segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Avô de Eduardo Wesh (Harry Hinton), patrocinou dois aviões da força aérea britânica na II Guerra Mundial

Eduardo Pedro Welsh desvenda história secreta da II guerra Mundial
Factos: Aviões 'madeirenses' na II Guerra Mundial

Enquadrado no chamado esforço de guerra, Harry Hinton patrocinou dois aviões da força aérea britânica na II Guerra Mundial. É isso que dita a memória oral da família e uma fotografia histórica onde está documentado um dos dois 'Spitfire', baptizado com o nome 'Palmeira'. O outro chamava-se 'Santa Isabel', em homenagem à esposa.Dois aviões 'Supermarine Spitfire' com nomes portugueses e alusivos à Madeira, andaram envolvidos nas batalhas áreas da II Guerra Mundial. Tudo porque o empresário luso-britânico Harry Hinton, ao abrigo do esforço de guerra, assumiu o patrocínio de dois caças da Royal Air Force (RAF).
O facto está retratado numa histórica fotografia que se mantém na posse dos seus descendentes (gentilmente cedida ao DIÁRIO para este artigo por Eduardo Welsh) e, também, nas memórias orais transmitidas por Harry Hinton e que têm passado de geração em geração. Não foram, porém, encontrados registos documentais que sustentem este patrocínio e que, nomeadamente, ajudem a esclarecer a forma como o mesmo foi concretizado, as datas precisas, onde operaram e qual o destino final dos dois aviões. Embora seja previsível que existam documentos nos arquivos em Inglaterra e, inclusivamente, correspondência trocada entre as partes envolvidas que ajudarão a desvender mais alguma coisa sobre este episódio de guerra.
Perante isto, o que existe de concreto é mesmo a fotografia, tirada algures num aeródromo desconhecido, e as tais memórias que a família guarda. É através dessa fonte que se conseguiu apurar que, como forma de vincar o acto patriótico e também a sua forte ligação à Madeira, Harry Hinton decidiu baptizar os dois aparelhos com nomes portugueses e que muito tinham a ver com a sua vivência madeirense. A um deles chamou 'Palmeira', o nome da quinta sua propriedade, localizada no Caminho da Torrinha, em Santa Luzia, e ainda hoje na posse da família. Ao outro baptizou de 'Santa Isabel', em homenagem à sua esposa, Isabel da Câmara e Vasconcelos do Couto Cardoso, com quem contraiu matrimónio em segundas núpcias e que fora, anteriormente, casada com John Frothingham Welsh.
Apesar de ter nascido no Funchal, a 8 de Janeiro de 1959 (onde também faleceu a 16 de Abril de 1948), Harry Hinton nunca renunciou às suas origens britânicas. Foi esse espírito patriota que o levou a patrocinar os referidos dois aviões da RAF. O facto de ser um empresário de sucesso na Madeira, com particular incidência no sector da produção de açúcar e álcool, no Engenho Hinton, permitiu-lhe dispor da verba necessária para suportar os (elevados) custos com as aeronaves. Mesmo que, por outro lado, não seja certo (a tal falta de base documental...) se o patrocínio foi integral ou apenas parcial.
O professor universitário e historiador madeirense, Paulo Miguel Rodrigues, não estranha que Harry Hinton tenha assumido este patrocínio, já que este foi um procedimento com tradição entre os britânicos com posses e imbuídos de forte espírito de patriotismo, mesmo aqueles que viviam no estrangeiros como era o caso. Embora salvaguardando que, no plano histórico, faltam os tais registos documentais que sustentem este episódio de esforço de guerra, considera que se tratará de uma matéria relevante, sobretudo se tivermos em conta o posicionamento neutral assumido por António de Oliveira Salazar, até certa altura, neste conflito mundial.
"Para todos os efeitos, é uma atitude de um privado que, tomada assim, individualmente, não terá agradado muito a Salazar", regista. Embora neste particular também tenha importância o momento preciso que em foi assumido o patrocínio. "Se foi antes de 1942, não foi certamente uma medida apoiada por Salazar", vinca, aludindo assim ao posicionamento ambíguo mantido pelo presidente do Conselho de Ministros de Portugal, que só se alterou no momento em que se apercebeu que a guerra pendia para o lado dos aliados.
Paulo Miguel Rodrigues, que é especialista em História Contemporânea dos séculos XIX e XX, considera ainda "interessante numa perspectiva histórica" que Harry Hinton, "que tinha tanto de madeirense como de britânico", tenha assumido esta posição de patrocínio dos aviões da RAF. "Acima de tudo, havia aquela costela britânica, profundamente nacionalista, que nestes momentos de crise e de conflito acaba por se revelar", acentua o professor da Universidade da Madeira (UMa). O que acaba por ser ainda mais relevante, atendendo a que Harry Hinton se encontrava "afastado do centro" das decisões, tanto a nível da Grã-Bretanha, como até de Portugal continental, onde reinava o Estado Novo.
'Operação Ripper' previa tomada da Madeira
A ocupação da Madeira pelas forças aliadas, nomeadamente pela Grã-Bretanha, foi equacionada no decurso da II Guerra Mundial. Em conjunto com um outro plano semelhante que visava a captura dos Açores por parte dos Estados Unidos.
O projecto secreto e confidencial, desenvolvido sob o nome de código 'Operação Ripper', foi tema de estudo por parte de Paulo Miguel Rodrigues, que no decurso de uma outra investigação, levada a cabo em Londres, do âmbito do seu doutoramento, acabou por deparar com esta agradável descoberta.
Segundo o historiador madeirense, esse plano foi preparado para fazer face a uma eventual recusa de António de Oliveira Salazar em colaborar com as forças aliadas, atendendo à posição neutra que o presidente do Conselho de Ministros assumira no conflito. E tudo porque, na altura, havia alguma incerteza sobre o sucesso do desembarque aliado no norte de África, na denominada 'Operação Torch' , que acabou, todavia, por ser coroada de sucesso.
Este plano de ocupação das ilhas portuguesas, vinca Paulo Miguel Rodrigues, foi objecto de análise e ponderação entre Fevereiro de 1942 e meados de 1943. E é definitivamente abandonado com o acordo da Base das Lajes, nos Açores, celebrado com os Estados Unidos. Com isto, sublinha, "a importância estratégica da Madeira deixou de ser tão grande".
Da inúmera documentação registada por Paulo Miguel Rodrigues, ressaltam mapas detalhados da ilha da Madeira, com anotações precisas das zonas onde estavam localizadas os aquartelamentos militares e, muito em particular, de toda a zona costeira.
Os documentos relevam ainda que o ataque à Madeira seria realizado a partir dos Açores, que nesse contexto seriam ocupados numa primeira fase (numa operação denominada de 'Brisk'. Certo ainda é que o organismo superior que tinha a seu cargo o planeamento, o 'Joint Planning Staff', sabia que as defesas da Madeira "eram fracas, senão mesmo obsoletas, não existindo defesa aérea e sendo escassa a capacidade material", vinca o historiador madeirense.
Certeza é que o plano de ocupação defendia que a intervenção fosse efectuada sem hostilizar a população local, evitando quaisquer tipo de confrontos.




