quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

A repressão totalitária do Partido Comunista Chinês

 Lai, um “exemplo” para abafar a oposição

 Jimmy Lai está a ser julgado desde segunda-feira. O magnata dos media de Hong Kong arrisca pena de prisão perpétua 

 Meghan Tobin O magnata dos media de Hong Kong, Jimmy Lai, está desde segunda-feira em tribunal para o julgamento há muito aguardado que é emblemático dos esforços de Pequim para silenciar os críticos após os protestos pró-democracia de 2019. 
 Lai, o antigo editor de 76 anos do jornal Apple Daily, outrora popular mas agora fechado, está preso há mais de três anos. O seu julgamento será realizado ao abrigo da vasta lei de segurança nacional que Pequim impôs em 2020 e que criminaliza efectivamente a dissidência na cidade. A China tem usado a ameaça de punição ao abrigo de uma lei draconiana para cimentar ainda mais o seu controlo sobre Hong Kong, incluindo através do amordaçamento de meios de comunicação social por crimes vagamente definidos, como “incitar à subversão” e “conluio”. 
 A história deste homem pobre que ficou rico é uma lenda em Hong Kong: chegou da China como criança clandestina num barco de pesca chinês, trabalhou numa fábrica e depois tornou-se um homem de negócios multimilionário. Fez a sua fortuna durante os anos em que Hong Kong serviu de ponte crucial entre a economia chinesa em crescimento e o resto do mundo. Após a repressão de Pequim contra os manifestantes pró-democracia na Praça Tiananmen, em 1989, Lai voltou-se para os meios de comunicação social e fundou a Next Digital, que publicou o jornal Apple Daily durante quase três décadas. O Apple Daily distinguiu-se entre outros meios de comunicação de língua chinesa pelo seu apoio ao movimento pró-democracia de Hong Kong, incluindo os protestos conhecidos como o “movimento guarda chuva” que varreu a cidade em 2014. 
  Pequim impôs a lei de segurança nacional depois de milhões de habitantes de Hong Kong terem saído às ruas para uma onda de protestos entre 2019 e 2020, colocando La o seu historial de críticas ao Partido Comunista Chinês, directamente na sua mira.

 Lai foi uma das primeiras pessoas a serem detidas ao abrigo da nova lei. A polícia levou-o algemado para a redacção do Apple Daily. No espaço de um ano, com os seus activos congelados e os seus principais editores detidos, a publicação foi encerrada. Outros meios de comunicação independentes de Hong Kong, como o Stand News, também foram rapidamente visados.

 “O que estão a fazer ao meu pai e a todos os outros jornalistas é uma forma deliberada de dizer a todas as pessoas em Hong Kong: ‘Não vos diremos onde está o limite, mas, se se aproximarem dele, acontecer-vos-á o mesmo’”, disse Sebastien Lai, de 29 anos e filho de Jimmy Lai. 

  Victoria Tin-bor Hui, professora de Ciências Políticas na Universidade de Notre Dame (EUA), concorda que as autoridades estão a fazer de Lai um exemplo. “Não seria um exagero dizer que a Lei de Segurança Nacional foi feita para Jimmy”, disse ela. 

 Lai foi acusado, ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, de conluio com forças estrangeiras, o que implica uma pena máxima de prisão perpétua. Ao abrigo de uma lei remanescente do período em que Hong Kong era uma colónia britânica, que as autoridades utilizaram nos últimos anos para silenciar a dissidência, Lai enfrenta também acusações de sedição.

 Entretanto, foi condenado por várias outras acusações, incluindo por alegadamente ter desrespeitado os termos do contrato de arrendamento do escritório do Apple Daily e por ter comemorado publicamente os protestos da Praça Tiananmen.. (Público)

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