19. Foi 35.ª na lista do extinto partido da Nova Democracia. Estabeleceu novo máximo que até hoje está por ser batido. Foi a primeira líder parlamentar, mulher e mais jovem da história da Assembleia Legislativa, nas legislativas de 9 de Outubro de 2011, quando o PTP elegeu 3 deputados. Exerceu o mandato de deputada ao longo de duas legislaturas.Mas para chegar a esse currículo é preciso recuar novamente no tempo. “O primeiro contacto que tive da política foi através do meu pai que era militante activo do Partido Comunista Português”, como qualquer eleitor madeirense minimamente atento se recordará. Bem, talvez não os mais jovens.“Recordo-me dos convívios organizados pelo partido e das idas no mês de Setembro à Festa do Avante. Apanhei o gosto pela leitura, com cerca de 8 anos, graças a uns camaradas que me presentearam a coleção de livros infantis e juvenis que haviam pertencido às suas filhas, que ainda hoje guardo religiosamente”, conta. Esse senhor “chegou a ser presidente da Junta de Freguesia do Barreiro, Raul Malacão, pela APU. Recordo-me também de acompanhar o meu pai aos fins-de-semana que aproveitava para vender o Jornal Avante, a revista ‘Vida Soviética’ e a revista ‘Mulheres’ da Maria Teresa Horta que faleceu recentemente. Ele chegou a ganhar uma viagem à União Soviética como prémio por ser um dos melhores vendedores do país do Jornal Avante”, assinala.Assim, “entrei na política quase por acaso, por uma daquelas coincidências que acabam por mudar o rumo da vida”, garante. “Não havia mais ninguém para avançar, sobretudo mulheres e eu, sem grandes cálculos nem grandes planos, aceitei ir numa lista de candidatos do PND e depois do PTP, para ajudar a completar a lista”. Precisamente a questão da paridade que tanto ainda se fala e que a nova lei eleitoral, que não será ainda aplicada, obriga a ter pelo menos 40% dos candidatos homens ou mulheres.“Nunca esteve nos meus horizontes fazer carreira política, mas sempre me indignei com as injustiças”, continua. “Talvez tenha sido idealismo. Ou apenas a certeza de que não valia a pena continuar a criticar sem estar disposta a agir. Sempre acreditei que a política devia servir para melhorar a vida das pessoas. Foi por isso que entrei. E, ainda, é por isso que continuo. Também continuo pelas pessoas que me guiaram nesses primeiros passos, como é o caso do meu pai, do camarada Quintino Costa, e do grupo ligado ao jornal Garajau, o Dionísio Andrade, o Gil Canha, o Baltazar Aguiar e o Eduardo Welsh. Para dar continuidade à luta. Porque, quando se percebe verdadeiramente o que está em causa, torna-se difícil simplesmente virar a cara aos problemas e às injustiças”, diz ‘a idealista’.A sua eleição a presidente do PTP Madeira no último dia de Novembro de 2024, sucedendo a na liderança do partido a Quintino Costa, que tinha sucedido a José Manuel Coelho.Termina com o presente e o futuro. “A ideia da coligação ‘Força Madeira’ começou com conversas informais, em tom de brincadeira, após as saídas dos debates da RTP-Madeira em que o PTP, o MPT e o RIR participaram. Longe de imaginar que poderiam de facto avançar. O facto é que a unidade foi fazendo cada vez mais sentido entre os seus representantes com o passar dos meses e com a situação de impasse político que a Madeira se encontra”, diz.Raquel Coelho e Liana Reis, líder do RIR na Madeira (que juntamente com Valter Rodrigues do MPT formam uma das duas coligações destas eleições) estiveram junto do Tribunal Constitucional “numa foto informal após a entrega da pedido da constituição da Coligação do PTP.MPT.RIR”, contava num post nas redes sociais: “Quisemos fazer o registo para a posteridade. Com certeza já temos o nosso lugar no céu, depois de pagar a penitência do caminho do Calvário que é a burocracia para concorrer a um acto eleitoral neste país. O sistema político e a lei eleitoral está desenhada para os políticos profissionais. Persistência é a chave. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.https://www.dnoticias.pt/2025/2/13/437945-a-idealista/
Viva Raquel Coelha grande idealista madeirense anti-Papadas
ResponderEliminarDá-lhe palha
EliminarMuito gira! Apetece perguntar: "O cão morde? E a menina?"Sem ofensa!
ResponderEliminarQuerias, esfomeado .
EliminarA foto da nossa Raquel com um pretinho ao colo trouxe-me lágrimas aos olhos. Quanta bondade. Adoptar um pretinho como fazem as estrelas de cinema. Vou já votar na Doutora Raquel.
ResponderEliminarGrande embaixador da ONU. Melhor que a Angelina Jolie.
EliminarComo todo o mundo diz que a Raquel vai chegar a presidente do Governo Regional e dar atenção ao protocolo.. E deu logo o primeiro passou...arranjou logo um preto ao colo.