6 comentários:

  1. Com o que roubou e vigarizou no negócio do açúcar, onde importava aquele de África e América do Sul com menor qualidade, e refinava na Madeira vendendo-o como açúcar produzido na Madeira com cana sacarina da região, bem podia patrocinar uma esquadrilha completa.
    Aliás estas famílias inglesas fizeram fortunas com o que roubaram e vigarizaram aqui na Madeira. Basta ver como foi a falência do Banco Figueira.
    Quem sabia essas histórias todas era o falecido Alberto Vieira.

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  2. É curioso o Coelho fazer evocação aos ingleses que exploraram os madeirenses.
    Afinal em vez de estar ao lado do povo oprimido, o Coelho está ao lado dos exploradores do povo.
    Sintomático.

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    1. Bem visto. Onde já se viu o Coelho que se diz defensor dos oprimidos e estar ao lado dos opressores exploradores dos pobres escravos madeirenses.
      Quem diria Coelho ao lado dos opressores da Madeira.

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  3. Do que os ingleses são acusados de "roubar" em 200 anos, os pato-bravos da Mamadeira Nova já roubaram 10 vezes mais em apenas 40 anos! Chupa vilhão!

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    1. O vilão chupa e tu também.
      O que os patos bravos têm mamado, não chega a um cagagésimo do que os ingleses mamaram.

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    2. Ohhh Gil Canha estas redondamente enganado. Continua a escrever fábulas sobre ratazanas é a tua especialidade.

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