sexta-feira, 21 de março de 2014

3 anos à espera de uma consulta de oncologia dá que pensar!

Raquel esperou três anos por uma consulta 
Carta à Fundação Champalimaud explica o longo caminho e a rápida evolução do cancro
A jovem madeirense que luta contra um cancro foi acompanhada regularmente desde 2002. Em 2011 alertou o médico para  os primeiros sinais. Foi referenciada para uma consulta de patologia mamária no hospital dr. Nélio Mendonça. Até hoje não foi chamada. “Nunca fui consultada”, escreve a própria Raquel num documento que enviou à Fundação Champalimaud e que basicamente conta o seu percurso clínico. 
Ao contrário da demora e da desvalorização de sintomas que sentiu na Madeira, de Lisboa recebeu resposta em tempo quase imediato. Já tem consulta marcada para o dia 2 de Abril e atendendo à sua situação económica a Fundação está disposta a reduzir em metade o custo total da factura relativa aos primeiros tratamentos. Esse custo, diz Raquel, ronda os 15 mil euros. Ou mais. Por isso apela à solidariedade e nota que, na sua luta, “cada minuto conta”. Espera conseguir o dinheiro para os tratamentos e promete doar tudo o que sobrar. 
Licenciada em Educação Sénior pela Universidade da Madeira, Raquel Pereira trabalha na Zon. Fez este mês 30 anos em plena luta pela vida.
Qualquer donativo deverá ser depositado na Caixa Geral de Depósitos com as seguintes indicações:
NIB: 0035 0431 0000 2325 10033
IBAN: PT 50003504310000232510033
Nome da Titular da Conta: Raquel José da Gama Pereira

Carta explica tudo

Apelo público feito na primeira pessoa

O meu nome é Raquel José Gama Pereira, nasci em 11.03.1984, e resido no Funchal.
Tenho actualmente 30 anos, mas quando tinha 18 anos uma tia materna faleceu vítima de cancro da mama. E tendo então ficado preocupada com a minha saúde, decidi ir a um consultório privado de um médico obstetra-ginecologista aqui do Funchal, o Dr. Joaquim Vieira, tendo sido observada regularmente desde então duas vezes por ano.
No ano 2011, numa das consultas de rotina, referi que tinha um nódulo muito grande na mama esquerda. Foi então feita biopsia e o resultado deu negativo para cancro da mama. No entanto disse ao médico que queria que o nódulo fosse removido porque, para além de me causar muita dor, tinha receio que mais tarde ele pudesse desenvolver e dar problemas de saúde graves. Atendendo a isto, o médico referenciou-me para a consulta de patologia mamária do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Mas aguardei em vão, porque nunca fui chamada para essa consulta.
Em Maio de 2013 fui a mais uma consulta de rotina e, apesar do nódulo acima citado ter aumentado de tamanho, esse crescimento não foi valorizado pelo médico atrás referido. Tal como não tinha sido valorizado nas consultas realizadas no ano anterior.
Seis meses depois fui novamente a uma consulta com o mesmo médico na qual, através de ecografia mamária, se verificou que o nódulo identificado em 2011 tinha crescido exponencialmente.
Então, para despiste de cancro da mama, o médico prescreveu uma ressonância magnética mamária na Clínica de Santa Catarina, realizada a 18 de Dezembro de 2013, cujo resultado foi inconclusivo mas com elevada probabilidade de cancro da mama esquerda.
De posse do exame, a 15 de Janeiro do corrente ano fui por iniciativa própria ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, onde o médico que me seguiu desde sempre no consultório privado me atendeu sem marcação e prescreveu a realização de uma biópsia.
No dia 27 de Janeiro fiz a biópsia no hospital atrás referido e o resultado do exame deu como diagnóstico um carcinoma invasivo “no special type” (OMS 2012), grau 3.
Fui então encaminhada para o Serviço de Hemato-oncologia, com o intuito de ter uma consulta com um médico oncologista.
Tive essa consulta no 8 de Fevereiro com o Dr. Fernando Aveiro, que prescreveu a realização de um TAC com o objectivo de verificar se já haveria metástases, uma vez que o meu médico obstetra-ginecologista se havia esquecido de prescrever o TAC atrás referido. A TAC foi efectuada a 14 de Fevereiro e o resultado do exame foi-me comunicado pelo médico oncologista a 25 do mesmo mês: metástases na mama direita, em todos os segmentos do fígado e nos ossos, com maior evidência na zona lombar (L3).
No dia seguinte, 26 de Fevereiro, fiz a primeira sessão de quimioterapia, e a próxima sessão está agendada para 24 de Março ou no dia seguinte, consoante disponibilidade do Serviço de Hemato-oncologia.
Mas a verdade é que a forma como a minha situação clínica foi acompanhada, tanto pelo meu médico privado ao longo dos últimos três anos, como pelo hospital em 2011, fez-me perder a confiança nos serviços de saúde da Região.
Por outro lado, a minha situação clínica é tal que exige uma abordagem terapêutica mais avançada.
Por isso, sendo informada, aconselhada e sabendo que o Centro Clínico da Fundação Champalimaud é o centro português mais especializado e com abordagens terapêuticas mais avançadas no tratamento de metástases, decidi contactá-lo e expus a minha situação. 
A resposta da Fundação foi, felizmente, muito positiva. Marcaram-me consulta para o dia 2 de Abril próximo e informaram-me que, atendendo à minha situação económica, me fariam um desconto de 50% no custo dos tratamentos.
Segundo as informações que então me foram transmitidas, o custo total do tratamento poderá atingir os 15.000 euros ou mais.
Venho por isso pedir a vossa ajuda para poder contar a minha história e fazer um apelo no sentido de, através de donativos para uma conta bancária, poder reunir a quantia necessária para me tratar e, se possível, curar-me.
Comprometo-me desde já, e afirmá-lo-ei publicamente se necessário, a entregar a uma instituição privada de solidariedade social o montante que eventualmente venha a sobrar dos donativos angariados, depois de efetuado o pagamento dos tratamentos.
Gostaria que V. Ex.ª tivesse em consideração que, nos casos de doença similares ao meu, cada minuto conta. Por isso fico a aguardar na expectativa de receber muito em breve uma resposta positiva da Vossa parte.
Antecipadamente grata, apresento os melhores cumprimentos.
Raquel Pereira (DN/assinantes)


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