EliminarMostra a grana: o segredo da diplomacia de paz de Trump
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=86bS_Za4ahc
A menina Raquel esteve em Santorini, a ilha grega que tem ferries para as pessoas sairem da ilha quando a actividade sísmica é muito intensa. Um ferry que não é possível na mamadeira para favorecer o monopólio dos sousas. Temos que apoiar a Raquel, o Valter e a Liana para rebentar com todos os esquemas mafiosos que existem na mamadeira. Força Madeira.
ResponderEliminarMuito bem Coelhinha.
EliminarRaquel vai ter que se benzer com alecrim depois deste perfil. De longe o melhor que li. A maior parte só trazia banalidades sem interesse nenhum. O do Cafofo parecia uma adolescente com o cio.
EliminarMuito bem Gilinho.
EliminarO padre das esmolinhas vai beneficiar de umas ferias no Pravda graças a esta reportagem. Não se voltará a falar tão cedo das esmolinhas das piedosas velhinhas ou da traição a dom Teodoro de Faria
EliminarO Paulo Cafôfo vai sair em defesa do seu amigo Luís Miguel de Sousa, como fez em 2014!
ResponderEliminarMonólogos de vilhoada a viajar com o dinheiro do povo. Nunca teve um trabalhinho.
ResponderEliminarRafael, já te disse que tens cura. Esfega os cotovelos numa parede áspera,que te passa a comichão! O mais engraçado é que querias ser deputado, mas devido à tua má reputação ninguém te quis dar guarida!
ResponderEliminarMá reputação? Nunca fui condenado nem preciso da política. Não engano ninguém. Sou livre. Nunca pertenço a agremiações de trafulhas. Sou médico de bem com muita prova dada ao contrário de vós, parasitas.
EliminarBoa sorte para a Raquel, mas veja lá, uma coisa é ser boazinha e querer justiça outra é o marxismo que só trouxe miséria ao mundo. Deixe-se dessas misérias de cantar amanhas felizes e caia um pouco mais na realidade. Séria mas consciente talvez lhe traga frutos.
ResponderEliminarA sopeira Raquel devia juntar-se à ceboleira e ir vender cebolas para o mercado da sua zona de acção. Mercado Municipal de Santa Cruz
EliminarMá reputação não tem nada a ver com condenações. Tem a ver com a educação que cada um teve no berço, como se relaciona com os outros e o facto de ter batido na mãe, e a sua família não falar consigo.
ResponderEliminarNunca. A suposta má reputação advém de gente que abandonou ou meu Pai no hospital, que é um agressor levado tribunal por agressōes contra uma idosa e uma grávida. A minha vizinhança conhece-me. Nunca me confubdam com o agressor do meu irmāo. Eu nunca me sentei em tribunal. Sou muito bem visto por gente bem. Nunca por bandidos e trafulhas. Cresce e aparece. Não tenho culpa de onde provim. Sei o caminho que escolhe e a mim não me interessa.
EliminarIndica uma pessoa que seja a tua referência na madeira. Uma pessoa de bem, honesta e integra.
ResponderEliminarNão conheço nenhuma pessoa que seja narcisista e egocêntrico que seja boa pessoa. Só eles é que são bons, o resto não presta para nada. Isto chama-se não "tomar chã em pequeno"! Não ter humildade em reconhecer que todos são importantes, até o padeiro, para comeres pão de manhã!
ResponderEliminarSabes lá o que é chá. Eu faço pão em.casa. E tudo o que preciso é pago.
EliminarPensei que eram arepas
EliminarPorque não indicas a pessoa da tua referência na Madeira. Como diz a sabedoria popular:"Diz-se com quem andas, dir-te-ei quem és"! Pela maneira como olhas para os outros, já vi que és um rafeiro da pior espécie. Se a tua família nem sequer quer saber de ti, quanto fará os outros, e depois vens para o pravda derramar as tuas frutrações. Coça-te rapaz!
ResponderEliminarExistem imensas. Impossível enumerar. Salvei e prolonguei muitas vidas.
EliminarVocês pensavam que se iriam colocar nos meus ombros e passar umas rasteiras. Não se esqueçam que sāo pouco inteligentes. A ignorância é atrevida; não conhece limites.
EliminarProva dada que tiveram: condenaçōes.
ResponderEliminarIndica só uma pessoa. Não estou a pedir muitas. Só uma pessoa que seja a tua referência na madeira. Vá lá faz um esforço. Só uma pessoa.
ResponderEliminarGilinho
EliminarAcertou na mouche
EliminarE penso que tinhas mais jeito para cangalheiro, pela forma como tentas enterrar viva as pessoas. Para ti ninguém presta. Eu afinal tenho pena de ti porque não tiveste educação. Que é diferente de estudos. És um gajo ressabiado e frustado porque ninguém está para lidar com matarruanos nem broquilhas da pior espécie.
ResponderEliminarMuito bem Coelhinha.
EliminarAndou hoje na Rua dos Netos à procura de clarinete
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