Foi com grande surpresa e estupefação que tive conhecimento que o PCP/Madeira vai propor na Assembleia Legislativa Regional, que seja criado um Memorial aos resistentes antifascistas na Madeira.
Sinceramente, penso que o PCP anda com problemas de Alzheimer ou algo assim. E já explico porquê:
Em abril de 2011, quando era vereador na Câmara Municipal do Funchal, propus um projeto de resolução, no sentido de dar o nome a uma avenida ou arruamento da nossa cidade, ao General Sousa Dias, um valoroso militar que encabeçou a célebre Revolta da Madeira contra a Ditadura, e que deu força à revolta do povo madeirense, manifestada meses antes, pela Revolta da Farinha contra o ignominioso “Decreto da Fome”. (Na altura o povo madeirense era mais arisco e reivindicativo e não tolerava monopólios nem à força-da-bala, ao contrário de hoje, em que a maioria é um bando de agachados)
E sabem o que aconteceu? Todos os vereadores aprovaram o projeto com excepção do vereador Artur Andrade, do PCP, que se ABSTEVE, o que na altura criou grande espanto e surpresa, já que o General foi um dos militares que mais combateu o regime ditatorial nascido do golpe de Maio de 1926, e que mais tarde pagou com a própria vida, no desterro em Cabo Verde. (Para não maçar os leitores, abaixo transcrevo a minha iniciativa, onde podem verificar que estava livre de qualquer conexão ideológica ou algo que pudesse melindrar os comunistas; também esclareço que os vereadores do PCP não tomam decisão alguma sem ouvirem a Comissão Executiva do PCP).
Infelizmente, a Madeira é uma terra ingrata: meteram uma estátua do General Pilsudski em frente à Assembleia; o sr. Cafofo e o seu bando de golpistas oportunistas mudaram o nome da antiga Avenida do Amparo, para Avenida Mário Soares, esquecendo-se deliberadamente desta deliberação camarária; e só muito recentemente é que o parlamento regional, e com colaboração minha, como deputado independente, homenageou os seis militares madeirenses que morreram durante as operações de combate no âmbito da Revolta da Madeira. E, “last but not least”, também apresentei na Assembleia Legislativa um projeto de resolução de homenagem ao esquecido General Sousas Dias, mas, infelizmente, à semelhança de outros que apresentei, nem foram discutidos. (É verdade que o PCP apresenta alguns projetos interessantes na ALRAM, mas na minha opinião, a maioria é “palha” ou “copy desk” de projetos apresentado na Assembleia da República, o que faz atafulhar a nossa assembleia de papelada até ao teto, só para o PCP se vangloriar de que tem muitas iniciativas ao metro quadrado, não permitindo a discussão de outros projetos que ficam no “congelador”, a aguardar a “digestão” destes verdadeiros elefantes de papel).
Como prometido, e para finalizar, aqui transcrevo o projeto que mereceu a abstenção do PCP, na reunião camarária de 13 de Abril de 2011:
“Considerando que no passado dia 4 de Abril de 1931, comemorou-se os oitenta anos da Revolta da Madeira, pronunciamento militar que foi liderado pelo insigne General, Adalberto Gastão de Sousa Dias e por outros militares deportados na nossa ilha. Esta revolta contra a ditadura contou com forte apoio popular, pois na altura, a ilha debatia-se com uma grave crise económica.
Infelizmente, até os dias de hoje, a cidade do Funchal nunca homenageou condignamente o General Sousa Dias, valoroso militar republicano, que de uma forma abnegada, digna e firme, sempre lutou até o seu desterro em Cabo Verde, pelo restabelecimento da legalidade constitucional e pelas liberdades fundamentais, sonegadas pelo golpe militar de 28 Maio de 1926.
Assim, proponho que a Câmara Municipal do Funchal, na primeira oportunidade, dê o nome do General Sousa Dias, a uma avenida ou a um arruamento importante da nossa urbe, que prestigie e perpetue o nome deste notável militar, que numa altura conturbada da nossa história insular, deu voz à revolta do povo madeirense."
Sem comentários:
Enviar um comentário