quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Quino, o outro lado do espelho da Mafalda

 

«O recente falecimento da Quino, o criador da banda desenhada “Mafalda”, justifica não apenas esta homenagem, mas também o apelo a que o seu exemplo seja seguido. Num tempo em que a cultura mediática e dita popular é um esmagador instrumento de alienação e de difusão de reaccionarismo, a lúcida e combativa Mafalda - famosa em todo o mundo - é a prova de que a inteligência e o espírito crítico, combinados com um humor demolidor, podem ser ao mesmo tempo entretenimento e eficaz instrumento de combate.


Olhar crítico sobre o mundo

Quino inscreve-se por direito próprio nessa longa lista de caricaturistas, especialistas do raio-X que aplicam à sociedade radiografando-a implacavelmente. Adquire celebridade quando, em 1964, faz Mafalda sair da banda desenhada de uma casa típica de uma família burguesa de classe média que iria comprar uns eletrodomésticos, para a tornar na célebre contestatária que, com o seu humor corrosivo e negro, não deixa pedra sobre pedra do edifício da realidade social e política desta sociedade sem dignidade fundada na exploração humana.

Contestatária com um lado muito terreno de detestar sopa, adorar os Beatles, expor perplexidades filosóficas a olhar para o globo terrestre, torna-se rapidamente na mais famosa comentadora política sobre o mundo, a luta de classes, as tiranias, o capitalismo. Reconhecida em qualquer canto do mundo, Mafalda quase oculta o trabalho do seu criador Quino que, em paralelo à rapariga contestatária, continuava a fazer outras bandas desenhadas, excelentes mas com menos visibilidade... » Ver diario info

«Entre 1964 e 1973, Joaquin Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, alimentou diariamente o planeta com as frases sempre agudas da sua criação mais famosa: a menina irreverente de seis anos, Mafalda. Após 1973 e até hoje, as tiras da “heroína zangada que não aceita o mundo como ele é”, nas palavras de Umberto Eco, continuaram circulando em inúmeras publicações e explodiram ainda mais com a chegada da internet e das redes sociais. Em 30 de setembro passado, um dia após completar 56 anos da primeira aparição pública da sua criatura, Quino faleceu aos 88 anos.

O cartunista argentino poderia ocupar um pedestal ao lado dos grandes pensadores do mundo ocidental? As provocações intelectuais da pequena notável aguçaram o espírito crítico dos seus leitores? A tira diária foi o resumo cotidiano de uma época marcada pelo consumismo capitalista? Filósofos, antropólogos, cientistas sociais e políticos, analistas do mundo moderno e contemporâneo, teriam atingido o mesmo impacto e o poder de expansão das ideias estimulantes da filha do Quino?... » (ver fonte)






2 comentários:

  1. Parece que há muita gente a pensar que um novo hospital vai resolver os "problemas" de saúde da região. Não se pode diminuir listas de espera se os médicos não estão lá nos serviços públicos a cumprir os horarios. Estao sim, nos seus consultórios particulares. Virá o tempo em que serão máquinas e robots, em vez de médicos, a tratar-nos da saúde, mas ainda não. A construção do hospital ate dava jeito agora, porque empregaria muita gente.

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  2. Aquela comparticipação financeira de 4.477.022 euros `a APRAM é para?e as anteriores?

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