quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Henrique Neto faz o balanço dos 18 anos de governação PS em Portugal

A herança de 18 anos de governação do PS


 Se alguém se der a ao trabalho de avaliar os resultados da governação do Partido Socialista desde 1995 - 18 dos últimos 25 anos - não poderá deixar de considerar os resultados desastrosos. Poderá dizer-se, com verdade, que a governação do PSD nos restantes sete anos não foi melhor, mas não podemos deixar de considerar que em quatro desses sete anos, Pedro Passos Coelho se viu confrontado com a terrível herança deixada por José Sócrates.

Uma coisa será certa, o PS durante estes 18 anos fez certamente coisas bem feitas e teve por vezes algumas boas intenções, mas as asneiras, o compadrio, a corrupção que o partido deixou que se instalasse na sociedade portuguesa, em muito superam essas boas intenções. O resultado final está à vista, o crescimento do rendimento per capita dos portugueses é hoje o mais baixo da União Europeia e pior apenas a Grécia. Quanto ao crescimento da economia deixámos há muito de nos comparar com os países desenvolvidos e os países do nosso campeonato já nos passaram à frente, ou estão a passar-nos à frente, um a um. A propaganda do PS procura não falar disso, mas os números não mentem. Como não mente a desorganização do Estado e de uma sociedade cada vez mais dependente do Estado, em que as fracas tentativas de repor rendimentos não escondem a pobreza e a ignorância em que vivem milhões de portugueses.

As asneiras feitas pelo PS no campo económico, envolvendo enormes custos que o País está a pagar, são incontornáveis. Recordo resumidamente algumas : (1) a ideia de António Guterres de "dar" casa a cada português, resultou na corrupção das autarquias através das licenças de construção na periferia das cidades e conduziu ao abandono dos centros urbanos; (2) a política de betão criticada a Cavaco Silva, com razão, foi continuada pela PS; (3) a venda da Galp à ENI foi um negócio pessoal do ministro Pina Moura; (4) os estádios de futebol para o Euro arruinaram e continuam a arruinar as autarquias; (5) a convivência com a oligarquia constituída pelo BES de Ricardo Salgado, representada no governo PS por Manuel Pinho, foi o maior desastre financeiro de sempre; (6) a nacionalização do BPN foi um desastre; (7) a ruinosa gestão partidária da CGD e do Millennium; (8) a venda da Vivo, o fim da PT e a compra da OI destruíram a melhor empresa nacional; (9) as parcerias público/privadas, vulgo PPP,s, são um peso desastroso no Orçamento do Estado a cada ano que passa; (10) as aventuras empresariais ruinosas, como a Quimonda, La Seda, Vale do Lobo, entre outras, são um escândalo económico e político; (11) os financiamentos bancários para contrariar a OPA da Sonae à PT, foram um abuso indecente do poder político; (12) o descalabro do sector do cimento é imperdoável; (13) a venda do Banif ao Santander constitui uma traição ao interesse nacional; (14) a venda do Novo Banco ao fundo americano Lone Star e a ausência de controlo da gestão ruinosa que se lhe seguiu, deve ser escrutinada pela Justiça; (15) a ausência de controlo das emissões fraudulentas de papel comercial do BES e do Banif, que arruinaram milhares de famílias portuguesas, deve ser considerada um crime público; (16) o modelo económico desligado da realidade, nacional e internacional, com o fim de manter a geringonça, nomeadamente o privilégio do mercado interno à custa do mercado externo e o fraco investimento realizado, condenou o País a uma crise permanente e a deixar o futuro dos portugueses dependente dos humores da finança internacional; (17) a paralisia da ferrovia e a opção pela bitola ibérica, representa o funeral do investimento industrial estrangeiro e o controlo das exportações portuguesas pela logística da vizinha Espanha; (18) o custo dos estudos feitos com vista ao porto do Barreiro, que era reconhecidamente inviável, foi um desperdício de dinheiro público; (19) a opção pela Linha Circular do Metro em Lisboa, que não retira carros da cidade e serve apenas os investidores do imobiliário da Baixa, representa um negócio pouco claro e não escrutinado; (20) a construção do aeroporto complementar do Montijo, sem previsão do futuro, que passa pelo fim incontornável do aeroporto Humberto Delgado, é um erro que as novas gerações terão de pagar: (21) o excesso de licenças dadas para a produção de energia eólica, com garantia de pagamento, seja ou não necessário o seu fornecimento, criou um monstro energético estupidamente caro e que está a enriquecer os dos costume e a empobrecer quem paga a energia mais cara da União Europeia: as famílias e as empresas.

Há mais, mas fiquemo-nos por aqui. O cálculo do custo acumulado de todos estes erros, chamemos-lhe assim, feitos ao serviço dos mais variados interesses, não pode deixar de fazer pensar os portugueses que estão a pagar a conta, seja através da dívida do Estado, da sobrevivência dos bancos, em impostos elevados, em pobreza, em energia cara e num futuro incerto dos filhos e dos netos, muitos dos quais vão para outros países procurarem uma vida melhor. É esta a herança que nos deixa o Partido Socialista em 18 anos de governação.

14.08.2020

Henrique Neto
 

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