Patrícia Spínola fez esta semana a
declaração política do JPP, na Parlamento, onde afirmou para toda a tribuna que
na sua opinião “existe liberdade de imprensa” em Portugal.
Na sequência da sua intervenção,
o deputado do PTP, perguntou se a liberdade de imprensa referida, dizia
respeito ao continente. Uma vez que na Região os jornalistas são perseguidos
com processos por difamação e deu como exemplo, o caso do extinto Jornal
Garajau.
Gil Canha, perguntou também se já
que o JPP andava a fiscalizar o Jornal da Madeira se iam apresentar queixa no
ministério público em relação aos administradores, por gestão danosa dos
dinheiros públicos.
Qual não foi a surpresa, que a
resposta para ambos, foi uma ríspida frase: “ não discutimos pessoas, discutimos
procedimentos políticos”.
Acontece, que “para bom
entendedor meia palavra basta”, percebemos o recado da senhora deputada! Que
com recurso a uma entoação moralista para aquela que é conduta digamos que
irreverente e original de ambos os deputados - deu a entender que os mesmos -
pecavam pelo recurso a nomes de pessoas nas suas denúncias políticas.
Ora, não é preciso ser um
politólogo, para perceber que a Madeira vive uma grave crise, graças à ambição,
à ganância e à incompetência de certos indivíduos. Eliminar os
nomes/responsáveis é ocultar uma parte fundamental da história - fulcral ao
esclarecimento da população.
Mas esta resposta e juízo de
valor tem uma razão: - falta passado político à deputada do JPP. Até à data,
nenhum mal lhe sucedeu pelo exercício das suas funções políticas (a tal
oposição cor-de-rosa). Nunca a perseguiram com armas de fogo, nunca o seus
familiares foram ameaçados de morte, nunca sofreu nenhuma agressão, nem tão
pouco foi insultada em praça pública, não foi perseguida no seu emprego, não
tem os telemóveis sob escuta, não teve que ver a sua casa e o quarto dos seus
filhos a serem revirados do avesso pela polícia como se de um criminoso se
tratasse, nunca foi expulsa de forma violenta de um evento público, nunca foi
alvo de um processo em tribunal, nunca ficou sem os seus bens ou sem o seu
ordenado, nunca teve cadastrados no seu encalce, nunca lhe vandalizaram os
automóveis, não tem a polícia à porta com notificações do tribunal, os seus
filhos não vão herdar as dívidas das indeminizações aos figurões do regime...
Mas isto é como dizia Bertolt
Brecht, no famoso poema, Intertexto:
“Primeiro levaram os negros
Mas não me
importei com isso
Eu não era
negro
Em seguida
levaram alguns operários
Mas não me
importei com isso
Eu também não
era operário
…
Depois
agarraram uns desempregados
Mas como
tenho meu emprego
Também não me
importei
Agora estão
me levando
Mas já é
tarde.
Como eu não
me importei com ninguém
Ninguém se
importa comigo.”
E de facto, o
dramaturgo alemão, tinha toda a razão, porque isto de punir quem é diferente,
mais tarde ou mais cedo, atinge-nos também. Tanto que nem os JPPês, amantes do “politicamente correto”, escapam
às garras da justiça do 24 de Abril desta terra e são à semelhança dos
democratas que outrora ignoraram e desdenharam – acusados do crime de difamação
pelo ex-diretor regional das florestas, Rocha da Silva. (com a devida vénia do Tribuna da Madeira)
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