40 anos de direitos que nos querem roubar
Um bando de gente mal formada, (...), apoderou-se do poder
Estamos quase a comemorar 40 anos do 25 de Abril, que para mim será sempre a revolução da liberdade e da luta por uma vida melhor e mais digna. Nada voltou a ser como dantes depois desse dia cheio de luz e de alegria que animou os nossos corações.
Saímos para as ruas. Conquistámos os nossos sindicatos. Revindicámos, e conseguimos, melhores contratos coletivos de trabalho. Ficámos a saber o que era ter um salário mínimo garantido, férias e subsídio de Natal, um horário de trabalho e horas extras pagas. Conquistámos direitos específicos para as mulheres. Integrámos as pessoas com deficiência no mercado do trabalho. Regulamentámos os direitos dos(as) trabalhadores(as) estudantes e muito, muito mais.
Fomos solidários(as) com todos(as) os(as) trabalhadores(as) que lutaram contra os despedimentos e fizemos lutas de solidariedade com o lema “um por todos e todos por um”. Não havia luta, onde quer que fosse no País, a que as Moções de solidariedade não chegassem. Lutámos para que as pessoas que trabalhavam, mas que nunca tinha tido direitos, passassem a ter. É aí que surge legislação, sobretudo na segurança social, que integrou trabalhadores agrícolas, bordadeiras de casa, empregadas domésticas e outros… Foi um orgulho ver gente receber pela primeira vez a reforma ou o subsídio de maternidade, ou mesmo o subsídio da baixa por doença. Foi o tempo de valorizar as pessoas que tinham sido sempre esquecidas pelo regime ditatorial e fascista que reinou durante 48 anos. Foi o tempo dos direitos e não de esmolas. Foi o tempo do orgulho de ser português de corpo inteiro.
Foram muitos anos de coisas boas. Todas as lutas tinham sempre alguns resultados positivos e, por isso mesmo, a mobilização era maior. Foi preciso ser persistente, ter muita entrega e vontade de conseguir sempre o melhor para os nossos coletivos. O trabalho era feito com muita militância, e desinteressadamente a nível financeiro. Queríamos alcançar direitos que nos tinham sido negados e essa era a nossa maior recompensa.
Nas nossas organizações fazíamos muitos debates. Tínhamos opiniões diferentes e era com muito calor e convicção que defendíamos os nossos pontos de vista. Estávamos a aprender a viver em democracia. Por vezes, discordámos de uma ou doutra orientação, e manifestámos essa discordância, mas quando era para sair para a rua e lutar, a unidade e o consenso predominavam. Cada vitória alcançada fosse em que sector fosse, era festejada como nossa. Bons tempos que nunca esquecerei.
Ainda recordo quando votámos pela primeira vez. Homens e Mulheres livres, que finalmente tinham o direito de escolher os seus representantes, que iam dirigir os destinos do País e da Região. Só depois de Abril de 1974 é que as Mulheres tiveram o direito a votar. As escolhas da maioria não foram as melhores, pelo menos é o que transpareceu nos últimos anos da política portuguesa. Mas foi a escolha de quem votou, no poder e na oposição.
Muitos foram os governos que lentamente foram lançando medidas de ataque a estes direitos. De várias cores políticas. Uns mais sorrateiramente, outros mais descaradamente. Mas a tentação de mexer e alterar os direitos esteve sempre presente e, por isso, as lutas nunca pararam. Mas agora a situação tornou-se insustentável.
Um bando de gente mal formada, do ponto de vista democrático, que nunca soube o que é lutar para ter direito a um salário mínimo, apoderou-se do poder, mandatados pelo voto da maioria que os escolheu, e está a destruir a arquitetura dos direitos alcançados depois do 25 de Abril, manifestando um ódio tão grande a quem trabalha, e trabalhou, para erguer este País e esta Região.
Ou aproveitamos as próximas eleições europeias e dizemos BASTA a esta gente que só nos fala em austeridade e regressão nos nossos direitos, e derrotamos as suas pretensões, ou então eles vão erguer-se ainda mais e a situação vai piorar.
Defender Abril e o que ele significou é também defender uma Europa mais social e justa, onde a austeridade sobre os povos seja enterrada e o dinheiro disponível seja aplicado para desenvolver os sectores económicos, que criem mais emprego, porque só com um salário e com direitos somos pessoas de corpo inteiro integradas no nosso Portugal de Abril. (Dn/Madeira)
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cortesia do Blog O Jumento
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