quarta-feira, 20 de março de 2019

Coelho, cadeia com ele!


Quem quer tramar 
Zé Manel Rabbit?
Poderosos da Tabanca e rivais políticos querem metê-lo na Cancela, mas Coelho tem trunfos para puxar da cartola

Decorreu ontem mais uma das agitadas sessões do julgamento de Zé Manel Coelho, dirigente do PTP-Madeira. São nada menos de 11 processos metidos num único embrulho para despachar serviço, como se sabe.
O arguido está confiante: diz saber que será condenado quando o dia da sentença chegar, mas avisa que depois irá recorrer à instância superior onde, garante, vencerá o Tribunal do Funchal por 1-0. E se não for em Lisboa, será depois, no patamar europeu.
Mas Coelho não descarta a hipótese de atalhar caminho, tirando um trunfo da cartola quando menos esperarem.

Frente a frente, queixosos que se dizem tramados por difamação escrita e um arguido convencido de que há forças organizadas para o tramar a ele.
Como exercício de aquecimento, a sessão de ontem começou com a aplicação de uma pena de multa pelo atraso de Coelho, que disse ter ficado preso (salvo seja) no trânsito, chegando ao tribunal mais de meia hora atrasado.
Os trabalhos, que se haviam iniciado sem a presença do arguido, sofreram uns minutos de interrupção quando este, ao entrar na sala, quis distribuir pelos presentes alguns exemplares do antigo 'Garajau', o jornal satírico dos artigos que deram origem a mil e um processos judiciais.
A juíza presidente do colectivo não permitiu esse número de Coelho, explicando não dispor, na circunstância, de momentos para diversão.
Os 11 casos emergiram maioritariamente de artigos publicados no 'Garajau'. Zé Manel Coelho foi chamado à barra porque na altura era director do jornal, auto-intitulado satírico e cruel.
Pergunta-se a Zé Manel Coelho: então e as provas das acusações constantes desses artigos?
A resposta é clara: os poderosos da Tabanca dizem sempre que as provas não provam nada. Houve processos em que o agente do MP arquivou a 'coisa' discretamente, partiu para longe e depois era tarde para reabrir o processo, situação que muito desgostou a PJ, que tanto havia trabalhado na investigação. Em todo o caso, com melhores ou piores provas, se não fossem essas denúncias, ninguém sabia da chantagem feita aos pequenos comerciantes no capítulo dos direitos de autor (música da rádio e televisão ligada em estabelecimentos comerciais); ninguém saberia que gente da magistratura construiu quintas no parque natural; que houve um cavalheiro na Calheta a impor regras aos vizinhos; que agentes de execução andaram a explorar desgraçados por aí; e tantas outras situações denunciadas pelo jornal e não apenas.
Estes processos teriam morrido na casca se, como diz Zé Manel Coelho, estivesse em vigor a rotatividade obrigatória dos titulares da Justiça. Com a situação vigente - diz o antigo candidato à Presidência da República - juízes e MP ficam demasiados anos na mesma cidade e, sem quererem, às tantas estão envolvidos no meio social e com pouco espaço para decidirem os casos com mãos livres. É o que se vê em todo o Portugal Peninsular e nas Regiões Autónomas, observa o arguido.
No seu caso, Coelho percebe que os poderosos da terra têm todo o interesse em o calar. No que são coadjuvados por forças políticas de esquerda a quem o PTP costuma 'roubar' votos. Forças políticas essas muito bem infiltradas no sistema de Justiça e que actuam subrepticiamente no sentido de "meter o Coelho na cadeia" - palavras do próprio visado - "para que ao fim de um ou dois anos o PTP feche as portas e os votos regressem aos seus partidos."
Serão esses que querem tramar o nosso Rabbit. Que, aparentemente manietado neste "cerco", não baixa a guarda. Nas sessões já realizadas, deixou transparecer a convicção de que não vai escapar à condenação no final do julgamento em curso, mas também que está confiante na absolvição, depois do recurso que interporá - vencendo "por uma bola a zero". Ou em Lisboa ou na Europa, diz.
Resta esperar pelo flash interview depois do jogo. Isso se, entretanto, Coelho não puxar um trunfo da cartola que desarme definitivamente os protagonistas em campo.
A sério: já ninguém se lembraria do conteúdo das difamações se os difamados, como tantos outros fizeram com outras personagens, admitissem na política também "uns momentos de diversão", para utilizar a frase da juíza.

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